O encontro

Eu me aproximei devagar. O som da voz feminina me fez parar no meio da sala.

A tela do celular de Nathan estava virada para ele, mas eu ouvia perfeitamente.

Mulher (risos): — Então está resolvido? Finalmente livre da mal amada?

Nathan (rindo junto): — Livre, sim. Livre da Maddie frígida, fria, apagada… Eu não aguentava mais. Aquela mulher me matava aos poucos.

Meu coração parou.

Mulher: — E ela ainda acha que você volta. Patética.

Nathan: — Ela sempre foi um peso morto, sabe? Lavava, passava, cozinhava… achava que isso era suficiente pra segurar um homem.

Mulher: — Tão doméstica… quase uma empregada.

Eu senti meu corpo tremer. A indignação queimava sob a pele. Sem pensar, fui até ele. Meus dedos agarraram o celular da mão dele com força e virei a tela queria ver o rosto da vadia que ria de mim.

Os olhos da mulher se arregalaram quando me viu. O sorriso morreu em segundos.

Madeline: — Pode rir à vontade. Você está com ele agora. Mas saiba que quem perdeu… fui eu. Por ter acreditado que ele era um homem decente.

Nathan levantou bruscamente do sofá, tentando tirar o celular das minhas mãos.

Nathan: — Maddie, dá esse telefone agora!

Madeline: — NÃO! — gritei, as mãos trêmulas. — Você me traiu! Você destruiu o nosso casamento! E ainda me humilha assim?

Nathan (gélido): — Você se destruiu, Maddie. Eu precisava de paixão. De fogo. De desejo. Não de um maldito prato de comida na mesa.

Aquelas palavras foram como facas.

Tudo que fiz em nove anos… cada gesto, cada cuidado, cada sacrifício. Jogado fora.

Madeline (olhos marejados): — Eu fui uma boa esposa. Eu fui leal. Presente. Lavei, passei, cozinhei! Aguentei suas ausências, seu silêncio, suas mentiras!

Nathan (desprezo): — E o que você queria com isso, Madeline? Um troféu? Um beijo de boa noite? Eu queria uma mulher que me fizesse arder! Não uma sombra dentro de casa!

Soltei o celular no sofá, engoli o choro e fui até o quarto. Abri a mala jogando as roupas dentro sem dobrar. Eu não queria mais estar ali. Não por mais um minuto.

Nathan (do corredor): — Vai fugir agora? Vai dar showzinho?

Madeline (gritando): — Eu vou embora! E não vou olhar pra trás!

Desci as escadas com os olhos cheios d’água e a mala arrastando. Cada degrau era uma libertação, um corte, uma cura. Quando abri a porta, a chuva ainda caía.

Mas não me importei.

Porque, pela primeira vez em anos, eu sentia algo que havia esquecido completamente:

Coragem.

A rua estava molhada, meu cabelo grudado no rosto, o moletom ainda pesando nas costas. Eu não sabia para onde ir. Só sabia que não podia voltar.

Entrei no primeiro bar que vi. Pequeno, rústico, cheirando a cerveja velha e desespero exatamente como eu me sentia por dentro.

Caminhei até o balcão. Me sentei num dos bancos altos e apoiei os cotovelos na madeira escura. Meus olhos ainda ardiam, e o gosto salgado das lágrimas não tinha ido embora.

Madeline: — Uma dose de uísque.

Barman: — Tem certeza?

Madeline: — Absoluta.

Ele me olhou de cima a baixo com um sorrisinho idiota, pegou o copo e colocou sobre o balcão. Derramou o líquido âmbar sem muita pressa.

Bebi de uma vez só.

Madeline: — Outra.

Ele hesitou.

Barman (rindo): — Olha, não acho que seja uma boa ideia.

Madeline: — Eu não pedi sua opinião. Pedi outro copo.

Barman (sarcástico): — E eu tenho o direito de negar. Política da casa. Evitar que corações partidos encham a cara e vomitem na minha bancada.

Fiquei em silêncio, tentando engolir o orgulho ferido. Mas ele continuava rindo.

Madeline: — Do que você tá rindo?

Barman: — Nada. Só… já vi essa cena antes. Mulher chorando, se afogando em bebida… tentando esquecer alguém que provavelmente nunca valeu a pena.

Meu sangue ferveu.

Madeline: — Você não sabe nada sobre mim.

Barman (dando de ombros): — Não preciso saber. É sempre a mesma história.

A voz dele era tão cheia de desprezo que doeu. Virei o rosto, prestes a retrucar, quando meus olhos pararam em um homem, sentado a poucos bancos de distância.

Sozinho. Lindo. Intimidante. Vestia uma camisa preta com as mangas dobradas, os braços fortes descansando no balcão enquanto ele olhava algo no celular.

O cabelo castanho escuro estava penteado para trás com perfeição. A barba bem desenhada marcava o maxilar firme. Tinha um copo de uísque à frente, intocado.

E não parecia pertencer àquele lugar.

Nem um pouco.

Madeline (virando para o barman): — Tá vendo aquele homem ali?

Barman (confuso): — O cara de preto?

Madeline: — É. Quero fazer uma aposta com você.

Barman (arqueando a sobrancelha): — Apostar… o quê?

Madeline: — Que eu vou sair daqui… com ele.

Ele riu. Riu alto. O tipo de riso que fere mais que palavras.

Barman: — Boa sorte, docinho. Vai precisar.

Respirei fundo, estiquei a coluna e limpei discretamente as lágrimas.Eu podia estar em pedaços…Mas não ia continuar sendo humilhada por mais ninguém.

Naquela noite, eu apostei mais do que um desafio tolo.Apostei o pouco de orgulho que ainda restava em mim.

E ele — Damian Blackwell — nem imaginava o que estava prestes a acontecer.

Mais populares

Comments

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

CARAMBA ELA TA DOUDA

2025-08-08

0

Fátima Lima

Fátima Lima

agora assim 🔥🔥🔥

2025-08-06

0

Liliane Ramiro

Liliane Ramiro

eita lasqueira kkkk🔥🔥🔥🔥

2025-08-05

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!