Estava trabalhando quando recebi um relatório da equipe de precaução e danos, uma mulher pesquisando coisas.
— Ela está pesquisando nossa família e nomes aliados. Detalhes demais. Até fóruns que mencionam nossos negócios? — Perguntou Marco do meu lado quando ouviu o que o homem disse.
— Curiosidade ou investigação? Descobriremos né irmão.
Foi impossível não franzir o cenho enquanto lia as informações. Não era comum alguém se aprofundar tanto sem atrair atenção.
— Quem é?
— Ester Ávila. Brasileira. Escritora. Está em Roma há dois dias.
Curioso e furioso, fechei a página com as informações.
— Tragam-na. Quero saber exatamente o que ela sabe... e por quê.
— Conheci uma escritora no Brasil, veio para cá, será que é ela? — falou meu irmão e achei coincidência demais.
— Pode ser uma infiltrada tentando atrair sua atenção — falei e ele negou.
— Não, conheço um inimigo quando vejo, pode investigar, isso se for a mesma pessoa. — respondeu confiante, me deixando curioso.
Eu estava no meu escritório improvisado no galpão quando ouvi os gritos. Eles cortaram o silêncio frio como uma faca, ecoando pelas paredes de concreto. Não preciso olhar para saber que era ela. Uma garota. Uma escritora. Ester Ávila.
Levantei-me devagar, ajeitando a gola do meu casaco. Caminhei até a porta de ferro, abrindo-a com calma. Lá estavam meus homens, arrastando um jovem pelo braço, como se fosse um pacote inconveniente.
— Soltem-na — ordenei, minha voz firme e baixa.
Eles obedeceram imediatamente, largando-a no chão com uma brusquidão que me irritou. A garota caiu de joelhos, ofegante e com os olhos arregalados. Notei o corte no canto da sua boca, um filete de sangue escorrendo pela pele clara.
— Quem foi? — perguntei olhando para meus homens.
Eles se entreolharam, em silêncio.
— Eu perguntei: quem foi? — repeti, mais frio.
— Foi na hora de pegá-la, senhor. Ela resistiu... — um deles respondeu, hesitante.
Eu não disse mais nada, mas fiz um gesto brusco com a mão, dispensando-os. Eles saíram sem questionar, deixando apenas uma garota, um notebook e uma bolsa no chão.
Aproximei-me devagar. Ela estava tremendo, mas não de frio.
Ela levantou os olhos para mim, e foi nesse momento que senti algo diferente. Não era apenas medo. Havia algo no olhar dela, uma mistura de desafio e fragilidade, que me desarmou por um instante.
Eu não esperava que ela fosse tão... jovem. Tão bonita.
— Ester Ávila, certo? — falei, cruzando os braços.
Ela não respondeu de imediato. Olhou para mim com uma respiração pesada, como se estivesse decidindo se deveria falar ou não.
— Responde garota.
— Sim — murmurou, sua voz quase um sussurro, mas firme o suficiente para me surpreender.
— Então você acha que é uma boa ideia gastar seu tempo pesquisando sobre a máfia italiana? Sobre minha família?
Ela piscou, confusa, mas não recuou.
— Eu... eu não sabia...
— Não sabia? — cortei, apontando para o caderno que um dos meus homens havia colocado sobre a mesa. — Isso aqui está cheio de informações sobre nós. Você realmente achou que ninguém notaria?
— Eu só estava pesquisando para um livro... — Ela mencionou a cabeça um pouco mais erguida, a voz ganhando força.
— Não sabia que era real, vejo muitos livros sobre mafiosos, achei que era ficção, ai meu Deus, isso é real?
Eu dei uma risada seca.
— Real? Você tem ideia de onde está agora?
Ela olhou em volta, finalmente entendendo a gravidade da situação.
— Eu não quis... não quis ofender ninguém. Eu só...
— Só o quê? Achou que poderia brincar com um mundo que não conhece e sair ilesa? — interrompi, aproximando-me dela.
— Você é uma escritora, certo? Uma garota órfã que escreve romances... quentes.
Vi as bochechas dela corarem, mas ela sustentou meu olhar.
— Você não deveria investigar sobre mim, é a minha vida, minha mãe morreu Eu não tenho ninguém. Só os meus livros.
Por um momento, as palavras dela me atingiram mais do que eu gostaria. Uma garota sozinha no mundo, lutando por alguma coisa. Me vi nela, de um jeito que não consigo explicar.
— E acha que isso justifica meter o nariz onde não é chamada? — perguntei, mas minha voz saiu menos dura do que pretendia.
Ela não respondeu. Apenas me encarou, com os olhos brilhando de lágrimas que ela se recusava a deixar cair.
Respirei fundo e dei um passo para trás. Olhei para o notebook, para a bolsa dela, e depois para a garota ajoelhada à minha frente. Algo nela me incomodava, mas não de uma forma ruim.
— Pegue-a. Levem-na para um lugar decente. Quero que ela fique aqui até eu decidir o que fazer.
— Senhor, eu...
Ela tentou falar, mas eu levantei a mão, interrompendo-a.
— Quietinha, Ester. Você vai aprender rápido que, no meu mundo, a palavra final é sempre minha.
Enquanto meus homens voltavam para levá-la, percebi que meus olhos permaneciam fixos nela por tempo demais. Não era apenas a beleza dela que me prendia. Era algo mais.
Algo que eu sabia que seria perigoso ignorar.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
DAIANE
Ester conquistando o dom kkkk
2025-08-01
2
Irene Saez Lage
Não sei. não mais cinto algum no ar será que foi pego pelo cupido Dom
2025-08-02
0
Ana Ribeiro
👏👏👏👏👏
2025-08-02
0