Depois que Dante desapareceu pelo corredor, Lívia levou alguns segundos para voltar a si.
As ordens ainda ecoavam na cabeça:
“Vista-se como se soubesse o seu valor.”
“Não me desafie.”
Ela respirou fundo. Estava apenas começando o primeiro dia — e já parecia ter levado um tapa psicológico.
Pegou o tablet, anotou os pedidos dele e foi direto à sala indicada. O ambiente era moderno, organizado e gelado como o resto da empresa. Ao lado da mesa, havia uma janela com vista panorâmica da cidade. Mas o que chamava atenção não era a vista — era a sensação de que cada passo que dava estava sendo observado.
— Então é você. — disse uma voz feminina.
Lívia virou-se rapidamente. Uma mulher estava parada na porta. Alta, ruiva, bem vestida, salto agulha, perfume forte.
— Camila. Gerente de imagem. Trabalho aqui há três anos. — disse, estendendo a mão com falsa simpatia. — Eu cuido da reputação dele.
Você… cuida dele agora?
— Sou apenas assistente executiva. — respondeu Lívia, com um sorriso neutro.
— Hm. É o que todas dizem no início.
O sorriso de Camila era afiado. E o olhar avaliava Lívia como se ela fosse um sapato fora de moda.
— Um conselho: não tente agradá-lo demais. Ele perde o interesse quando percebe que tem o controle total.
— Não estou tentando agradar ninguém. Só estou fazendo meu trabalho.
Camila arqueou uma sobrancelha.
— Veremos.
E saiu, deixando um rastro de veneno no ar.
Lívia voltou para o computador. Acesso restrito. Ela precisaria da liberação do setor de TI. Foi até a sala ao lado e falou com um analista, que a olhou de cima a baixo antes de liberar o sistema.
A empresa era linda, mas o clima era pesado. Como se todos ali competissem por oxigênio.
E a qualquer sinal de fraqueza… você afundava.
Às 10h, ela levou o primeiro relatório impresso até Dante.
— Entre. — disse ele, sem levantar os olhos do notebook.
Ela se aproximou, estendeu os papéis, e pela primeira vez, sentiu o perfume dele mais forte. Uma mistura amadeirada, com algo escuro por trás. Algo vicioso.
— Atualizei os dados do marketing e adicionei o comparativo da concorrência no último trimestre, como pediu.
Ele pegou os papéis. Passou os olhos. E por um segundo, parou.
— Números precisos. Análises pontuais. Você tem jeito para isso.
Mais do que para ficar calada quando deveria.
Ela ficou rígida. Era um elogio? Uma provocação?
— Isso foi uma crítica?
— Foi uma observação.
Gosto de pessoas que falam pouco.
E fazem muito.
Ele levantou os olhos.
Aquele olhar. Escuro. Calmo. Perigoso.
Ela não recuou. Dessa vez, o encarou.
— Posso não falar muito. Mas penso bastante.
Ele sorriu. De verdade.
E isso a desarmou.
Por um momento, ela viu outro homem ali. Um vislumbre de algo humano. Quente. Quase carinhoso.
Mas foi rápido.
Sumiu tão rápido quanto apareceu.
— Pode sair, senhorita Andrade.
Lívia saiu da sala tentando controlar a respiração.
O resto do dia foi uma avalanche de tarefas, relatórios, planilhas, reuniões marcadas e desmarcadas. Teve que aprender a lidar com o sistema interno, com as alfinetadas de Camila, com os olhares das recepcionistas e, principalmente, com a sensação constante de que estava pisando em terreno minado.
Às 18h, enquanto ela organizava os documentos finais do dia, a secretária do setor jurídico apareceu.
— Senhor Ferraz pediu que você não fosse embora antes de passar na sala dele.
Disse que precisa te preparar para o jantar de amanhã.
Lívia assentiu.
No fundo, já sabia que o dia não terminaria como um dia comum.
Ela passou um batom discreto no banheiro, prendeu o cabelo de novo, respirou fundo e foi.
Parou diante da porta. Bateu.
— Entre.
A voz de Dante era firme.
E dessa vez, carregava intenção.
Não esqueçam de curtir e comentar ,beijinhos a garota do livro 😻
@ysa_silvaaa_
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Atualizado até capítulo 81
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