Lívia

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Capítulo 2 — A Chegada de Lívia

A manhã começou com um ar diferente na Mendonça Beer Co. Havia uma leve tensão, misturada a expectativas discretas que circulavam pelos corredores. A nova secretária chegaria naquele dia — uma jovem que trazia no nome a promessa de mudanças.

Clara chegou cedo, como sempre, ajeitando a mesa, revisando a agenda do dia, quando ouviu a recepcionista anunciar:

— A senhorita Lívia Rocha chegou, pode entrar.

Clara respirou fundo, sentindo um misto de curiosidade e cautela.

A porta se abriu e Lívia entrou com um sorriso confiante e um olhar que parecia absorver cada detalhe da sala. Vestia uma camisa branca impecável e uma saia preta sóbria, mas a energia que emanava era vibrante e contagiante.

— Senhorita Mendonça, é um prazer conhecê-la. Estou muito animada para começar — disse Lívia, estendendo a mão.

Clara apertou, firme e profissional.

— Bem-vinda, Lívia. Espero que esteja pronta para trabalhar duro.

Lívia assentiu, seus olhos brilhando.

Nos minutos seguintes, Clara passou para ela as primeiras tarefas, apresentou as rotinas da empresa e deixou claro o padrão de excelência que esperava.

Enquanto Lívia anotava tudo com atenção, Clara não podia deixar de notar pequenos detalhes: o jeito como ela sorria sem perder a compostura, a facilidade em se adaptar ao ritmo acelerado, a espontaneidade discreta.

Durante a pausa para o café, Lívia e Clara compartilharam breves conversas, revelando um pouco mais da personalidade de cada uma, embora Clara mantivesse sua reserva habitual.

Mas algo naquele encontro fez com que Clara sentisse um calor diferente, uma inquietação que não sabia nomear.

Na manhã seguinte, o escritório parecia um campo de batalha silencioso. Clara Mendonça, como sempre, vestia sua armadura profissional — uma expressão séria e olhos atentos a cada detalhe. Lívia Rocha, por outro lado, exalava calma e paciência, mesmo quando a rotina acelerada tentava puxá-la para o turbilhão.

— Lívia, revisei o relatório que você preparou, mas faltou incluir os dados do terceiro trimestre. Já pedi para que sejam enviados antes do almoço. — Clara disse, olhando firme para a secretária.

— Já estou em cima disso, Clara. Assim que chegar o arquivo, atualizo imediatamente — respondeu Lívia, com um leve sorriso, sem perder a compostura.

Clara franziu a testa, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso de canto, meio relutante.

— Você sabe que não tolero atrasos — continuou a chefe, mas agora num tom menos duro, quase divertido.

— E eu sei que você não tolera nada que não seja perfeito — respondeu Lívia, com um brilho travesso no olhar.

A tensão entre as duas se dissolveu num riso contido, só perceptível para quem prestasse atenção.

Ao longo do dia, as provocações sutis continuaram.

Quando Clara exigia atenção máxima numa reunião importante, Lívia aparecia com uma xícara de café na hora certa, como se antecipasse cada necessidade da chefe.

E quando Lívia cometia pequenos erros — que não passavam de distrações humanas — Clara, embora severa, mostrava uma tolerância que só quem conhecia bem podia entender.

Era um jogo delicado de poder e afeto, cada uma testando os limites da outra.

No final da tarde, enquanto organizava a agenda para o dia seguinte, Clara olhou para Lívia e disse:

— Você está se saindo melhor do que eu esperava.

Lívia sorriu, dessa vez sem nenhuma máscara.

— Espero não decepcionar.

Clara então fechou a pasta, levantou-se e caminhou até a janela, olhando a cidade se despir do sol.

— Às vezes, eu me pergunto se você é paciente demais ou simplesmente conhece bem as fraquezas das pessoas.

Lívia se aproximou, seus olhos encontrando os de Clara.

— Talvez um pouco dos dois.

Por um instante, o escritório se encheu de um silêncio diferente — aquele silêncio carregado de possibilidades.

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