GREGORIO
Descendo as escadas, vejo Julian e minha mãe na sala de estar.
— Mãe, como você tá?
— Oi, meu querido. Tô bem. Tava pensando em preparar o almoço. Vai ficar?
— Mãe, você sabe que as empregadas cuidam disso. Vai descansar no seu quarto — digo, arqueando a sobrancelha.
— Ou... quem sabe, você se casa e sua esposa e eu fazemos o almoço juntas. Só uma ideia — ela sorri.
Essa mulher vive tentando me arrumar casamento.
— Em breve, mãe. Muito em breve — respondo, sério.
— Vou almoçar com o Julian e o Levi. Não demoro.
— Tá bom. Se divirtam — ela me abraça.
Chegamos ao Le Clair de Lune.
O lugar onde meu anjo trabalha.
— Cadê a porra da garçonete? — Julian reclama, batendo na mesa.
Ele não sabe da Alina. Na verdade, ninguém sabe.
Só alguns dos meus homens. E Levi, claro.
De repente... o ambiente inteiro muda.
Ela surge, caminhando em nossa direção enquanto ajusta o uniforme.
Ela não faz ideia de que cada homem naquele restaurante — até os que estão acompanhados — tá babando nela.
Naquele uniforme curto.
Com os seios marcados e as pernas à mostra.
Eu tô a um passo de puxar a arma e matar cada desgraçado que olhar pra ela.
Como ela pode ser tão ingênua?
Tão inocente?
Caralho... eu quero ela agora. Aqui.
Mas tudo o que é bom... vale a pena esperar.
— Oi, gata... — ouço o Julian dizer, lambendo o lábio inferior enquanto devora ela com os olhos.
Nem fodendo.
Se ele não fosse meu irmão mais novo, eu juro por Deus... já teria matado esse desgraçado.
Essa garota precisa ser escondida de todos esses cachorros babando por ela.
Só de pensar que tem outro homem desejando ela... me dá nojo.
Ela é minha. Só minha.
— Cala a porra da boca, Julian — Levi rosna, já tenso.
Ele sabe.
Sabe o que tá acontecendo.
Sabe que se ele continuar, eu perco a cabeça. E quando eu perco...
ninguém sai inteiro.
— Que foi? Ela é linda — Julian sussurra.
Óbvio, irmão. Isso até um cego percebe.
Lanço um olhar mortal pra ele — daqueles que dizem “só mais uma palavra e você vai ver o inferno de perto”.
Na mesma hora, ele para de sorrir. Fecha a cara.
— Oi... posso anotar o pedido? — a voz dela me puxa pra realidade.
Por Deus.
Eu poderia passar a vida inteira acordando com essa voz sussurrando meu nome.
Gritando meu nome.
Gemendo meu nome.
A voz dela é tão angelical quanto ela.
É música pros meus ouvidos.
Levanto os olhos e encontro os dela.
É a primeira vez que ela me olha.
E caralho...
Que visão.
Aqueles olhos azuis, tão puros... tão intensos.
A gente se encara por um tempo que parece eterno.
E então ela desvia o olhar.
As bochechas coram.
Ela é perfeita.
— Vamos querer o filé e o melhor vinho da casa — Levi responde.
Ela assente, delicada.
— Só isso? — pergunta, arqueando as sobrancelhas enquanto espera a confirmação.
Levi confirma com um gesto. Ela sorri e se afasta.
Eu acompanho o balanço dos quadris dela até ela sumir da minha vista.
Não consigo me cansar dessa mulher.
Alguns minutos depois...
— Vou ao banheiro — informo, me levantando da cadeira.
Enquanto caminho, percebo os olhares femininos em cima de mim.
Olhares maliciosos, sorrisos forçados.
Mas nenhuma... nenhuma chega perto da Alina.
Elas são... comuns.
Ela é única.
Lavo as mãos e vou saindo do banheiro pra voltar à mesa.
Mas então eu a vejo.
Ela está no canto do corredor... com a testa franzida.
Não está sozinha.
Um cara careca, de meia-idade, tá com ela.
Vejo a mão dele deslizar da cintura dela até a coxa.
Ela se encolhe.
Ela tá sendo forçada?
Fico parado ali, observando.
O rosto dela expressa desconforto.
Nojo.
Medo.
Minha mandíbula trava. Os dentes se pressionam com força.
Filho da puta.
Com certeza tá assediando ela. Deve ser o chefe dela.
Penso seriamente em matá-lo ali mesmo.
Mas me contenho.
Ela não pode me ver assim.
Ela é inocente demais pra presenciar esse tipo de coisa.
Não quero sujar ela com meu sangue. Ainda não.
Respiro fundo.
Mas por dentro...
já decidi que ele vai morrer essa noite.
Vai se arrepender amargamente de ter encostado no que é meu.
De repente, a porta se abre com força e algo bate contra o meu peito.
Olho pra baixo.
É ela.
Perdeu o equilíbrio, então instintivamente segurei sua cintura.
Meus braços ao redor dela.
É a primeira vez que a toco. E já tô obcecado.
Ela pisca os olhos azuis, confusa.
Parece um filhote perdido.
Tão inocente. Tão... minha.
“D-d-desculpa...” ela sussurra.
A voz dela era tão baixa... tão suave.
Ela prende uma mecha atrás da orelha e enxuga as lágrimas com as costas da mão.
Sinto a raiva crescer dentro de mim.
Ela claramente odiou ser tocada por aquele desgraçado.
Mas ela não precisa se preocupar com isso.
Essa noite, eu vou consertar tudo.
Essa noite, ela vai começar uma nova vida.
Ao meu lado.
Sendo tratada como uma rainha, como ela merece.
“Você tá bem?”
Eu precisei perguntar.
Mesmo sabendo que não.
Eu precisava ouvir da boca dela. Senão...
Eu juro que toco fogo nesse lugar inteiro.
“Ah... s-sim. Eu tô bem. Me desculpa.”
Ela se desculpa de novo.
Por que ela é tão pura?
Ela me encara por um segundo... e desvia o olhar logo em seguida.
Hm. Eu amo o quanto ela é tímida.
Isso só alimenta o meu instinto de domínio.
“Não precisa se desculpar, meu anjo.”
Ela franze a testa, confusa.
Eu sei que fui direto demais, mas não consigo evitar.
As bochechas dela estão coradas.
Ela tá corando.
Mesmo chorando, é linda.
Coloco a mão dentro do paletó e pego meu lenço. Entrego pra ela. Ela não merece chorar.
Ela me olha, surpresa. Como se ninguém nunca tivesse feito nada de bom por ela na vida.
Devagar, estende a mão e pega o lenço, apertando contra o peito.
“O-o-obrigada...” ela fungou.
Dou um passo mais perto.
Ela fica visivelmente nervosa.
“Logo a gente vai se ver de novo.”
Afirmo, olhando nos olhos dela.
Na hora, ela fica desconcertada.
Vejo as pernas dela quase tropeçarem na saída.
Ela corre porta afora.
Um sorriso se forma nos meus lábios.
Ela não faz ideia de que eu conheço cada detalhe da vida dela.
De que eu noto tudo o que ela faz.
“E agora, pra onde a gente vai?” Julian pergunta.
Távamos no carro depois do almoço.
“Eu tenho negócios pra resolver. Vai fazer o que quiser.”
“Clube de strip?” Ele olha pra Levi.
“Tô dentro.” Levi dá de ombros.
“Não. Levi, você vem comigo pro galpão. Não posso me dar ao luxo de erros.”
Ordeno.
22h00
“Tá tudo certo com o plano?” pergunto aos meus homens.
Passo as instruções da noite.
Tudo tem que sair perfeito.
Esperei demais por isso.
Por ela.
Não posso errar agora.
“Sim, chefe.” Eles respondem em uníssono.
“E eu juro... se alguém tocar nela, se alguém machucar um fio de cabelo sequer...”
Minha voz fica fria.
“Eu arranco cada um dos seus membros. Um por um.”
Não estou brincando.
Não vou tolerar que ninguém encoste nela.
Ela é minha.
“Levi, vem aqui.”
Chamo.
“Sim, chefe?” Ele se aproxima.
“Você vai ficar no carro, monitorando tudo.
Confio que vai garantir que nada saia do controle, entendeu?”
Ele acena com a cabeça.
“Ótimo. Pode ir.”
Quando o assunto é meu anjo, eu confio no Levi.
Ele vai garantir que ela chegue em segurança.
Quanto a mim...
Tenho que resolver umas pendências com o chefe dela.
Ou melhor... o ex-chefe.
Ele vai pagar pelo que fez.
E eu vou garantir que a dor dele seja a pior que ele já sentiu na vida.
01:00 DA MANHÃ
Recebi a confirmação do Levi: ela já está na minha casa.
Finalmente.
Ele garantiu que ela não se machucou e que está dormindo em paz.
Fez um bom trabalho.
Impediu que eu cortasse algumas gargantas hoje.
Alina agora é minha.
Quanto ao chefe dela...
Está no porta-malas do carro, enquanto eu volto pra casa.
Assim que entro, o silêncio toma conta do lugar.
As empregadas já tinham ido embora pro alojamento.
Julian e minha mãe também saíram.
Só restamos eu e ela.
Caminho apressado até o meu quarto. Dois dos meus homens estavam de guarda na porta.
“Dispensados.” Ordeno.
“Boa noite, chefe.” Eles dizem, inclinando a cabeça antes de se retirarem.
Abro a porta e, assim que meus olhos encontram a cena diante de mim...
Meu peito aperta.
Ela estava lá. Dormindo na minha cama.
O cabelo espalhado no travesseiro de um jeito elegante, como se tivesse sido colocado ali com cuidado.
As bochechas estavam coradas... e úmidas.
Ela tinha chorado.
Me aproximo em silêncio.
Passo os dedos com delicadeza, afastando uma mecha do rosto dela.
A pele é macia... frágil.
Toco de leve a bochecha dela com o polegar.
E então recuo.
Droga.
Dou meia-volta, tomando cuidado pra não fazer barulho.
Saio do quarto e tranco a porta atrás de mim.
Caminho até o quarto de hóspedes.
Vou dormir lá essa noite.
Amanhã... ela vai acordar em um novo mundo.
No meu mundo.
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Comments
Sonia Bezerra
Tadinho tá amando e pensando que é obsessão.
2025-08-02
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Marta Monteiro
Isso é obsessão absoluta 🙄.
2025-07-30
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