"Chefe da Máfia Implacável "
A luz pálida da lua era a única testemunha silenciosa quando a porta da frente se estilhaçou com um baque surdo, ecoando como um tiro na quietude da madrugada. Nyonya, mergulhada nos labirantes do seu último trabalho de faculdade sobre a arquitetura gótica, mal teve tempo de registrar o som antes que a escuridão do corredor fosse rasgada por duas silhuetas imponentes. Seu coração, que antes batucava um ritmo calmo e concentrado, agora parecia um tambor descontrolado em seu peito, anunciando a chegada de algo terrível.
Ela não gritou. Não imediatamente, pelo menos. A paralisia do choque a manteve presa à cadeira, os dedos ainda pousados sobre as teclas frias do notebook. Seus olhos, antes focados nos detalhes de uma abóbada ogival, agora se arregalaram para as figuras que invadiam o lar que até então parecia inquebrável. Um dos homens, um brutamontes com ombros largos e um rosto que parecia esculpido em pedra, avançou primeiro, os passos pesados ressoando no assoalho de madeira. Seus movimentos eram calculados, desprovidos de pressa, mas carregados de uma intenção fria e letal. Nyonya sentiu um arrepio percorrer sua espinha, um pressentimento gélido de que sua vida, como ela a conhecia, estava prestes a se desintegrar.
Atrás do primeiro, surgiu o segundo homem. E foi nele que o olhar de Nyonya se fixou, como se hipnotizado por uma serpente. Ele não era um brutamontes. Era... diferente. Impecavelmente vestido em um terno escuro que parecia moldado ao seu corpo definido, ele irradiava uma aura de poder silencioso e perigoso. Seus cabelos, lisos e de um preto tão profundo quanto a noite lá fora, emolduravam um rosto de feições marcadas e elegantes, mas com uma dureza implacável. Os olhos, escuros como ônix polido, varreram o cômodo com uma intensidade calculista, detendo-se nela por um milissegundo que pareceu uma eternidade. Nele, Nyonya não via a raiva bruta do outro homem, mas uma frieza cortante, a inteligência afiada de alguém que planeja e executa com precisão mortal. Esse era Keizo. Ela sabia, de alguma forma inata, que a ameaça real estava nele.
"Nyonya", a voz dele era um barítono grave, surpreendentemente calma para a violência da invasão, mas carregada de uma autoridade inquestionável. Não era uma pergunta, mas uma constatação. Seus olhos negros se cravaram nos dela, buscando algo, avaliando-a.
Foi então que o medo deu lugar a uma onda de raiva ardente. "Quem são vocês?", ela conseguiu cuspir, sua voz tremendo, mas com uma faísca de desafio. Tentou se levantar, mas o homem musculoso ao lado de Keizo a empurrou de volta na cadeira com uma mão no om ombro, uma força que a fez sentir minúscula e impotente.
Keizo deu um passo à frente, sua presença dominadora preenchendo o pequeno espaço da sala de estudo. "Seus pais. Temos negócios pendentes. Uma dívida, para ser mais exato." Ele fez uma pausa, e um sorriso quase imperceptível, um mero movimento nos cantos dos lábios, surgiu em seu rosto. Não era um sorriso de diversão, mas de triunfo predatório. "E você, Nyonya, é o meu pagamento."
A palavra "pagamento" atingiu-a como um golpe físico. Ela não era uma coisa, uma mercadoria a ser trocada. "O quê? Do que você está falando? Meus pais não devem nada a ninguém!" Sua voz subiu um tom, a incredulidade e a indignação misturadas em uma torrente de protesto. Ela nunca soubera de dívidas, de perigos. Sua vida de estudante, focada nos livros e nos planos para o futuro, parecia agora uma miragem.
Keizo inclinou ligeiramente a cabeça, como se apreciasse a sua indignação. "Eles sabem. E agora você também sabe." Ele gesticulou para o homem ao seu lado. "Leve-a."
A fúria explodiu em Nyonya. "Não! Eu não vou a lugar nenhum com vocês!" Ela tentou se debater, chutando o ar, mas os braços fortes do brutamontes a envolveram em um aperto de ferro. Ele a levantou da cadeira com uma facilidade assustadora, como se ela não pesasse nada. Nyonya gritou, um som agudo e desesperado que ecoou pela casa. A adrenalina corria em suas veias, e ela se contorcia, buscando qualquer ponto fraco, qualquer maneira de escapar. Seus cabelos lisos, antes presos em um coque desfeito pelo estudo, se soltaram e caíram em cascata sobre seu rosto enquanto ela lutava.
Keizo a observava, os olhos escuros revelando nada além de uma calma gelada. Não havia raiva em seu olhar, apenas uma determinação inabalável. Ele não esperava obediência, não de imediato. A rebelião dela parecia apenas confirmar algo para ele. "Resistência é inútil", ele declarou, e sua voz, embora calma, carregava o peso de uma ameaça velada. "A dívida é grande. E as consequências são definitivas."
Ela continuou a se debater, as lágrimas de frustração e terror começando a embaçar sua visão. Sua vida simples e pacífica estava sendo arrancada dela por dois homens, um deles um "chefe CEO" que, de alguma forma, era a personificação da escuridão. "Me solta! Eu não sou sua propriedade! Eu sou uma pessoa!" ela gritou, a voz rouca.
"Agora, você é minha", Keizo corrigiu-a, o tom frio e final. Ele deu as costas, e o homem com ela a arrastou para fora da sala de estudo, em direção à porta quebrada. O vento frio da noite invadiu a casa, trazendo consigo o cheiro de perigo e o prenúncio de um futuro incerto. Nyonya lançou um último olhar desesperado para o cômodo onde sua antiga vida estava sendo deixada para trás, os livros abertos, o laptop ainda ligado. O mundo que ela conhecia havia desaparecido, substituído por uma realidade sombria sob o domínio de Keizo. O conflito, como ela sentiu em cada fibra de seu ser, havia apenas começado. E ela não seria quebrada tão facilmente.
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Atualizado até capítulo 107
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