ELLA
Aproveitei que quase não tinha ninguém em casa e finalmente consegui descansar. A Asha veio me contar, toda empolgada, que minha irmã tinha saído com o grande Gustav, na festa da semana passada, o tal "galã de ocasião".
E, para fechar com chave de ouro, quando ela voltou, ainda teve a cara de pau de me agradecer por ter “dado esse presente” a ela. Um verdadeiro ato de generosidade da minha parte, claro.
Lilly: “Sério, obrigada por isso! Ele é tudo o que eu precisava.”
Falou com a empolgação de quem acha que acabou de ganhar uma fortuna, aquele sorrisinho falso de quem acha que está arrasando.
Disse como se eu tivesse feito um favor humanitário. Apenas sorri. Dou tudo por um momento de paz, de silêncio, de sanidade.
Só queria terminar meu descanso, sabe? São raros os momentos em que essa família me deixa quieta. E quando deixam… sempre tem um preço.
Depois disso, começou o que só posso descrever como uma tortura psicológica passiva. Sempre que me via, Lilly sorria aquele sorriso meio bobo e soltava umas frases aleatórias, sem lógica nenhuma, tipo quem tenta parecer profunda.
Eu, obviamente, ignorava. Um dom que fui aperfeiçoando com o tempo.
O estranho mesmo era o comportamento dela: vivia saindo para festas, voltava tarde da noite dizendo que estava "trabalhando". Isso mesmo, trabalhando. E o detalhe mais curioso: vivia indo ao shopping e voltava com um monte de sacolas.
Cheguei a pensar que o povo devia ter visto ela saindo com o Gustav por aí, e agora estavam enfiando ela em algum catálogo como “influencer revelação”. Só podia ser isso. Trabalhar como modelo, talvez? No turno da madrugada?
Alguns meses se passaram e a fantasia dela começou a desbotar. Lilly estava claramente exausta. Olheiras profundas, humor ainda mais instável que o normal, e um inchaço visível e sinceramente? Nem me importei. Ela continuava fingindo que estava no controle de tudo, então deixei que vivesse o próprio delírio até onde conseguisse.
Não sou insensível. Só sei muito bem que tem gente que só aprende quando o salto quebra no meio do desfile.
LILLY
Eu estava tão feliz, mas tão feliz, que nem mesmo a chata da minha irmã, aquela songa monga de sempre, conseguiria tirar o meu brilho. Comecei a aproveitar essa nova fase da minha vida com tudo que eu tinha direito. Recebia convites para festas quase todo dia. Afinal, estou grávida, não morta, né? Então comecei a aproveitar as oportunidades.
Claro, me comportei. Nada de transar com ninguém depois do Gustav, não sou burra. Vai que depois ele aparece dizendo que a criança não é dele? Ah, não. Comigo, não.
E por falar em criança… ainda bem que é o herdeiro, né? Porque criar filho mesmo, tão nova, assim... ah, não. São muitas responsabilidades. Isso aí é coisa para mim, mas é essa criança que vai abri as portas.
Mas confesso… depois do quarto mês, a coisa desandou. A barriga cresceu mais rápido do que eu esperava, minhas roupas não servem mais, e eu tô exausta o tempo todo. Extremamente cansada. Inchada. Desanimada. Um horror. Ninguém merece passar por isso com dignidade.
Vou ter que contar para minha mãe, vou precisar de ajuda, ela vai me apoiar e segurar esse rojão comigo.
Desço as escadas quase tropeçando, por conta do cansaço.
Lilly: “Mãããe! Precisamos conversar!”
Mãe (Estela): “Fala, menina, que drama é esse agora?”
Lilly: “Eu tô grávida.”
Silêncio. Aquele tipo de silêncio que pesa no ar.
Mãe (Estela): “Você o quê?” De quem?
Lilly: “Grávida, mãe! Do Gustav. Sim, o Gustav. O grande Gustav.”
Mãe (Estela): “Do poderosão? Sério? Menina, por que não me disse isso antes?! Você andou em festa demais esses dias, minha filha! Temos que cuidar desse tesouro! Vamos marcar ginecologista, obstetra, pré-natal, o que mais precisar. Já devia estar com a pasta de exames na mão!”
Lilly: Pasta? “Mãe… eu não tô aguentando comer nada. Tudo dói no meu corpo. Tô cansada o tempo todo.”
A expressão dela mudou. Sabia que a minha mãe seria minha cúmplice nisso tudo, minha mãe é uma mulher esperta, cheia de grandeza.
Mãe (Estela): “Ah, minha filha… por que não me chamou antes? Grávida não é mulher-maravilha! Você vai precisar de ajuda. Vamos resolver isso agora. Quer sopa? Quer colo? Sumir do mapa por uns dias?”
Lilly: “Mãããe… não aguento nada…”
Ela sentou ao meu lado, passou a mão no meu cabelo e começou aquele cafuné mágico que só mãe sabe fazer. Um segundo depois, já estava com o celular na outra mão, abrindo agenda, ligando, marcando médico, ultrassom.
“Vamos amanhã de manhã. E depois disso, você vai descansar. Nem pense em sair para festa nenhuma. Hoje à noite vamos contar a novidade para seu pai e para a sua irmã.”
Revirei os olhos, mas no fundo, senti um alívio que nem queria admitir. Finalmente alguém estava assumindo o volante da montanha-russa hormonal em que eu estava presa.
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Atualizado até capítulo 34
Comments
Celia Fernandes
Que ridícula tomara Aurora Fais esse filho não ser dele pq eu acho que ainda vai sobrar pra Ella coitada
2025-07-27
1
Leitora compulsiva
como será a reação do tão "poderoso gustav" 🤭😅
2025-07-29
1
Beatriz Silva
certeza q não é dele o filho
2025-07-27
1