[Luca]
Vi Olívia atravessando o corredor com a pasta de contratos. Elegante, confiante, como se tivesse nascido ali.
Na noite anterior, mandei uma mensagem:
Luca (mensagem): “Aceita um jantar de celebração da nova função?”
Ela visualizou, mas não respondeu. Tudo bem. Eu podia esperar.
[Leo]
Leo: Algum recado urgente, Olívia?
Olívia (sem tirar os olhos do monitor): Só o Sr. Luca perguntando se o senhor quer participar da corrida no domingo. E se… eu quero jantar com ele. — Parei de digitar.
Leo: Isso é pessoal. Não preciso saber.
Olívia: Só estou repassando a informação como sua secretária.
Leo (fechando a agenda): Recuse.
Olívia (arqueando uma sobrancelha): A corrida ou o jantar?
Leo: Ambos. — Ela me lançou um daqueles olhares afiados, que pareciam me despir sem esforço algum. Mas voltou ao trabalho.
[Luca]
No fim do expediente, fui até ela.
Luca: Você me ignorou.
Olívia: Estava ocupada.
Luca: O Leo pediu pra você recusar?
Olívia (fria): Ele não manda em mim.
Luca (sorrindo): Ótimo. Porque eu vou continuar insistindo.
[Olívia]
Era sexta à noite e Leo ainda estava na empresa. Eu também. Havia silêncio nos corredores. Um silêncio carregado de coisas não ditas.
Entreguei o relatório mensal e, ao me virar para sair, algo me chamou atenção. A porta do escritório dele estava entreaberta. E sobre a mesa… uma fotografia.
Era uma mulher. Cabelos escuros, expressão triste. Jovem.
Leo (atrás de mim): Por que ainda está aqui?
Olívia (virando-se rapidamente): Ia te perguntar o mesmo. — Ele caminhou até a mesa, pegou a foto e a guardou em uma gaveta.
Leo: Curiosidade pode ser uma fraqueza.
Olívia (encarando-o): Ou uma arma. Depende de quem usa.
Silêncio.
Leo: Ela se chamava Helena.
Olívia (surpresa): Foi sua…?
Leo (olhos distantes): Irmã. Morreu há sete anos. E não é da sua conta.
Ele não falou mais nada. Mas eu vi — nos olhos dele, havia dor. Real, crua. E algo me dizia que aquela perda explicava muitas das sombras que cercavam Leo Walker.
Naquela noite, pela primeira vez, senti algo mais profundo por ele. Não era desejo. Era compaixão.
Na segunda-feira, a Walker Motors estava em ebulição. Um e-mail havia circulado entre os acionistas: possível fusão com uma empresa chinesa. Os rumores corriam, e Leo… estava mais tenso que nunca.
Leo (entregando uma pasta): Organize essas minutas por prioridade. E tranque a porta da minha sala. Nada entra. Nem Luca.
Olívia: Entendido, chefe.— Ele não sorriu. Estava… fechado. Assustadoramente frio.
[Luca]
Cheguei sem avisar. Encontrei Olívia digitando com fones de ouvido, concentrada.
Luca: O dragão trancou a torre?
Olívia (tirando um fone): Só até segunda ordem.
Luca (rindo): Preciso que me ajude com um relatório. Posso “sequestrar” você por 10 minutos? —Ela hesitou.
Olívia: Leo deixou ordens diretas.
Luca (com um olhar provocativo): Você sempre segue ordens?
Olívia: Só as que fazem sentido.
[Leo]
Do outro lado da porta de vidro, ouvi risos abafados. Meus olhos encontraram a silhueta de Luca próximo demais de Olívia.
Engoli seco.
Leo (baixinho): Você é melhor do que isso, Luca…
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Atualizado até capítulo 30
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