O som do seu celular a despertou de repente, ela tinha passado a noite dormindo no chão do pequeno banheiro que tinha em seu quarto, tinha sido tanto o medo de que ele entrasse, que optou por se trancar ali e dormir no chão.
— Alô — disse meio adormecida.
— Olá, Sophia, sou Marcos, o assistente social. Queria saber se você já recebeu seu cheque deste mês? — perguntou o homem do outro lado.
— Lauren com certeza o recebeu, se não já teria me dito — respondeu ela.
— Mas ela te deu o que você deve guardar no fundo para a universidade? — questionou ele.
— Ela nunca me dá nada desse dinheiro, trabalho há dois anos para manter minhas despesas — confessou ela, sabia que com isso desencadeava o inferno, mas já nada lhe importava.
— Está bem, eu vou cuidar disso — disse e logo desligou a chamada.
Olhou para a tela do seu celular e notou que tinha várias mensagens de Evelyn, aí lembrou que não tinha ligado para ela como havia prometido, mas ainda era cedo para fazê-lo, então somente respondeu explicando o que tinha acontecido, da sua amiga não escondia nada.
Saiu do banheiro para deixar o celular carregando e depois voltou a entrar para tomar um banho e se preparar para a escola. O reflexo que o espelho lhe devolvia dava pena, as olheiras cobriam grande parte dos seus olhos e dava para notar que não tinha dormido a noite toda, ainda que, por sorte, tinha aproveitado para fazer o trabalho de química que devia entregar hoje.
Apesar de o dia estar quente, ela escolheu vestir uma camiseta de manga comprida para esconder o hematoma de onde Darrel a tinha agarrado e que já estava se formando, era como Evelyn tinha dito, algum dia ele vai te matar. Sabia que hoje tinha educação física, então optou por uma calça de exercício que estava limpa, lembrou que devia lavar a roupa ou, senão, não teria o que vestir nos próximos dias e não podia gastar dinheiro em roupa nova.
A buzina do carro de Kat lhe deu a entender que devia descer rápido as escadas e sair daquele lugar antes que ambos os adultos se incomodassem com o barulho. Saiu às escondidas do seu quarto, Lauren com certeza estaria dormindo, já que tinha trabalhado à noite e, se tivesse sorte, Darrel estaria no sofá bêbado e sim, foi assim que o encontrou.
— Bom dia, parece que você dormiu bem mal — disse Kat assim que ela entrou no carro.
— Sim, ontem à noite foi complicado para dormir, suponho que pela mudança de lugar ainda me custa me adaptar — mentiu ela.
— Você deve descansar de qualquer maneira, se algum dia quiser faltar à escola me avise e eu invento alguma desculpa. Embora agora que penso nisso eu não te dei meu número — disse rindo enquanto dirigia.
— Diga e eu anoto — disse tirando o celular da sua mochila.
— Oh, esses são super resistentes, eu tinha um desses — disse vendo o modelo que ela tinha.
— Sim, eu gosto muito deste — mentiu novamente. A realidade era que ela tinha comprado um bom celular quando tinha 16 anos, mas um mês depois Lauren ficou sem trabalho e o vendeu para comprar cerveja para Darrel, preferiu não comprar nada e Evelyn, para que ela estivesse conectada com ela, tinha lhe dado de presente esse que aos olhos da mãe não valia nada.
Uma vez que anotou o número, fez uma ligação para que a Kat ficasse registrado o dela, seguiram falando no caminho para a escola e quando chegaram entraram cada uma nas suas aulas, outra vez Sophia teria laboratório com os gêmeos.
— Bom dia, gatinha, espero que tenha feito o trabalho — disse Dante assim que ela se aproximou da mesa.
— Bom dia, sim, já fiz — respondeu cabisbaixa, coisa que não passou despercebida por eles.
— Você dormiu mal? — a voz séria de Caleb a desconcertou. Por um momento ambos a tratavam mal e depois se preocupavam, eram bipolares com certeza.
Mas antes que pudesse dizer algo, o professor entrou na sala e começou a aula.
— Espero que tenham trazido os trabalhos — disse passando de mesa em mesa para recolhê-los.
Sophia tirou da sua mochila o trabalho completo e entregou na mão do professor, que se surpreendeu porque fazia tempo que não via os gêmeos trabalhar, embora nos exames sempre tirassem notas muito boas.
A aula foi suficientemente chata e se não fosse porque ela não era das que dormiam na escola, com certeza teria tirado uma boa soneca ali. Foi só quando estava prestes a terminar que sentiu como se alguém ou algo cheirasse o ar, quis virar para ver os gêmeos, mas tinha vergonha de fazê-lo e por um momento acreditou que talvez o cheiro do seu shampoo não era do agrado deles.
O sinal tocou e todos os estudantes do último ano se dirigiram para as quadras de basquete e vôlei para a aula de educação física. Algo que sempre acontecia com Sophia era que a bola acertava em cheio no rosto ou na cabeça, era tão ruim em esportes que nunca entendeu como no final do ano escolar sempre passava.
— Odeio esportes — disse a Kat assim que se aproximou dela por trás.
— Sim, acontece o mesmo comigo, mas é uma matéria obrigatória — disse ela rindo — o que você escolheu? —
— Pois das duas opções que havia, fico com vôlei, embora com certeza termine na enfermaria — olhou para Kat com um sorriso.
— Por que você diz isso? — perguntou curiosa.
— Porque sempre me acertam com a bola — ambas riram da piada, que sendo francos não era uma piada.
Uma vez que as equipes estavam formadas começaram a jogar, no local havia 3 quadras de basquete e 3 quadras de vôlei, se bem que os jogos eram mistos, na sua grande maioria as mulheres escolhiam o segundo e os homens o primeiro. Por sorte Sophia estava na mesma equipe com Kat, embora isso não evitou que uma bola a golpeasse fortemente e a jogasse no chão.
— Kity, a ideia é jogar, não matar as suas colegas — a voz da professora cortou todas as risadas que até aquele momento se ouviam.
— Não é minha culpa se a esquisita não sabe jogar ou pelo menos desviar da bola — respondeu ela encolhendo os ombros.
A professora ajudou Sophia a se levantar e pediu a Kat que a levasse à enfermaria para que colocassem gelo na cabeça. A enfermeira determinou que o golpe tinha sido bastante forte e disse que preferia que ficasse o resto do dia descansando na cama.
— Se quiser posso avisar a Henry que você não irá ao trabalho — disse Kat antes de voltar às aulas.
— Não acontece nada, vou dormir um pouco e vou acordar bem — respondeu ela com um sorriso.
— Bem, descanse, vou pedir os deveres de língua para você — deu um beijo na testa dela e foi embora do lugar.
Pelo menos poderia dormir o que não tinha dormido à noite, talvez esse golpe não tenha sido tão ruim depois de tudo.
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Atualizado até capítulo 60
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