Cassandra
Subi pro quarto e mesmo que eles tivessem continuado falando não os ouvi, porque estava imersa em um ódio tão profundo que não consegui escutar uma só palavra. Minha respiração estava pesada, meu corpo tremia, e eu estava ainda sem acreditar em tudo que disse a eles, mas não me arrependo de uma só palavra, pelo contrário, acho que poderia ter dito muito mais, eles mereciam que eu tivesse falado tudo que está entalado a anos, mas pra uma primeira afronta estou satisfeita comigo mesma.
Arrumei rapidamente uma mala média com algumas roupas e itens de higienes pessoais. Resolvi sair dessa casa, mesmo sabendo que é uma atitude impensada já que não tenho pra onde ir, ainda assim sei que estou fazendo a coisa certa. Não posso mais continuar aqui, não posso.
Se ao menos eu tivesse conseguido guardar algo do meu salário, mas a salafrária da minha mãe roubou meu cartão e gastou todo meu dinheiro que eu juntava já a algum tempo, centavo por centavo ela usufruiu do meu dinheiro e quando vi já era tarde de mais.
Ainda assim, sem dinheiro algum, eu não fico nessa casa nem mais um minuto. Porque sei que ela vai mesmo chamar o Renan pra vir aqui e vai querer me obrigar a me desculpar e isso eu não farei jamais.
Posso não ter nada nessa vida, mas meu orgulho pretendo manter, mesmo que não seja muito depois de tudo que passei, mas não vou me humilhar por algo que não estou errada, isso nunca.
Passei a mala pelas costas usando a alça transversal e pulei pela janela, e com a ajuda de uma árvore que havia perto dela consegui chegar em segurança ao chão.
Sai andando sem rumo, sem saber pra onde ir. Tudo que eu me dediquei a vida toda foi aqueles dois sangue sugas e ao meu paizinho que não teve tempo de viver uma boa vida, assim como eu não teria se continuasse naquela casa. Meu pai foi apenas sugado por aqueles dois e eu estava no mesmo caminho que ele, morrer em uma cama sem ter realizado nenhum sonho.
Eu sei que meu pai tem culpa no cartório e não é nenhum santo, ele me contou a história, mas é aquilo sabe, tudo se explica mas nada se justifica. Oque ele fez não justifica a forma que sou tratada, porém explica um pouco, eu acho, embora muitas mulheres passam por isso e não agem de tal maneira.
Meus pais se casaram a força, ele teve um lance com ela e ela engravidou e com isso meu pai foi obrigado pelos meus dois avôs a se casar com Elisabeth, mesmo não sentindo nada por ela.
Eles eram jovens e não que isso justifique a canalhice do meu pai, porque isso deixei claro pra ele, que o amava mas não concordo com oque ele fez e nem passo pano.
Meu pai traiu minha mãe ainda grávida e ela por sua vez, em vez de terminar, ou ao menos descontar em meu pai, não, acabou por continuar com ele e descontar em mim toda raiva e frustração, ainda mais quando via toda demonstração de afeto que ele tinha comigo e não para com ela. Só que eu não tive culpa do que aconteceu, meu pai foi um canalha com ela e não eu, e no fim eu fui a única a sofrer com os ciúmes doentios dela, que não me queria nem perto do meu pai.
Mesmo sabendo da burrada que ele fez, eu jamais deixei de amar ele, não pude, ele foi o único que esteve ao meu lado a vida toda, cuidou de mim, me protegeu e me deu amor e carinho incondicional.
Havia andando por cerca de meia hora e só ai parei em um ponto de ônibus já a várias e várias quadras de casa, coloquei minha mala no banco e me deitei usando-a de travesseiro e ali acabei dormindo, mesmo com o frio que fazia eu estava bem agasalhada e não teria uma hipotermia, ao menos espero que não.
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Na manhã seguinte acordei extremamente cedo, com os barulho dos carros que já começavam a movimentar a rua que a pouco estava calma e silenciosa.
Me levantei, e peguei o próximo ônibus que vi que seguiria rumo ao meu trabalho.
Chegando na empresa, uma pequena empresa no ramo de carros que pertencia ao pai de Renan, da qual ele comandava, fui direto para o vestiário, tomei um banho, escovei os dentes e ajeitei meu cabelo, tentando fingir que não passei a noite em um banco de ponto de ônibus duro e gelado, mas não que eu não estivesse acostumada, por vezes quando menor minha mãe me colocava de castigo, especialmente quando meu pai precisava viajar a trabalho. Ela aproveitava e me colocava pra dormir no quintal e eu dormia no chão da casinha de bonecas que papai contruiu pra mim, ao menos eu tinha um teto nas noites em que chovia muito. Graças a situações assim peguei pânico de escuro e tenho muito medo de ficar sozinha no escuro, sei que nada vai acontecer mas ainda assim, tenho medo. Já que por vezes minha mãe se aproveitou disso pra me agredir no meio da noite em meio a escuridão, geralmente ela me batia em locais menos visíveis, mas não que isso fosse regra, algumas vezes até desmaiei de tanto apanhar. Mas no dia seguinte ela tratava de cuidar dos ferimentos antes que papai voltasse, e quando ele voltava e algum ferimento era perceptível ela me obrigava a dizer que cai da escada ou coisa do tipo. Meu braço foi quebrado duas vezes e passei dias até receber atendimento. Na primeira vez o médico foi obrigado a quebrar novamente meu braço pois já estava cicatrizando no local errado, foi uma das piores dores que senti na vida.
Depois de pronta subi para o escritório de Renan, já que ainda trabalhava pra ele.
Geralmente Renan chegava tarde, oque me dava tempo de me preparar para encontrar com ele, coisa que eu não estava nem um pouco afim.
Eu iria pedir minha demissão hoje, estava disposta a sair mesmo sem ter outro emprego, não queria mesmo olhar pra cara dele, porém com essa saída de casa não posso sair daqui sem antes arranjar outro emprego seria como dar um tiro no próprio pé, afinal, não tenho um só centavo. Sendo assim terei que aguentar aquele insuportável a qualquer custo.
Chegando lá em cima dei de cara com Renan sentado em sua mesa com a porta aberta. E ele por sua vez assim que me viu pediu que entrasse e fechasse a porta.
Fiquei com certo medo do que estava por vir porém o fiz sem pestanejar. Era extremamente estranho ver ele ali esse horário, oque me fazia crer que as coisas eram piores do que eu imaginava que seriam.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Carla Santos
timou atitude certa dias melhores virão
2025-07-24
0
Rosangela Leal
tomou a atitude certa
2025-07-19
1