*“Ela não pediu o destino que recebeu,
mas quando foi jogada ao fogo,
aprendeu a dançar entre as chamas.”*
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Narrado por Zafira Luján
Passei a noite em claro.
O quarto que me deram era grande, impecável, decorado com móveis antigos e perfume caro. Mas nada daquilo me pertencia. Eu estava ali como uma peça de xadrez num tabuleiro que eu não entendia, apenas esperando o momento em que alguém decidisse me mover — ou me sacrificar.
Quando o sol começou a pintar o céu de dourado, respirei fundo e me levantei. O vestido azul-claro que tinham deixado sobre a poltrona era caro demais para alguém como eu, mas estava limpo, passado e... imposto. Como tudo naquela casa.
A governanta, uma mulher magra com olhar severo, veio me buscar pontualmente às oito.
— Dona Mariana deseja conhecê-la antes do café — anunciou sem emoção.
Dona Mariana. A mãe de Dante.
Apenas o nome me fez enrijecer a coluna.
Fui conduzida até uma sala iluminada por vitrais coloridos. No centro, sentada com as costas eretas, um colar de pérolas e um robe de seda preto, estava ela. Os cabelos grisalhos estavam impecavelmente presos num coque. A pele era clara, fria, e os olhos... os olhos eram idênticos aos de Dante. Gélidos. Cortantes.
Ela me observou dos pés à cabeça antes de falar:
— Então é você.
Fiquei em pé, tentando manter a calma. Senti minhas mãos suarem.
— Sim, senhora.
Ela não respondeu. Apenas virou o rosto, como se já estivesse entediada.
— Você é muito jovem. Muito comum. Não é o tipo de mulher que eu teria escolhido para meu filho.
Trinquei os dentes.
— Eu também não teria escolhido ser vendida — respondi, sem conseguir me conter.
Seus olhos voltaram para mim. Desta vez, com interesse.
— Tem coragem. Isso é raro. Mas não confunda coragem com valor. Coragem sem utilidade é apenas insolência.
Ela se levantou e caminhou até mim. Era mais baixa do que eu imaginava, mas ainda assim fazia parecer que eu era a menor naquela sala.
— Você será a senhora Valverde. Mas nunca se esqueça: uma mulher pode ser descartada com um único gesto neste mundo. E meu filho... ele aprendeu isso da pior forma.
Antes que eu respondesse, a porta se abriu com firmeza.
Três homens entraram.
Três irmãos Valverde.
Leonardo, o mais velho depois de Dante, foi o único que sorriu para mim. Tinha olhos escuros, um charme calmo, e parecia mais diplomático do que perigoso.
Santiago, o do meio, mal me olhou. Estava ocupado demais com o celular, mascando chiclete como um adolescente entediado.
Matías, o mais novo, tinha uma beleza quase angelical, mas não disse uma palavra. Apenas me observou em silêncio, como se pudesse ver através de mim.
— Essa é Zafira — disse Dona Mariana com desdém. — A noiva de Dante. E, infelizmente, nossa nova hóspede.
— A noiva, é? — murmurou Santiago, finalmente me encarando. — Não parece do tipo dele.
Leonardo foi mais gentil. Se aproximou e estendeu a mão.
— Bem-vinda, Zafira. Espero que se acostume rápido. Esta casa tem um ritmo... próprio.
Antes que eu pudesse responder, uma nova figura surgiu à porta.
E o ar pareceu mudar de temperatura.
Isabel Aranda.
Alta, magra, com cabelos castanhos ondulados e um vestido vermelho justo demais para aquela hora do dia. Os saltos ecoaram como punhais no mármore quando ela caminhou até nós.
— Que surpresa — ela disse, com um sorriso venenoso. — Então é essa a menininha que vai ser esposa do nosso Don?
Minha garganta secou.
Ela se aproximou com a confiança de quem acredita ser insubstituível.
— Ele já teve mulheres melhores, mas quem sou eu pra julgar, não é? — Seus olhos me atravessaram. — Afinal... ele ainda não te tocou, não é?
O sangue subiu ao meu rosto. Antes que eu dissesse qualquer coisa, uma voz firme cortou o ar.
— Isabel.
Era Dante.
Ele apareceu na porta como uma tempestade contida. Os olhos fixos nela. Duros. Gélidos.
— Já disse que não quero você aqui.
Isabel se virou, tentando manter a compostura.
— Só vim dar as boas-vindas à nova esposa — disse com veneno no sorriso.
Dante caminhou até mim, ignorando todos na sala. Parou ao meu lado. Seus olhos tocaram meu rosto. Seu braço passou pelas minhas costas, firme, possessivo.
— Saia — ele ordenou. — Agora.
Isabel hesitou. Mas saiu.
Com um último olhar para mim.
Um olhar que prometia guerra.
Dante então se virou para os irmãos.
— Quero um jantar esta noite. Só a família.
E ela — apontou para mim com o queixo — será apresentada oficialmente.
E então olhou para mim. Seu olhar era tão intenso que me fez esquecer como se respirava.
— Prepare-se, Zafira. A partir de hoje... o jogo começou.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Carolina Luz
já não basta a cobra 🐍 da mãe e agora essa quenga aff 😡
2025-07-16
2
Antonia Teófilo
essas 2 cobras amante e mãe vai dar trabalho.
2025-07-16
1
Patrícia Franco
Eita as cobras começará saí do ninho 🐍🐍🤔
2025-07-11
2