CAPÍTULO 3.

As luzes frias do porão da mansão tremeluziam, criando sombras que dançavam como espectros. O cheiro de ferrugem, suor e sangue impregnava o ar como perfume de morte.

**Vicent Rocco** entrou no ambiente com passos lentos, pesados. Usava uma camisa preta de linho com as mangas dobradas até os cotovelos, calça social escura e luvas de couro. As tatuagens em seus antebraços pareciam serpentes vivas sob a luz tênue. Seus olhos — de um castanho tão escuro que beirava o negro — não expressavam emoção. Apenas cálculo. Frieza. Supremacia.

Na frente dele, um homem estava amarrado à cadeira de aço no centro do cômodo. Sujo, com a camisa rasgada e o rosto inchado de hematomas. Goteiras de sangue escorriam pelo queixo. Ele tremia. Mas não chorava. Ainda.

Vicent parou diante dele e cruzou os braços.

— "Quantos dedos você tem, Ricci?" — perguntou com voz serena, quase suave.

O homem piscou, confuso. Cuspiu um pouco de sangue antes de responder:

— "Dez..." — sussurrou.

Vicent olhou para **Taddeo**, um de seus capangas.

— "Quantos dedos ele vai perder por ter tentado enganar a máfia?"

Taddeo sorriu de canto. Puxou uma faca fina, longa, feita especialmente para aquilo.

— "Você quem decide, Don."

Vicent caminhou ao redor da cadeira, como um predador analisando a presa. Seus passos não faziam som no chão úmido de concreto. Ele parou atrás do homem, próximo ao seu ouvido.

— "Você roubou. Você mentiu. Você entregou uma remessa adulterada para a facção do norte. Sabia que isso poderia gerar uma guerra?"

O homem tentou balbuciar algo, mas Vicent passou um dedo sobre sua nuca, em gesto de silêncio.

— "Eu não gosto de guerra. Ela custa caro. E quando custa caro... eu cobro com dor."

Com um leve movimento da cabeça, autorizou Taddeo. O primeiro dedo foi decepado com precisão clínica. O grito ecoou nas paredes como lamento de alma penada. O sangue jorrou. Ricci gritava, urrava, xingava, suplicava.

Vicent apenas se agachou em frente a ele e segurou seu queixo.

— "Shhh... não acabou ainda."

— "Por favor, Don Rocco... eu... eu juro que foi um erro..."

— "Erro é esquecer onde colocou a chave do carro. O que você fez foi traição. E traição tem um preço. Você sabia disso desde o início. Ninguém pisa na Nangreta e sai ileso."

O segundo dedo caiu. Vicent mandou pegar a cera que estava sendo preparada para esse momento, espetacular, Taddeo já sabia o que fazer, saiu e voltou com uma panela em mãos, o vapor subia, Ricci olhou assustado sem saber os próximos passos, na hora que ele iria falar, Taddeo com todo o cuidado foi jogando a cera sobre o corpo do Ricci sem tempo de gritar ou implorar.

Dessa vez, Ricci desmaiou. Ele já estava sem os dedos, sem as orelhas, e sem os olhos.

Vicent se levantou e limpou o rosto com um lenço de linho branco. Entregou o lenço sujo de sangue a Taddeo e encarou o resto dos homens no recinto — cerca de seis soldados, todos em silêncio absoluto.

— "Levem o corpo para o ferro-velho. Os cães farão o resto."

Taddeo assentiu e começou a organizar os homens.

Vicent tirou as luvas, agora tingidas de vermelho, e as jogou no balde. Depois, passou as mãos nos cabelos, como quem precisava se desconectar de algo interno. Mas não havia arrependimento. Nunca houve.

Aquele porão… aquele frio… aquela dor alheia…

Tudo fazia parte do que ele era.

Don Rocco **não era apenas um chefe**.

Era o **pesadelo vivo de qualquer um que ousasse desafiar a ordem que Dante Bianchi havia lhe confiado**. E ele não carregava esse fardo com honra. Ele carregava com orgulho.

Era o seu mundo. Era sua maneira de nunca mais ser fraco. Nunca mais ser vulnerável.

Ao sair do porão, seus passos ecoaram no corredor de pedra. Ao chegar ao topo da escada, **Carla**, sua nova assistente pessoal, aguardava com o telefone em mãos.

— "Don Rocco, o gerente da boate *Rapture* relatou que houve um pequeno incidente ontem. Um dos clientes tentou vender ecstasy falsificado nos banheiros."

Vicent ergueu uma sobrancelha.

— "O que fizeram com ele?"

— "Foi retirado, espancado, mas ainda respira."

Vicent pegou o telefone da mão dela.

— "Mantenha ele vivo. Vou pessoalmente até lá hoje à noite. Quero ver quem anda sujando os meus estabelecimentos."

Carla apenas assentiu.

Ele caminhou para o escritório, acendeu um charuto cubano, e olhou pela grande janela envidraçada para a cidade que brilhava abaixo. **Nápoles estava viva. Viva... porque ele mantinha assim.**

Na mesa, uma moldura discreta com a única foto do passado que ele nunca queimou: **ele, Marco e Dante Bianchi**, anos atrás, quando ainda era apenas um soldado recém-formado, sem nome, sem identidade. Foi Dante quem o nomeou. Quem acreditou. Quem entregou a ele uma coroa invisível — e Vicent jurou nunca manchá-la.

— "Eu cuido da tua herança... Don Bianchi." — murmurou em italiano. — "E não vou permitir que nada a enfraqueça. Nem por dentro... nem por fora."

Seu celular vibrou.

Uma mensagem de Margot, gerente da Rapture:

> “Movimentação aumentada para o fim de semana. Algumas estudantes novas da faculdade local estão começando a frequentar. Uma delas... chama atenção.”

Vicent não respondeu.

Apenas sorriu, de forma quase cruel.

Algo dentro dele começou a se agitar.

Sem saber… **o destino acabara de movimentar a próxima peça do jogo**.

E Vicent Rocco não era do tipo que deixava o jogo seguir sem controle.

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Vanildo Campos

Vanildo Campos

😱😱😱😱😱😱

2025-06-27

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