A manhã seguinte trouxe uma luz cinzenta e opaca à Academia Arcana Aurora. O cheiro de decomposição e poeira misturava-se agora com a ansiedade palpable que pairava no ar. Os alunos, embora mais calmos após a noite de terror, estavam famintos e sedentos. Seus olhos vagueavam nervosamente entre a janela quebrada e a figura silenciosa de Jessica Yamada. A maioria a evitava, cochichando e lançando olhares apreensivos, mas a Professora Lúcia a observava com uma nova e relutante admiração.
A Professora, assumindo uma postura de liderança prática, reuniu os alunos restantes. Seus olhos cansados, mas determinados, varreram o grupo.
Professora Lúcia: "Precisamos de mantimentos. Água e comida. Há uma cantina na escola, mas não sabemos o que encontraremos lá. Precisamos de um grupo para ir."
O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de medo. Ninguém queria deixar a relativa segurança da sala de aula. Mas a fome era um instinto primário que superava até mesmo o terror dos monstros.
Professora Lúcia (com uma voz que tentava inspirar coragem): "Eu irei. E precisamos de alguém com... capacidade de combate. Ren, você tem força. Kaito, suas habilidades mágicas podem ser úteis. Satoshi, seu poder de cura será vital."
Os três meninos assentiram, pálidos, mas determinados. Ren empunhou seu machado, Kaito apertou seu grimório, e Satoshi segurou seu cajado. Seus olhos, no entanto, inevitavelmente se voltaram para a figura apática de Jessica. Eles não queriam admitir, mas sabiam que precisavam dela.
Professora Lúcia (voltando-se para Jessica, uma pausa antes de falar): "Jessica. Sua... sua eficácia ontem foi inegável. Você virá conosco. Sua perícia será essencial para a segurança de todos."
Jessica não hesitou. Ela não tinha apego à sala de aula, nem medo do que estava lá fora. A perspectiva de novos dados e testes para suas habilidades era um fator de otimização.
Jessica (voz monótona): "Conforme. A probabilidade de encontrar novos tipos de variáveis no ambiente exterior é alta. A aquisição de dados é prioritária."
Sua resposta pragmática não aliviou a tensão, mas eles sabiam que ela estava vindo. A pequena equipe de reconhecimento estava formada: Professora Lúcia como líder nominal, Satoshi como suporte, Ren e Kaito como ofensiva incipiente, e Jessica Yamada como a força bruta e o cérebro calculista. Miku Tanaka, que havia tentado se aproximar de Jessica antes, foi orientada pela professora a ficar e ajudar os outros a se organizarem dentro da sala.
Eles abriram a porta da sala de aula lentamente. O corredor estava escuro e silencioso, um contraste estranho com o burburinho matinal de antes. O ar estava frio. A Professora Lúcia, com uma lanterna fraca, iluminava o caminho.
Enquanto avançavam, passando por salas de aula adjacentes, os sinais da invasão se tornavam cada vez mais evidentes. Carteiras reviradas, mochilas rasgadas, livros espalhados. Mas o que chocou o grupo, causando suspiros e exclamações abafadas de horror, foi o conteúdo de algumas salas.
Na sala de artes, um grupo de alunos jazia inerte. Não apenas mortos, mas disformes, alguns esmagados, outros com ferimentos que pareciam ter sido feitos por garras e mordidas. Não eram os monstros que eles haviam encontrado. Eram os outros alunos da Academia Arcana Aurora.
Satoshi (com a voz embargada, apontando com o cajado trêmulo): "Meu Deus... A sala do primeiro ano! Eles... eles não tiveram chance..."
A Professora Lúcia apertou os lábios, o rosto pálido e os olhos marejados, mas ela se recusou a ceder ao desespero.
Professora Lúcia: "Continuem. Não podemos parar. Precisamos ajudar os que restam."
Jessica Yamada observou os corpos, categorizando os danos. Eram resultados de força bruta, dilaceração. Uma evidência clara do impacto devastador da invasão.
Jessica (Monólogo Interno): "Variáveis de dano: Confirmadas. Evidencia presença de múltiplos tipos de ameaças. Probabilidade de encontrar novos tipos de monstros: Alta. Preparar para aquisição de dados e combate."
Quando se aproximaram do bloco da cantina, os sons se intensificaram. Não eram os rugidos pesados do Devorador de Almas, mas um grunhido arrastado e um som de algo sendo mastigado. Um cheiro fétido, ainda mais intenso que o do monstro anterior, inundava o ar.
Ren (com o machado em guarda, os olhos arregalados): "Tem alguma coisa ali... Eu ouço!"
Eles espiaram pela esquina. A cantina estava um caos. Mesas reviradas, comida espalhada. E no centro, debruçados sobre o que parecia ser os restos de um funcionário da escola, estavam duas criaturas. Eram magras, pálidas, com garras longas e olhos vidrados de fome, seus movimentos desumanos e espasmódicos. [Zumbi Infectado – Nível 3]. Eram fracos, mas numerosos.
Kaito (sussurrando, o grimório pronto): "Zumbis...? Achei que era só em filme!"
As criaturas levantaram a cabeça, farejando o ar, e seus olhos vermelhos fixaram-se no grupo. Um grunhido coletivo escapou de suas gargantas, e elas começaram a cambalear na direção deles. Não eram tão aterrorizantes quanto o Devorador de Almas, mas eram em maior número e infestavam um espaço que deveria ser seguro.
O jogo havia se expandido. E Jessica, a única ali sem medo, estava pronta para coletar mais dados sobre os novos inimigos.
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Atualizado até capítulo 68
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