Evito olhar para o rosto dele e suspiro.
— Nos disculpem? Vou levar minha filha para o quarto dela — diz minha madrasta.
— Não sabia que tinha duas filhas — diz o Sr. Linares, e me irrita que ninguém tenha que saber da minha vida.
— Não as tem, eu sou sua enteada — falo sem olhar para ele.
Eles voltam para a sala, e com minha madrasta subimos para o meu quarto. Sento-me na cama e ela fica de pé. Ela me entrega as chaves e eu as pego, guardando-as.
— Não estrague isso para a sua irmã. Acha que seu pai permitiria?
— Nem sequer o mencione. Se ele estivesse vivo, acredite, quem estaria em uma das melhores escolas seria eu e não a Estrella.
— É isso que te irrita? Não precisa reclamar nada comigo. Foi seu pai quem fez com que tudo fosse congelado até a leitura do testamento. Só temos a casa.
— Não me diga que trabalhando vivem como se fossem ricas. Até contratou uma empregada.
— É só para o Sr. Linares ver que temos dinheiro, e isso é por causa das minhas economias. Em breve não teremos nada nem para comer. Por isso quero que a Estrella se case, e se ela se casar, talvez até deixemos a casa só para você.
— Está falando sério?
— Sim, só não estrague tudo — suspiro, e ela não para de me olhar.
— Você se parece muito com ela, com a sua mãe.
— Que feio deve ter sido me ver todos os dias e ver como meu pai via em mim o amor da vida dele — ela me olha surpresa pelo que acabei de dizer.
— Se alguma vez se perguntou por que te odeio tanto, aí está a sua resposta — diz-me, saindo. Eu já sabia, mas isso não impede que doa.
Arrumo minhas coisas e vejo que meus livros estão jogados. Recolho-os, arrumando-os, e não encontro sentido em fazer isso. Foi só por capricho. Fecho a porta e coloco uma cadeira, mas não durmo bem, já que me sinto exposta.
Na manhã seguinte, como sempre, saio com a casa em silêncio. Levo tudo o que preciso na minha mochila, e desta vez caminho mais até pegar um ônibus, já que tenho que economizar mais para guardar mais dinheiro. Chego ao colégio, e no intervalo tiro um prato com verduras. Como-as, vendo como meus colegas correm brincando como crianças. Outros estão se beijando em um canto, e outros têm uma mesa como buffet. Têm de tudo, e eu estou sentada com meu pote comendo. Termino e guardo tudo na minha mochila. Saio para o clube, e como na rotina de sempre, troco de roupa e começo com meus trabalhos. Pelo menos o Sr. Linares não me acusou; senão, já teriam me despedido.
Solicitam-me em um salão mais privado, e caminho batendo na porta. Entro, e este lugar dá medo. Pode-se sentir a atmosfera tensa e fria. Está escuro, e só há três sujeitos sérios, e eles se calam quando entro. Pego os nomes das bebidas e pergunto se precisam de acompanhantes.
— Não — só isso ouço do homem que está em um canto. Sua voz se ouve forte, e não observo bem. Há algo que chama minha atenção, e saio para pedir o que me ordenaram. Regresso ao salão, e pela primeira vez posso dizer que estou nervosa. Sempre estou nervosa, mas agora estou muito mais. É o tipo de pessoa que se se irritar com algo faz com que te demitam. Mais que o chefe me pediu muito profissionalismo. É um cliente que só vem certo tempo, e fazia tempo que não vinha. Então querem conservá-lo.
Entro, deixando as bebidas, e sirvo-lhes, entregando-lhes seus copos. Mas só dois o pegam, e o que me deixa nervosa só está sentado, observando o que faço, me deixando pior.
— Se é tudo, me retiro — digo-lhe, virando-me para ir embora.
— Fora — ouço que diz, e acelero o passo. Mas não é para mim, já que os sujeitos saem tão depressa que me deixam para trás. E o que menciona meu sobrenome me deixa gelada.
— Quem diria que uma Carpio trabalharia em um bar noturno? Seu pai sabe?
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Atualizado até capítulo 91
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