Capítulo 2

Chego em casa molhada e subo para o meu quarto. Quando entro, encontro minha meia-irmã sentada na minha cama.

— Olha só para você, desse jeito jamais encontrará um marido. Em compensação, eu já recebi muitas propostas de casamento, mas houve uma em especial: Limber, brigando por mim. Pode acreditar? Quando antes só via você, só te procurava.

— Que bom para você. Agora, saia do meu quarto para que eu possa descansar — digo, e ela se levanta passando por mim.

— Quando Fernando me propor, deixarei o caminho livre com Limber. Assim, ao menos, pode dizer que estará com o único homem que te quis, se é que ele te dá bola, já que não está à altura dele.

Continua caminhando e escorrega na água que escorre da minha roupa, gritando exageradamente. Minha madrasta não tarda a chegar irritada.

— Só vim dar a notícia para ela e ela me empurrou. Olha só, mãe, como ela chegou. Quem sabe com quem andava ou onde se meteu para vir assim.

— Estrela, me importa muito pouco se você se casa. Não me importa o que você faça. Por mim, vá embora da casa que meus pais fizeram com muito esforço — grito, e sinto o tapa que minha madrasta me dá.

— Esta casa agora é minha — diz entre dentes, e Estrela se levanta com um sorriso. Minha madrasta sai, e com um empurrão tiro Estrela do meu quarto.

— Não por muito tempo — grito, fechando a porta.

— Viu, ela me empurrou — escuto Estrela reclamar com sua voz mimada. Batem na porta e tranco. Tentam abrir, mas não sabem que quando não estavam, troquei a fechadura. Este é o meu quarto, o único lugar onde me sinto segura. Às vezes quero sair correndo, mas é isso que elas querem, e não lhes darei esse prazer.

Troco de roupa no banheiro e pego o pagamento que me deram hoje. Amanhã levarei ao banco para guardar. Deito para dormir e na minha mesinha de cabeceira vejo a foto dos meus pais. Limpo minhas lágrimas e hoje é um dia em que cubro a foto do meu pai.

Acordo com o meu alarme e me limpo, trocando de roupa rápido, colocando minha roupa de trabalho e uma camiseta de uniforme. Agora, com Estrela aqui, não pretendo vir. Da escola irei para o trabalho. Saio quase correndo e quando chego à escola, entro nas minhas aulas. Não falo com ninguém. Quando terminam as aulas, vou ao banco, onde coloco meu dinheiro, e já no fim da tarde vou ao clube. Troco de roupa como sempre.

Bato entrando em uma sala e pergunto o que vão pedir. Sinto um olhar muito penetrante, mas para mim é quase normal. Anoto, saindo, e volto com as garrafas. Deixo na mesa e quando saio, esbarro em uma pessoa alta.

— Sinto muito, senhor — digo.

— Fernando Linares, muito prazer — me diz, e lembro de Estrela falando dele.

— Muito prazer, me chamo Lulu.

— Eu te disse meu verdadeiro nome. Por que não me diz o seu? — me pergunta, e meus olhos se abrem mais.

— Esse é o meu nome.

— Esse nome não combina com esse rosto tão bonito — me sussurra, e aperto a bandeja.

— Tenha uma boa noite, senhor Linares — digo, e caminho depressa.

Justo antes de terminar meu turno, me chamam para que leve mais garrafas ao salão privado do senhor Linares. Entro e ele está sentado sozinho.

— Pode me dizer qual garrafa quer?

— Uma que você me recomende. E quero a sua companhia.

— Senhor, acho que o senhor conhece mais de garrafas do que eu. E sobre minha companhia, não será possível, já que há pessoal para isso.

— Cobra o que quiser, eu pagarei.

— Não se trata disso.

— Só quero conversar. Não peço muito.

— Não é possível. Agora, se me desculpa, posso pedir ao do bar a melhor garrafa para trazer para o senhor.

— Está bem, obrigado — me diz, e saio pela garrafa. Entro, deixando-a na mesa. Me olha e tento evitar, já que não quero que me reconheça quando se casar com Estrela, se souberem que a meia-irmã trabalha em um lugar assim, não vai mais querer se casar, e não é por elas, mas aí as terei sempre em casa. Agradeço que esteja meio escuro.

— Você é muito jovem? — me diz, enquanto lhe sirvo.

— Quando há necessidades, isso é o de menos.

— Você é menor de idade? — me pergunta com o copo na mão e um cigarro na outra.

— Sou maior de idade.

— Entregam a gorjeta que deixo cada vez que venho aqui? — me diz, então é ele quem as deixa.

— Sim, senhor Linares, muito obrigado.

— Levo anos vindo aqui e a primeira vez que te vi foi há um ano. Achei que fosse a filha de uma trabalhadora — diz, e olho meu relógio, notando que já passou minha hora de saída.

— Bom, vou indo já que é minha hora de saída.

— Estou te aborrecendo?

— Meu namorado me espera sempre na saída para irmos juntos — minto, e assente.

Saio, trocando de roupa, e me despeço do chefe. Saio do bar esperando um táxi, mas não passam. Não me resta outra opção senão começar a caminhar. Agradeço meus tênis confortáveis para esta ocasião. Caminho duas quadras e escuto a buzina de um carro que diminui a velocidade ao meu lado. Com meus fones de ouvido, finjo que não percebo, mas sempre tento estar atenta ao que acontece ao meu redor. Sinto quando alguém me agarra o ombro e viro, tirando os fones de ouvido.

— Te levo? Afinal, eu te atrasei — me diz o senhor Linares, procurando algo.

— Obrigado, mas não, e não se preocupe, moro aqui perto — lhe digo.

Ele ri e percebo o porquê.

— Inventa outra desculpa. Aqui só moram os filhos das grandes famílias. E seu namorado? Fugiu? Por que não o vejo?

— Tentarei não soar grossa, mas vejo que o senhor insiste. Aqui vou eu: O senhor é um desconhecido para mim. Nunca subiria no carro de um estranho. Tentei ser amável com o senhor, mas nem assim entende. Agora, se quiser ir reclamar com meu chefe, fique à vontade — lhe digo, virando as costas.

Quando passa um táxi, levanto o braço para que pare e subo. Chego à casa, entro no espaço do portão e caminho para a casa. Noto um carro estacionado que é muito parecido com o do senhor Linares. Trocaram a fechadura. Dou a volta para onde está minha janela e há uma escada oxidada escondida entre a trepadeira. Subo, já que meu pai a fez em seu tempo. Subo entrando pela janela e noto que meu quarto está todo bagunçado. Deixo minha bolsa, notando que a porta está quebrada. Abriram à força. Saio irritada, dirigindo-me à sala, mas me detêm as vozes.

— Claro, senhor Linares, o esperávamos. Minha filha tem dias esperando por ele — diz minha madrasta, e estavam mais é desesperadas para que ele viesse.

— Mãe, o que o senhor Linares pensará de mim? — diz Estrela, e quero zombar.

— Irei ver por que demoram para trazer os petiscos — diz minha madrasta, e quando sai, me vê parada. Segura meu braço, mas não me movo, me soltando.

— Precisamos conversar.

— Sobre o quê? Sobre como trocaram as fechaduras da casa para que eu não entre na minha casa ou como entraram à força no meu quarto, quebrando a porta — lhe digo sem medir o tom da minha voz, e pela primeira vez minha madrasta se vê desesperada.

— Abaixe a voz. Te darei as novas chaves e chamarei o chaveiro para consertar sua porta. O que você diz, minha menina? Não se exalte — diz o último em um tom tão cheio de ternura, e viro para ver para quem fala assim e sorrio, já que Estrela e o senhor Linares estão parados na porta da sala.

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