Capítulo 3 – O Jantar com o Inimigo
Natália Bragança
Depois do confronto no escritório dele, fui levada até um quarto que mais parecia uma prisão de luxo. As janelas eram grandes, com cortinas pesadas e móveis de madeira escura. Tudo era caro. Impecável. Intocável.
Exatamente como eu me sentia: uma peça de decoração que alguém jogou ali para parecer que pertencia àquele lugar.
Joguei a mala em cima da cama e me sentei no sofá ao lado, tentando respirar fundo. Eu não queria chorar. Não na primeira noite. Não depois de encará-lo com tanta firmeza. Mas meu peito doía como se eu tivesse deixado minha alma no Brasil.
Uma batida na porta me tirou dos pensamentos.
— Senhorita Bragança, o jantar está servido — anunciou a mesma mulher de antes, fria como gelo.
Revirei os olhos, me levantei com raiva contida e segui o corredor. As paredes pareciam mais apertadas do que quando entrei.
A sala de jantar era gigantesca. Um lustre de cristal iluminava a mesa longa como as que a gente vê em filmes antigos. No centro, uma fileira de pratos caros, guardanapos dobrados com perfeição e uma única cadeira ocupada: a dele.
William Lorenzi estava sentado à cabeceira, com uma taça de vinho na mão e um olhar de tédio arrogante no rosto. Ele levantou os olhos quando me aproximei.
— Achei que ia se trancar no quarto e chorar até amanhã — disse ele, como quem comenta sobre o tempo.
— Sinto muito te decepcionar — rebati, sentando o mais longe possível dele.
Ele deu um meio sorriso, como se minha resistência o divertisse.
— O jantar é só um gesto de boas-vindas. Achei que você gostaria de algo civilizado antes de começarmos a nos odiar oficialmente.
— Já começamos — sussurrei, pegando o garfo.
A comida estava excelente. Eu odiava admitir isso. Um prato italiano que derretia na boca, mas cada garfada descia com gosto de ferro.
— Eu pedi para prepararem algo tradicional. Achei que seria bom começar a acostumar seu paladar... com o que é meu.
Levantei os olhos devagar, encarando-o.
— Nada aqui é meu. E eu não sou sua. Não importa quantos jantares você sirva.
Ele riu. Não alto. Mas com um desprezo velado em seu rosto.
— Você fala como se tivesse opção. Como se não soubesse que seu pai assinou o próprio destino ao me entregar você.
Minha garganta travou. Aquilo ainda era a parte que mais doía. Eu não estava ali por vontade. Nem por curiosidade. Eu estava ali porque era o único jeito de manter minha família viva.
— Você acha que isso te faz poderoso? Forçar uma mulher a ficar com você?
— Não. Mas me faz dono de tudo o que ela representa.
As palavras dele vieram como uma bofetada. Fria. Precisa.
Eu não respondi. Não queria lhe dar o prazer de ver minha raiva explodir. Mas naquele momento, uma certeza cresceu dentro de mim:
Se ele achava que eu ia ser moldada como boneca de porcelana...ele estava muito enganando eu faria ele
se cortar ao cacos
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Atualizado até capítulo 72
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Tielen Rocha
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2025-06-19
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