02

"Você vem ou não?", grita Felix, parado perto de uma porta velha coberta dos mesmos arranhões dos móveis do andar de baixo. A tinta vermelha está descascando, e a porta parece tão frágil que acho que, se você bater com força, ela vai cair das dobradiças. Um pequeno movimento à minha esquerda me chama a atenção, mas quando me viro, não vejo nada em particular. Não é à toa que Britt disse que esta casa lhe dá arrepios.

"Ei, você viu–"

"Viu só, princesa?" Eu me assusto com a repentina intrusão de Felix, que está todo na minha cara, me olhando de um jeito...? Não, não é! Só estou muito, muito cansada. Ele nem sabe que a palavra "preocupada" existe.

"Bem, eu pensei ter visto... Espera aí, você acabou de me chamar de princesa?" Olho para ele e vejo o canto do seu lábio se curvando levemente.

"O quê? Você também está vendo coisas agora? Talvez precise ir para um hospício. Eu sempre soube que havia algo errado com você."

Eu mentalmente o chuto nas bolas quando passo por ele. Esse homem será o último prego no meu caixão.

Ao entrar no quarto, um arrepio percorre minha espinha. Este lugar realmente parece saído de um daqueles filmes de terror, e mal posso esperar que a semana acabe para poder voltar para casa.

...FÉLIX...

Observo a diaba andar pela sala, balançando a bunda como se só quisesse que eu olhasse para ela. Não que eu esteja reclamando. Ela fecha a porta. Bem... tenta. A coisa é tão velha que me surpreende que ainda esteja pendurada ali. Caminho até a área para onde ela estava olhando, mas o que quer que ela pense ter visto não está mais lá. Solto um suspiro que não sabia que estava prendendo — nunca gostei deste lugar e quando ouvi que Britt convidou Evy, fiquei puto. Volto para o andar de baixo, onde minha irmã irritante está gritando ao som da letra de Woman, da Doja Cat. Queria que fosse ela quem precisasse ir descansar, em vez daquela diaba.

Não me entenda mal, eu odeio a Evelyn pelo que ela faz comigo e definitivamente não a quero aqui, mas e a Britt? Não confio em uma palavra que sai dela. A Britt sempre quer as coisas do seu jeito e, quando não consegue, te sacaneia sempre que tem a chance. Por que ou como elas se tornaram amigas é um mistério para mim: a Brittany Hayes nunca faz nada sem receber algo em troca.

Pelo menos me trouxe Evelyn Cole. A mulher é bonita de se ver, com seus longos cabelos castanho-avermelhados e ondulados, maçãs do rosto salientes e um corpo esculpido como uma estátua grega. Seus olhos verdes brilhantes também conferem um certo charme à sua aparência – acho que foi o que me chamou a atenção na primeira vez que a vi e agora nunca mais vou largar.

A mulher é uma deusa à primeira vista, mas também me deixa louco. Ela precisa aprender a ser obediente. Tenho certeza de que a farei chegar lá em breve.

"Ooh Feeelix", canta Brittany. Suspiro e me viro para seus grandes olhos azuis enevoados me encararem. "Cadê a tia Betty? Quero saber a que horas começamos a mover as coisas." Caminho até a mesa de jantar, pego uma maçã da fruteira e dou uma mordida.

"Ela saiu, só volta daqui a uma semana, mais ou menos. Vou começar a mudar as coisas às sete da manhã. Não. Chegue. Atrasada!", digo com a voz severa, olhando para ela. Sei que é cedo e sei que ela odeia acordar antes das dez, mas tenho planos para esta noite e não vou deixar que ela estrague tudo dormindo até mais tarde. Ela me olha irritada e abre a boca como se quisesse dizer algo, mas depois pensa melhor.

Ela se vira para voltar aos alto-falantes e aumenta o volume. Coloco a maçã meio mordida na mesa e saio para o jardim em direção ao galpão queimado.

...EVELYN ...

Algo está me encarando. Tento me mover, mas parece que meu corpo está colado à cama. Não consigo nem mexer a cabeça e tudo o que vejo é uma sombra escura perto da porta. É o Felix parado ali? Não, parece menor que ele, mas não tenho certeza porque não consigo mexer a cabeça para vê-lo direito. Quem quer que seja começa a caminhar lentamente em direção à minha cama com passos instáveis. O jeito como se move me dá arrepios, como se algo estivesse errado com ele. Que porra é essa? O quarto está ficando mais frio e minha visão está ficando embaçada à medida que se aproxima, até que não consigo mais vê-lo, mas posso senti-lo respirando em mim. Seu hálito fede como se estivesse podre, e então ele está tocando meu cabelo, me silenciando. Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e uma sensação assustadora começa a me dominar completamente.

"Eee–V–ee. Ssshh." Tento me mexer enquanto tento desesperadamente sair dali, mas não consigo e minhas lágrimas agora correm livremente. Ele roça meus lábios com seus dedos frios e calejados e lambe uma lágrima do meu rosto. Um grito alto escapa da minha garganta.

"Shhhh, Evy. Está tudo bem! Evy?" Eu me levanto voando, jogando meu cobertor no chão enquanto alguém me aperta com força. É aquela coisa? Quem está me segurando? Tento me soltar de quem quer que seja. "Shh, está tudo bem, você está bem. Acalme-se." Olho para cima e encontro Felix sentado na beira da minha cama.

"F–Felix? O qu– o que você–"

Ele olha para mim e acaricia meu cabelo como se eu fosse uma criança. "Não se preocupe, princesa. Você estava gritando horrores aqui. Você tem sorte que eu ainda senti vontade de vir me salvar. Só os deuses sabem quanto tempo sua melhor amiga levaria para vir, se ela se importasse o suficiente, é claro."

Eu rapidamente me afasto dele e fecho o punho de raiva. Sinto como se estivesse fervendo neste momento. Por que ele estava me segurando? "E então? Você decide vir me tocar enquanto eu estou vulnerável e dormindo?", pergunto em voz alta, sem me importar em acordar a casa, embora, se o que ele disse for verdade, eu já os tenha acordado de qualquer maneira.

Relaxa, princesa, se eu quisesse fazer alguma coisa, não faria enquanto você estivesse dormindo. Não, quando eu fizer, você estará muito disposta e muito acordada. Na verdade, você estará me implorando por isso.

Franzo a testa para ele enquanto me movo para abrir mais espaço entre nós. Ter o corpo dele tão perto do meu está me fazendo sentir todo tipo de coisa que eu não quero sentir. Preciso de espaço – muito espaço.

"Você deve estar delirando se acha que eu ia querer fazer alguma coisa com você, muito menos implorar por qualquer coisa." Espero mesmo que ele não perceba meu desconforto, mas o leve sorriso em seu rosto me diz que ele sabe.

"Seus gritos estavam arruinando meu sono", ele afirma descaradamente.

“Ah, desculpe, eu estava tendo um pesadelo.”

Sua mão afasta os fios de cabelo do meu rosto e ele se inclina, pressionando suavemente os lábios na minha testa. "É só um sonho, princesa, volte para a cama. Nada vai me passar despercebido." Ele pisca. Levantando-se, caminha para fechar a porta e senta-se na cadeira ao lado.

Uma respiração que eu não sabia que estava segurando se solta enquanto coloco a cabeça de volta no travesseiro. Que diabos foi esse sonho? Eu tinha muitos pesadelos quando criança, mas nunca assim – parecia tão real.

Não esqueçam de avaliar o meu trabalho e deixar o seus comentários do que estão achando da história, vão desculpando os erros de Português, e façam uma boa leitura 🥰🥰🥰🥰

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Comments

Rosane Maximo

Rosane Maximo

indo interessante

2025-07-13

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