Leonardo saiu da casa de Clara com um nó no peito e a imagem do abraço entre ela e Nicolas queimando na cabeça como um filme que ele não queria ver.
Era um simples gesto. Um abraço. Mas doía.
Mais do que queria admitir.
Pela primeira vez, ele se sentiu… de fora.
Como se fosse só mais um na vida dela.
Como se não tivesse lugar.
E Leonardo Ferraz nunca se acostumou a ser segunda opção.
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Naquela noite, o carro dele parou na frente da boate mais badalada da cidade. Ele entrou sozinho, o nome na lista, o olhar fechado. Gente bonita, bebida cara, música alta. Tudo que costumava preencher os vazios antes dela. Antes de Clara.
— Olha só quem apareceu… — disse uma loira de vestido vermelho, se aproximando com um sorriso insinuante. — Leonardo Ferraz de volta ao jogo?
Ele respondeu com um meio sorriso cansado e aceitou o copo que ela ofereceu. Logo outra mulher se juntou, rindo demais, tocando o braço dele. Ele não afastou.
Não queria parecer o homem fraco que sentia falta de uma garçonete simples e de uma criança que nem era sua filha.
Mas cada risada falsa, cada beijo no canto da boca, cada toque sem emoção… só piorava.
Ele não estava ali.
O corpo estava na pista.
Mas a mente gritava o nome dela.
Clara.
O jeito que ela encostava a cabeça no braço quando ria. A voz doce chamando “Sofia, vem cá, meu amor”. O cheiro de café no avental. O beijo leve que deram quando ela estava doente.
E agora ela estava lá… com Nicolas.
Homem presente. Vizinho. De confiança.
Enquanto ele… estava se afundando em escolhas erradas.
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No dia seguinte, Clara acordou com os olhos pesados. Sofia ainda dormia ao seu lado, e o celular apitou com uma mensagem de uma colega da cafeteria:
“Amiga… vi o Leonardo ontem na Monalisa Club. Estava com duas mulheres. Sério mesmo que é com esse tipo de cara que você tá se envolvendo?”
Clara sentiu o estômago virar.
Ela não queria acreditar. Mas parte dela… já sabia.
Porque ele sumiu.
Porque ele não respondeu.
Porque ele escolheu a fuga, como todos os outros.
Ela olhou para Sofia dormindo e apertou o celular na mão.
— Eu não vou me perder de novo por causa de homem nenhum.
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Do outro lado da cidade, Leonardo acordava num quarto que não reconhecia, com uma dor de cabeça e um gosto amargo na boca — e o coração ainda preso naquela casa simples onde ele se sentiu em paz pela primeira vez em anos.
“Eu sou um idiota”, murmurou, encarando o teto.
Mas talvez… já fosse tarde demais.
Leonardo apareceu no café no final da manhã, com os olhos fundos e a culpa entalada na garganta. Havia ensaiado mil vezes o que dizer. Mas assim que viu Clara, percebeu que talvez nenhuma palavra fosse suficiente.
Ela estava atrás do balcão, arrumando xícaras, o semblante sério. Sem sorriso, sem brilho no olhar. Apenas o profissionalismo frio que ela usava com qualquer outro cliente.
— Oi — disse ele, tentando puxar conversa.
Clara não ergueu os olhos.
— Vai querer o de sempre?
Ele engoliu seco.
— Clara, por favor, eu…
— Só café, Leonardo? — cortou, finalmente o encarando. O olhar dela era direto, mas gelado. Magoado.
Ele assentiu, sem forças para discutir.
Ela serviu a xícara, colocou sobre o balcão e virou-se para outro cliente. Como se ele fosse invisível.
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Mais tarde, já em casa, Leonardo andava de um lado para o outro no escritório. As mãos no cabelo, a expressão transtornada. Maria entrou com uma bandeja de chá e parou ao vê-lo daquele jeito.
— Menino… o que você aprontou?
— Fiz merda, Maria — disse ele, desabando no sofá. — Fiquei com ciúmes e fui pra balada. Tentei… esquecer. Beber, fingir que não me importava. Mas só pensava nela. Em Clara. E agora ela não quer nem olhar na minha cara.
Maria cruzou os braços, o olhar duro.
— E você achou mesmo que ia reconquistar o coração de uma mulher como Clara se comportando como um moleque mimado?
— Eu errei — sussurrou ele. — Mas ela não quer me ouvir.
— E você merece isso, Léo. Sabe por quê? Porque mulher de verdade não aceita migalha. Você teve a chance de mostrar que era diferente. Que queria algo real. Mas bastou o primeiro baque pra você correr pra boate como fazia antes.
Ele abaixou a cabeça, engolindo seco.
— Ela mexeu comigo, Maria. De um jeito que ninguém nunca mexeu. Eu só… não sei como lidar com isso.
Maria se sentou ao lado dele, mais calma agora.
— Então aprende. E rápido. Porque mulher forte como ela não espera. E tem mais… você viu o jeito que aquele tal de Nicolas olha pra ela?
Leonardo fechou os olhos, tenso.
— Eu vi.
— Pois é. E enquanto você tá se lamentando, ele tá lá, sendo presente. E se você continuar assim, menino, vai perder as duas. Clara… e aquela menina linda que já te chama de tio.
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Enquanto isso, do outro lado da cidade, Clara terminava de se arrumar diante do espelho.
Look de Clara, bem chamativo.
— Tem certeza que quer sair? — perguntou a amiga da cafeteria, animada. — Você tava tão pra baixo ontem…
— Justamente por isso. Preciso respirar. Lembrar quem eu sou sem essa bagunça emocional.
— E o Nicolas vai também?
Clara sorriu, simples.
— Vai. Ele é o tipo de homem que sabe respeitar o espaço da gente. E, sinceramente? Preciso de gente assim por perto agora.
Sofia ficou com a vizinha, já que era noite, e Clara saiu com um vestido leve, cabelos soltos, um brilho discreto nos lábios — linda, mas contida. Como uma flor que ainda carrega as marcas da última tempestade… mas está tentando florescer outra vez.
Leonardo não sabia, mas estava prestes a perceber que perder Clara… seria um erro que talvez não desse pra consertar.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
y0urdr3amb0y
Meu coração está acelerado! ❤️
2025-06-17
1