Aquele carinho do pai fez com que ela dormisse profundamente. Na manhã seguinte, Chiara acordou decidida a enfrentar tudo. Sabia que teria uma rede enorme de apoio. Não estava sozinha. Tinha uma grande família para protegê-la, então se levantou determinada, tomou um banho e se arrumou.
Antes de descer as escadas, fechou os olhos por um instante e visualizou a casa cheia: os irmãos, os sobrinhos, todos reunidos. E foi nesse momento que ela sentiu: ela tinha uma família. Uma família que a acolheu, a amou e a protegeu — principalmente os melhores pais do mundo.
Ela poderia ter ficado morando com seu irmão Alexandre e com Carla. Talvez eles seriam seus pais agora. Moraria com Luana e Ângelo, seriam os três irmãos. Mas o coração dela, com apenas quatro anos, escolheu. Escolheu aquele homem que sabe amar uma criança como ninguém. Aquele que, com um simples olhar, conquista o amor de um filho. Que promete o mundo e cumpre. Que nunca fez uma promessa que não tenha sido cumprida. Que nunca levantou a voz em ofensa, sempre com amor, carinho e firmeza. Educou todos os filhos para serem homens e mulheres de bem.
Mesmo com todos os seus dramas, como querer que todas as filhas fossem freiras, ele sempre foi inteiro por ela e pelos irmãos. Ela nunca foi menos amada. Sempre foi abraçada por aquele que considerava seu super-herói.
Enquanto ele estivesse ali, ela estaria bem.
Sentou-se à mesa com alegria. O pai a observou atentamente e perguntou, segurando sua mão:
— Você está bem, princesa?
Ela suspirou, sorriu e respondeu, beijando a mão dele:
— Eu estou bem, Papa. Vou terminar o café e ir até a casa do Alexandre. Chegou a hora de assumir, e eu sei que o senhor vai estar comigo para me ajudar.
— Sempre, minha princesa. Se você quiser, coloco uma mesa do teu lado e fico lá, te ajudando o dia todo.
— Eu te amo, Papa. O senhor foi a melhor escolha que eu fiz na minha vida. Mesmo sem entender o tamanho da escolha na época, foi Deus que me iluminou pra te escolher como pai. Tenho certeza que fiz a melhor escolha: troquei um fraco por um verdadeiro homem. Obrigada por cuidar de mim, por me abrigar aqui. Você e a Mamá são as melhores pessoas da minha vida. A melhor mãe do mundo e o melhor pai.
— Você vai embora, Chiara? — perguntou a irmã, com um sorriso provocativo.
— Claro que não, mini diaba. Só saio daqui no dia em que ele me casar.
Mateus, sempre pronto para brincar, abaixou o zíper da jaqueta e abriu dois botões da camisa:
— Como isso vai acontecer só daqui a uns cinquenta anos, sua irmã vai ficar muitos anos aqui com a gente ainda.
— O senhor é muito iludido, Papa. Na minha idade, Dayana e Daniela já estavam se casando.
— Nem me lembre disso! Tenho pesadelos até hoje com o dia em que Laranjinha e Salvatore vieram no mesmo dia dizerem que eram pretendentes das minhas filhas. Quase tive um infarto! Se Luana não tivesse prometido ser freira, eu ficaria com as anteninhas ligadas até hoje, pra isso não se repetir.
— Papá, por que o senhor não convence a Luana a desistir dessa ideia? Ela é tão bonita, poderia arrumar um amor. Todo mundo tem direito de ser feliz.
— Ela já encontrou um amor. Ama Jesus Cristo, e esse é o amor mais bonito que existe. Não vamos desviar sua sobrinha do caminho que ela traçou. Pelo menos uma vai se salvar, porque essa Alana aqui já é uma mini diaba!
— E com orgulho, Papá! — disse Alana, rindo. — A tia Bianca me mandou fotos da Mamá quando era pequena. Ela era igualzinha a mim! Disse que entre Dayana, Daniela, as gêmeas da Daniela e a Graziela, eu sou a que mais se parece com a Mamá. Então vou fazer alguém feliz igual a Mamá faz o senhor.
— Bruxinha! Dá um jeito na sua irmã! Ela, lá da Turquia, tá influenciando a nossa filha!
— Teremos tempo de controlar ela até lá — disse a mãe, rindo.
— Teremos tempo... — suspirou o pai. — Eu pisquei e as gêmeas cresceram. Pisquei de novo e Chiara... Amanhã vai ser a Alana. Ainda bem que Deus me deu um refrigério: Luana. Se fossem duas de novo, você ficaria viúva.
— Você fala tanto que eu vou ficar viúva, que eu acho que é você quem vai — retrucou a esposa. — Eu vou morrer antes de você.
— Nunca! — rebateu ele, com firmeza.
— Chega vocês dois — interrompeu Chiara. — Não vamos falar mais em morte. Já sofremos muito no ano passado com a perda do tio Vincenzo. Não queremos passar por isso tão cedo. Eu sei que as pessoas não são eternas, Papá, mas não vamos ficar chamando a morte. Da tia Valentina até hoje eu não me recuperei...
— Eu sei, princesa. A saúde da sua tia não anda bem. Temos que fazer uma visita pra eles. O Elioth te mandou mensagem? Ele está com medo. Não vamos mais fazer essas brincadeiras de morte.
— Ela tem saúde frágil... já tem 83 anos.
— É difícil concordar com você, princesa. Foi o tio Henrique há sete anos, depois a tia Laura, dois anos depois. Ano passado, o tio Vincenzo... infelizmente, a qualquer momento, a tia Valentina também pode ir...
— Mas chega — disse Chiara, levantando-se. — Deixa eu ir falar com o Alexandre. Vamos deixar as dores no passado. No final de semana a gente dá uma passada lá na casa da tia Valentina. Vamos passar uns três dias lá, Papá. Não podemos deixar para ir somente quando o pior acontecer.
— Tá bom, princesa. Sexta-feira, depois da escola das crianças, vamos pra Inglaterra. Vou ligar pro tio Elioth.
Chiara se despediu do pai, da mãe e da irmã. O irmão ainda estava dormindo. Mas ela saiu com o coração em paz, certa de que carregava o amor mais valioso do mundo: o amor de uma família que ela escolheu — e que, todos os dias, também escolhia ela.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 62
Comments
Jocemira Castro
Lindos! Já ia te perguntar Quel de outros tios de Mateus o ciclo edta se fechando e ficando só a nova geração.
2025-06-12
1
Marli Batista
Autora minha linda eu não estou preparada pra perder Matheus não como eu amo ele ♥️❤️♥️❤️♥️
2025-06-18
0
Helena Barbosa
❤️❤️😍🥺🤩🤩👏👏👏
2025-06-11
0