CAPÍTULO 2

O dia na empresa começou com aquela energia estranha no ar, como se cada passo que eu desse me levasse mais perto de um perigo que eu ainda não conseguia nomear. A Moretti Holdings parecia um lugar impecável: vidro, aço e silêncio. Mas por trás dos ternos bem passados e das palavras formais, eu sentia algo... bruto. Selvagem.

Enzo Moretti não me dirigiu mais que duas palavras pela manhã, mas o jeito que ele me olhou... meu corpo ainda sentia. Frio, intenso, como se me despisse com os olhos sem vergonha nenhuma.

"Senhorita Vasconcellos, preciso da sua assinatura nesses relatórios."

Foi só isso que ele disse. Mas meu nome saiu da boca dele como uma promessa. Ou uma ameaça.

Letícia, minha melhor amiga desde a faculdade, passou mais tarde na minha sala e me deu um sorrisinho safado.

— E aí, cê vai ficar presa nesse salto o dia todo? Vamo pra rua, mulher. Hoje é sexta, e eu tô precisando me sentir viva!

Dei risada.

Camila- Balada?

— Balada. E você não vai me dar desculpa. Bora usar aquele vestido que eu sei que você trouxe de Paris e nunca teve coragem de usar.

Bufei, fingindo resistência, mas meu coração já tava querendo dançar.

Em casa, horas depois, eu me olhei no espelho. Vestido preto colado, costas nuas, cabelo solto com volume, batom vinho. Me senti uma arma. Letícia me olhou com um sorriso vitorioso.

— Pronta pra matar geral, amor.

O lugar escolhido era um clube exclusivo no centro da cidade, luzes baixas, música que batia no peito, gente bonita por todos os lados. Me soltei. Dancei. Ri. Bebi um drink rosado com gosto de pimenta. Letícia dançava com um carinha alto que ela jurava ser modelo.

Foi quando eu o vi.

No camarote reservado. Camisa preta aberta no peito, terno jogado sobre o banco, olhar preguiçoso e atento ao mesmo tempo. Enzo Moretti. Sentado como se fosse dono do lugar. Talvez fosse.

Ele também me viu. E sorriu. Não um sorriso simpático. Um sorriso que dizia: "eu te reconheceria em qualquer lugar... e você sabe o efeito que tem em mim".

Meu coração pulou.

Continuei dançando, mas de um jeito diferente. Mais consciente. Mais provocante. Senti o olhar dele grudado em mim.

Minutos depois, ele desceu.

Veio até mim sem pressa. Como um caçador que sabe que a presa não vai fugir.

Se aproximou pelo meu lado, colou a boca no meu ouvido e falou com a voz baixa e rouca:

— Senhorita Vasconcellos... você sempre mexe assim os quadris quando tá fora do expediente?

Meu corpo arrepiou dos pés à cabeça. Olhei pra ele. Perto demais. Alto. Quente.

Camila- Só quando eu sei que tem alguém observando.

Ele sorriu de canto. Aquilo não era um flerte comum. Era um desafio. Um aviso.

— Cuidado, Camila. Olhares assim podem causar efeitos colaterais...

Camila- Tipo?

— Vontade.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. A respiração dele encostava na minha pele. Eu podia sentir o perfume, o calor, a energia. Era perigoso. Mas tão... viciante.

Letícia voltou no momento certo, puxando meu braço.

— Bora dançar, mulher!

Me afastei. Enzo não tentou impedir. Só ficou me olhando, com aquela expressão de que já sabia que isso era só o começo.

E eu sabia também.

Aquela noite mudou tudo. Ele entrou no meu mundo sem pedir licença. E eu deixei.

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