Capítulo 2 - Cheiro de Inimigo

A floresta respirava em silêncio.

O luar filtrava-se pelas copas das árvores, desenhando padrões prateados sobre a terra úmida. Mesmo sendo um Alpha era seu dia de fazer a patrulha e Josh caminhava em silêncio, com seus sentidos à flor da pele, guiado por algo que não era apenas instinto.

Ele estava sozinho agora, Thorne ficou para trás, respondendo a um chamado da alcateia. Kael preferia o silêncio — havia algo na noite que o atraía com força animal, estranho que até alguns dias atrás ele preferia o dia e o céu ensolarado, mas a noite se tornou tão encantadora como se um fio invisível o puxasse para mais fundo na escuridão.

Ele parou de repente, farejando o ar percebeu um cheiro

Não era cheiro de animal, nem de sangue derramado, era algo... sexy e tão tentador que estava mexendo com seus sentidos. Era Frio ao mesmo tempo muito quente, Doce, Quase floral, mas com uma nota metálica no final.

— Vampira — rosnou baixinho, com seus olhos âmbar se estreitando.

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Kyra também sentiu.

Desde que cruzou a fronteira pela primeira vez naquela noite, uma inquietação a acompanhava. Eira não sabia que ela estava ali — ninguém sabia, Kyra disse a si mesma que só queria “ver com seus próprios olhos” a floresta dos lobos. Mas no fundo, mesmo sem intender ela sabia que havia outro motivo, pois nunca sentiu o desejo de ir até a floresta do inimigo antes

Ela sentiu o cheiro dele antes de vê-lo.

Almíscar, terra molhada, e um calor tão intenso que concerteza era capaz de queimar

O cheiro de lobo.

Seu corpo congelou por um segundo, mas não fugiu, em vez disso, aproximou-se, devagar, como se algo dentro dela quisesse ver... Na verdade queria entender.

E então os dois se viram.

No meio da clareira, cercados por sombras e silêncio, Josh e Kyra pararam.

Ele era uma parede de músculos, pele morena reluzindo sob a lua, olhos como brasas douradas fixos nela. O peito arfava, não de medo, mas de alerta — de reconhecimento.

Ela era uma visão de outro mundo, longos cabelos negros com mechas prateadas que pareciam feitos de luar, pele tão pálida que refletia a luz, olhos vermelhos como rubis vivos. Ela não parecia ter saído de um pesadelo — parecia pertencer à noite.

O tempo ficou suspenso.

Josh deu um passo à frente, Kyra não recuou.

— O que é você ? — a voz dele era grave, rouca. Não era ameaça. Era confusão.

Kyra inclinou levemente a cabeça, olhos fixos nos dele.

— A pergunta não é o que, É quem.

— Você não devia estar aqui — disse Josh— Isso é território de lobos.

— E você não devia sentir o que está sentindo — respondeu ela suavemente — Mas sente, não é?

Aquela frase o atingiu como um soco.

Porque ela estava certa.

Aquela não era raiva, não era medo, era como se fosse algo antigo, enterrado. Como se o próprio lobo dentro dele reconhecesse ela.

Eles se encararam por mais um segundo, até que um estalo entre as árvores os alertou.

Kyra desapareceu num piscar de olhos.