Capítulo 2 – A Nova Rotina, O Mesmo Mar

O sol da manhã entrava pelas grandes janelas de vidro do quarto de MIA, banhando seus lençóis brancos com um brilho dourado. O som das ondas quebrando suavemente na areia era quase terapêutico. A mansão dos LANCASTER, com seus jardins impecáveis e localização privilegiada à beira-mar, era um paraíso à primeira vista — mas MIA sabia que nem todo paraíso era isento de venenos escondidos.

Ela se levantou devagar, caminhando até a varanda. O vento bagunçou seus cabelos enquanto seus olhos percorriam o horizonte. Respirou fundo. Aquela vista tinha sido o último lugar onde havia se despedido do pai. Agora, era o ponto de partida para sua nova vida.

MIA: é hoje… o primeiro passo.

Desceu para o café da manhã. A mesa estava arrumada como de costume — frutas cortadas, sucos naturais, pães frescos. DAMIEN foi o primeiro a aparecer, já sem camisa, usando apenas uma calça de moletom que pendia perigosamente nos quadris.

DAMIEN: bom dia, doutora.

MIA: não começa.

DAMIEN: só disse bom dia… e elogiei sua futura profissão.

Ele piscou com aquele sorriso provocador que só ele sabia dar.

Logo atrás, NICK entrou calado como sempre, com o celular na mão e os fones no pescoço. Sentou-se ao lado dela sem dizer uma palavra.

MIA: você sempre acorda assim, ou só quando estou por perto?

NICK: assim como?

MIA: calado. misterioso. parece até que carrega um segredo sombrio.

NICK: ou talvez eu só goste do silêncio.

MIA soltou uma risada curta, mas logo VERENA surgiu pela porta, impecável como se fosse capa de revista. Os saltos ecoando no piso de mármore, a maquiagem leve e o olhar afiado.

VERENA: bom dia, família.

ALEXANDER apareceu logo depois, de camisa social branca dobrada nos braços e cabelo perfeitamente arrumado.

ALEXANDER: MIA, está pronta pro seu primeiro dia?

MIA: mais do que nunca.

Ele assentiu com um leve sorriso, mas VERENA não parecia nada satisfeita.

VERENA: espero que você se divirta bastante na sua nova faculdade… deve ser emocionante voltar à rotina depois de tanto tempo no internato.

MIA: vai ser sim. principalmente sem gente falsa por perto.

O olhar de VERENA perfurou o dela, mas MIA simplesmente se levantou, pegando sua mochila.

MIA: tchau, mãe! vou com o motorista!

LAURA (da cozinha): boa sorte, filha! arrasa!

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Na universidade, MIA se sentia livre. O campus era moderno, movimentado e, principalmente, cheio de rostos desconhecidos. E um deles se destacou logo no primeiro instante: uma garota de cabelos ruivos cacheados, mochila com patches de bandas e um jeito estabanado de segurar livros demais.

GAROTA: ai! droga... eu sou um desastre!

MIA se abaixou para ajudá-la a recolher os livros.

MIA: calma, acontece.

GAROTA: obrigada. sou a LUNA. estou perdida e desesperada.

MIA: então estamos duas. sou a MIA.

LUNA sorriu, aliviada.

LUNA: vamos nos perder juntas, MIA?

E foi assim que nasceu a amizade. Ambas cursando Medicina, ambas com bagagens diferentes, mas com uma química leve e sincera. O destino, às vezes, acerta em cheio.

Durante o almoço no refeitório, LUNA revelou uma surpresa.

LUNA: por coincidência, acho que somos vizinhas! moro na casa com portões verdes, em frente à mansão branca. aquela que parece um castelo.

MIA: então é você que tem aquele vira-lata barulhento?

LUNA: o próprio! seu nome é Thor.

Riram juntas, enquanto o laço entre elas se firmava com naturalidade.

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À noite, de volta à mansão, MIA subia as escadas quando ouviu vozes vindo da biblioteca. A porta entreaberta permitia que visse VERENA discutindo com ALEXANDER.

VERENA: ela tem que ir embora.

ALEXANDER: VERENA, ela é minha irmã. cresceu com meu pai. você precisa parar com isso.

VERENA: ela não é sua irmã de verdade! não tem o mesmo sangue. e olha pra ela… olha! é óbvio que ela mexe com você.

ALEXANDER: isso é loucura.

MIA recuou silenciosamente, o coração acelerado. Subiu as escadas de volta ao seu quarto e trancou a porta. Sentou-se na cama, tentando entender o que acabara de ouvir. A vista da janela já não parecia tão tranquila.

Lá fora, as ondas continuavam quebrando, indiferentes ao caos que se formava dentro daquela casa.

MIA: então… é isso.

A guerra não tinha apenas começado. Ela já estava no meio dela.

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