A noite na mansão era sempre silenciosa, exceto pelo som constante das ondas batendo na areia e o farfalhar das cortinas com a brisa do mar. MIA se revirava na cama, tentando dormir, mas as palavras que ouvira na biblioteca ainda ecoavam em sua mente.
“ela mexe com você.”
Era VERENA dizendo aquilo. Era ALEXANDER negando. Mas... havia hesitação na voz dele? MIA não sabia, mas sentia que algo estava prestes a sair dos trilhos.
Levantou-se para beber água. Desceu as escadas em silêncio, vestindo apenas uma camisola fina de seda preta e um robe solto por cima. O piso de mármore gelado sob seus pés fazia seu corpo estremecer a cada passo.
Ao virar o corredor que levava à cozinha, quase colidiu com uma parede quente de músculos.
DAMIEN.
Estava sem camisa novamente, com uma calça cinza baixa e uma garrafa de água nas mãos. Seus olhos passearam lentamente pelo corpo dela.
DAMIEN: insônia?
MIA: algo assim. e você?
DAMIEN: talvez pressentimento.
MIA: de quê?
Ele se aproximou devagar, parando tão perto que ela sentiu o calor do corpo dele atravessar o tecido leve de sua roupa.
DAMIEN: de que essa casa vai ser um campo minado com você por perto.
MIA deu um passo para trás, mas encontrou a parede.
MIA: você deveria parar com isso...
DAMIEN: com o quê?
MIA: com esse jogo. com essas insinuações.
DAMIEN: mas quem disse que estou jogando? talvez só esteja... observando.
Seu dedo subiu devagar pelo braço dela, traçando uma linha imaginária até o ombro exposto. MIA prendeu a respiração. O toque era leve, mas tinha o poder de incendiar cada centímetro da sua pele.
MIA: você é meu irmão postiço.
DAMIEN: palavras bonitas, mas vazias. não temos laços de sangue, MIA. e nunca fomos criados juntos. você passou a vida toda num colégio. somos estranhos vivendo sob o mesmo teto… mas isso não impede a tensão, impede?
Ela não respondeu.
Ele se inclinou mais, os lábios quase tocando os dela, mas não completou o gesto. Parou a poucos milímetros, os olhos presos nos dela.
DAMIEN: boa noite, princesinha.
E então, ele se afastou, caminhando pelo corredor com aquela confiança irritante que só ele tinha. MIA ficou ali, ofegante, como se tivesse corrido uma maratona. As mãos tremiam, o coração batia rápido demais.
MIA: o que foi isso?
Subiu de volta para o quarto, mas o sono não voltou. Ela se jogou na cama, os pensamentos girando em círculos, repetindo cada palavra, cada toque.
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No café da manhã do dia seguinte, o clima estava estranho. DAMIEN parecia normal, como se nada tivesse acontecido. ALEXANDER lia o jornal, VERENA observava cada movimento de MIA como uma serpente à espreita.
NICK apareceu por último, o cabelo bagunçado e a camiseta amarrotada. Ele deu um leve aceno para MIA antes de pegar café e se sentar na ponta da mesa.
ALEXANDER: como foi seu primeiro dia, MIA?
MIA: ótimo. conheci uma amiga nova, LUNA. ela é minha vizinha.
VERENA: ah, que fofo. uma nova melhor amiga. aposto que vão passar madrugadas fofocando sobre a vida dos outros.
MIA: ou sobre o quanto certas pessoas se esforçam demais pra parecerem importantes.
DAMIEN tossiu tentando esconder uma risada. ALEXANDER franziu o cenho. NICK apenas observava, em silêncio.
VERENA levantou-se abruptamente.
VERENA: vou tomar café na varanda. preciso de ar fresco.
Assim que ela saiu, DAMIEN lançou um olhar de canto para MIA.
DAMIEN: dormiu bem?
MIA apenas o encarou com raiva.
MIA: você é um idiota.
DAMIEN: e ainda assim... você continua me olhando desse jeito.
ALEXANDER: o que está acontecendo entre vocês dois?
MIA: nada. absolutamente nada.
Levantou-se com o prato em mãos e saiu da sala.
Mas ao passar pela porta, sentiu de novo: aquele arrepio. A lembrança dos dedos de DAMIEN na sua pele. O quase beijo. E sabia, no fundo, que aquela não seria a última vez.
Não com ele olhando daquele jeito.
Não com o sangue fervendo a cada encontro.
O campo minado estava armado.
E MIA já havia pisado na primeira armadilha.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Sueli Parajara Bento
autora eu ainda não entendi o que essa Verena faz aí ela mora aí? é mulher dele ?ela não tem casa não?
2025-06-07
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