Capítulo Extra
“Olá ✨ Em comemoração ao meu aniversário ( que é hoje ksks) decidi fazer esses especial com todo amor e carinho a vocês! Espero que gostem!”
Acordei antes do sol nascer, mesmo sabendo que ele não chegaria até mim naquela mansão abafada.
Hoje era o meu aniversário.
Por um instante, sorri sozinha, abraçando o travesseiro. Mas a felicidade morreu tão rápido quanto veio.
Todos os anos, eu e meu pai tínhamos nosso ritual — acordar cedo, tomar café juntos, comer um bolo simples e conversar até tarde sobre qualquer coisa. Aqui… aqui era só mais um dia. Para eles, não passava de mais uma madrugada.
Passei o dia arrastando os pés pelos corredores, me sentindo mais leve que um fantasma. Nem os comentários maliciosos de Laito conseguiram me arrancar um revirar de olhos.
Laito
— Nfu~ tão séria hoje… — ele chegou a dizer, inclinando-se perto de mim. — Será que preciso te dar um motivo para sorrir?
Lysandra
— Não, obrigada. — respondi seca.
O dia passou como qualquer outro. Vozes ecoando pela casa, discussões entre irmãos, o cheiro distante de vinho e sangue.
À noite, já no meu quarto, fechei a porta e sentei à escrivaninha.
Peguei o cupcake que tinha comprado às escondidas na última ida ao mercado e coloquei uma velinha torta no topo.
A chama tremulou, iluminando meu rosto.
Lysandra
— Parabéns para mim… — cantei baixinho, quase num sussurro, para que ninguém ouvisse. Apaguei a vela e senti aquela pontada de solidão que eu tentava esconder.
O que eu não sabia era que alguém estava do outro lado da porta.
Parado, ouvindo cada palavra.
Às três da manhã, fui acordada por um toque insistente no ombro.
Ayato
— Oi, Esquisita. — Ayato estava agachado ao lado da minha cama, me olhando com aquele sorriso convencido. — Levanta. Agora.
Lysandra
— O quê? Ayato, são… — olhei para o relógio — três da manhã!
Sem me dar chance de protestar, ele praticamente me arrastou pelo corredor até o salão de jantar.
Quando as portas se abriram, meus olhos se arregalaram.
Balões pendurados. Presentes embrulhados em cores escuras. Um bolo…
Fiquei parada, incapaz de falar por alguns segundos.
Lysandra
— Como…? — comecei.
Ayato
— Surpresa. — Ayato disse, orgulhoso. — Mas não fui eu quem teve a ideia. Foi o Quatro-Olhos.
Olhei para Reiji, que ajeitava calmamente as luvas.
Reiji
— Li que aniversários são relevantes para humanos. — disse ele, como se fosse um simples experimento. — Achei apropriado.
Lysandra
— Apropriado? — repeti, rindo baixinho. — Isso é… incrível.
O bolo tinha o mesmo sabor que meu pai costumava comprar para mim todos os anos. Eu nem sabia como eles tinham descoberto.
Lysandra
— Como… vocês sabiam que era meu favorito?
Reiji
— Eu tenho minhas fontes. — Reiji respondeu, enigmático.
Foi então que percebi os presentes sobre a mesa. Um a um, eles os colocaram diante de mim.
Shu largou a caixinha na mesa com um baque seco, sem cerimônias.
Shu
— Porta-joias. Guarda suas porcarias aí dentro, se quiser. — cruzou os braços enquanto eu abria a tampa. O veludo vermelho e as pérolas dentro pareciam ganhar uma importância que ele jamais admitiria.
Laito jogou a caixa do leque no meio dos presentes, inclinando a cabeça com um sorriso torto.
Laito
— Leque veneziano. Vai precisar pra esconder a cara quando alguém te encher o saco. — falou, meio debochado, mas havia algo nos olhos dele que dizia que esperava que eu gostasse.
Kanato depositou sua caixa de música com cuidado, como se fosse uma relíquia.
Kanato
— Caixa de música. Não sei se vai gostar, mas… toca a música que ouvia quando era criança. — murmurou, e, por um instante, seu olhar parecia pedir que eu entendesse o que ele não dizia.
Subaru colocou o frasco de perfume sem rodeios.
Subaru
— Perfume raro. Não vai durar pra sempre, mas é melhor que o cheiro desse lugar. — disse, seco, como se não importasse, mas ainda assim aguardando minha reação.
Ayato, com seu sorriso cínico, deixou a caixa do diário sobre a mesa.
Ayato
— Diário. Pra guardar segredos. Ou pelo menos tentar. — disse, calmo, como se me desafiasse a não gostar.
Eu abria cada presente, e o silêncio na sala era quase palpável. Não havia palavras gentis, mas havia algo mais denso, silencioso, que preenchia o ar.
Lysandra
— Valeu. — murmurei, tentando parecer indiferente, mas sentindo o peito apertado.
Reiji, que observava, ajeitou os óculos com um sorriso quase imperceptível.
Reiji
— Interessante ver tanto “desdém” em algo que claramente carrega tanto significado.
Eles se entreolharam por um instante. Nenhum se importava em admitir o que sentia, mas o que não era dito… pesava mais do que qualquer palavra.
Antes que eu pensasse, atravessei a mesa e abracei Reiji, depositando um beijo rápido em sua bochecha. Ele congelou. Literalmente.
Quando me afastei, todos os outros me olhavam como se eu tivesse acabado de quebrar uma lei sagrada.
Reiji
Reiji apenas ajustou os óculos, desviando o olhar.
— Hm. Suponho que isso seja… um agradecimento.
Lysandra
— É mais do que isso.
E, por mais estranho que fosse, naquele momento, senti que… não estava completamente sozinha naquela casa.
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