4. O Começo do Caos
Já era de manhã, e a noite mal dormida me deixaria com olheiras profundas
Ainda envolta pelo sono, franzi o cenho e tentei me virar para o lado. Foi quando senti algo pesado ao meu redor.
Minhas sobrancelhas se juntaram de leve, e, em um despertar lento e relutante, meus olhos abriram. O quarto ainda estava escuro, iluminado apenas por feixes pálidos de luar, mas eu não precisei de muita luz para perceber.
Havia alguém na cama comigo.
E esse alguém estava me segurando.
Minha respiração prendeu-se no ato. O braço ao redor da minha cintura não era um simples gesto inconsciente. Era firme, como se pertencesse a alguém que estava ali porque queria estar. Meu coração deu um salto desconfortável quando senti o calor do corpo dele contra minhas costas, sua respiração ritmada batendo contra a minha nuca.
Antes que o pânico tomasse conta, meus olhos deslizaram para o lado e, por entre as sombras, avistei o dono daquele abraço.
Ele estava ali, na minha cama, deitado ao meu lado como se aquele fosse o lugar dele desde sempre.
A sensação quente da pele dele contra a minha atravessou qualquer vestígio de racionalidade. Meu coração disparou de uma forma desconfortável, e antes que eu pudesse evitar, um pensamento absurdo me ocorreu:
Se eu não soubesse quem ele é, quase pensaria que somos um casal.
O choque veio logo em seguida, e eu me odiei por aquela linha de raciocínio. Eu não tinha tempo para devaneios ridículos. Eu precisava sair dali.
Movi-me o mínimo possível, tentando deslizar para fora do abraço dele sem chamá-lo a atenção. Mas foi um erro.
Assim que tentei me afastar, Ayato resmungou algo incompreensível e… puxou-me de volta.
Meus olhos se arregalaram no mesmo instante. Ele me enlaçou como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, seu corpo alinhando-se ainda mais ao meu. Eu senti o peito dele colado às minhas costas, sua respiração quente contra minha orelha.
Ayato
— Hm… — Ele murmurou, afundando um pouco o rosto no meu cabelo. — Para de se mexer tanto.
Minha mente deu um curto-circuito.
Lysandra
"Muito perto, muito perto, muito perto"
E então, em um ato completamente impensado e desesperado, eu fiz a única coisa que veio à minha cabeça:
O barulho ecoou pelo quarto, e num reflexo de puro pavor, empurrei o corpo dele com toda a força que consegui reunir. O problema? Eu estava na beirada da cama.
E, claro, o universo tinha um senso de humor cruel.
A dor nas costas foi instantânea, mas nada comparado ao peso da humilhação. Permaneci ali por alguns segundos, processando o que havia acontecido, enquanto o veludo do tapete não fazia nada para amenizar a frustração.
Do colchão, um barulho de lençóis sendo movidos.
Ayato
— …Tsk. Que escândalo. — Ele revirou os olhos
Ergui os olhos e vi Ayato, agora apoiado sobre um cotovelo, me observando com um sorriso preguiçoso nos lábios.
Lysandra
— O que está fazendo aqui..? — Disse surpresa
Ayato
— Por que mulheres pensam tão devagar? — Ele massageou a têmpora, desinteressado.
Em um piscar de olhos, Ayato puxou meu pulso e me pôs na cama novamente aproximando meu rosto do dele
Ayato
— Vou deixar uma coisa clara, caipirinha. A partir do momento em que pisou os pés nessa mansão, você me pertence.
Ayato
— E se outro homem te encostar, vou fazer questão de cortar todos os membros dele.
Seu semblante ficou sombrio, não era um blefe.
E o tom brincalhão habitual de sua voz tinha sumido..
Ayato me olhou uma última vez antes de sair do quarto
Me deixando ali, com um enorme alvo nas costas
Meu coração estava a mil e eu sentia minhas mãos tremerem
Lysandra
— ...O que foi isso...? — Disse apertando os lençóis
Eu iria para uma escola noturna
Onde tinham somente os ricos e famosos
Era uma instituição de enorme prestígio e poucos tinham o prazer de estudar lá
Minha vida tinha mudado da noite para o dia, em todos os sentidos
A insegurança de não conseguir acompanhar os outros alunos era crescente
Era uma maravilhosa ideia me matricular no meio do semestre escolar, é claro que iria dar certo.
O uniforme coube perfeitamente como uma luva
Como eles poderiam saber minhas medidas com tanta precisão...?
Balancei a cabeça afastando o pensamento, foi apenas uma coincidência.
Meu cabelo as vezes decidia ser indomável, e isso acontecia nos piores momentos
Bufei irritada e pus uma tiara de pérolas resolvendo o problema
Havia uma enorme limosine do lado de fora da mansão
Lysandra
"Eles parecem gostar bastante de uma vida luxuosa..."
A porta do carro já estava aberta, e seis pares de olhos extremamente brilhantes e famintos me encaravam de cima abaixo
Fiquei espremida perto da porta. Eu queria distância—Ainda mais usando uma saia extremamente indecente pra um ambiente escolar.
Quem era o lunático que tinha feito o uniforme feminino?!
Ayato estalou a língua e olhou pra mim de forma sínica
Ayato
— Estamos no verão. Qual é a das meias?
Lysandra
— Os sapatos eram desconfortáveis. — Disse olhando para o carpete do carro
Ayato
— Que estranho. Eram trinta e cinco. Você calça trinta e cinco, não é?
Seu sorriso fez meu corpo arrepiar de medo. Eu era como um ratinho indefeso em meio a gatos que queriam algo pra caçar.
Comments
Killspree
Adoro como essa história nos faz sentir várias emoções ao mesmo tempo.
2025-08-04
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