Naquela era, durante alguns anos, muitas histórias eram contadas sobre um grupo de quatro pessoas que andavam pelas terras verdejantes com capuzes cobrindo seus rostos. Reinos e qualquer outro exemplo de civilização foram obliterados por eles, deixando a marca profunda da morte. Os feitos de tal grupo foram muito além daquele continente, chegando até mesmo aos ouvidos dos impérios existentes muito distantes dali, como Valkyrieon, Olympia e Davolvile.
Eva seguia as ordens da estranha misteriosa como uma mera marionete, caminhavam juntos em um vale com grama alta. Havia um suporte com formato de baú sobre duas rodas, a mulher ficava ali sentada enquanto o homem gigante arrastava a carroça pelo suporte. Eva agora tinha aproximadamente dezenove anos, assim como o garoto que tinha o dobro do tamanho. Ela nunca viu o rosto de nenhum deles, exceto o jovem Vidrac, ele tinha o costume de encarar Eva por um longo período, expondo sua pele pálida e algumas mechas de seu cabelo prateado, algo completamente incomum, até mesmo seu nome era desconfortável.
A grama alta se balançava, chamando a atenção do grupo. De repente, uma multidão de homens cercou-os com clavas em mãos e pele de lobo sobre os ombros, mostrando os dentes como uma ameaça. Naturalmente havia um líder entre eles, com caninos espalhafatosos e pelos aglomerados no peito.
— Caminhantes das Sombras, mantos negros — o selvagem apontou sua clava para Eva e Vidrac que estavam na frente. — Suas cabeças valem ouro.
— Qual é sua graça, meu caro guerreiro? — a estranha misteriosa desceu de sua carruagem indiscreta como se realmente fosse uma pessoa normal.
— Günther, primogênito de Hunter. — Respondeu em uma carranca. — Meu nome não é importante, sua cabeça que será esmagada por mim.
— Zero. — A mulher disse, logo em seguida veio o silêncio.
Os selvagens se encararam sem entender, a estranha misteriosa tomou a frente do grupo enquanto Chronos e Vidrac se ajoelharam. Eva foi a última a curvar a cabeça.
— Zero é o algoritmo que permeia entre os dois infinitos. Números naturalmente são limitados e, ao mesmo tempo, o final deles é incompreensível — ela colocou a mão no peito como uma apresentação formal. — Por tanto, eis o meu nome.
Os homens avançaram sobre ela com clavas erguidas e gritos que mais pareciam rosnados, porém em alguns segundos cada um deles se encontrava estatelado no chão mesmo que em seus corpos não houvesse nem mesmo um único machucado. O lider fora poupado, estava paralisado com o medo escorrendo de sua alma.
— Conte histórias sobre mim, diga o que viu aqui, meu caro guerreiro.
Tropeçando em si mesmo, o selvagem retornou para dentro da grama alta pronto para espalhar o nome de Zero. Eva ainda não compreendia o propósito dela, mas entendia que era útil para aquela mulher.
Normalmente paravam em locais aleatórios envolvendo muita sombra como cavernas profundas. Zero se esgueirava na parte mais escura como se nem ao menos estivesse ali, Chronos se mantinha na entrada da passagem como um vigilante que nunca descansa. Eva e Vidrac sentaram-se em volta de uma fogueira cujas chamas distorciam suas sombras lançadas nas paredes da caverna.
— O que somos, afinal? — ela movia um graveto de um lado para o outro espalhando faíscas.
— Um propósito. — Vidrac retrucou pondo a mão entre as chamas sem colecionar queimaduras.
— E qual seria?
— Sua voz monótona é irritante, você é patéticamente fraca, não consigo entender o motivo da minha deusa ter a escolhido.
— Deusa? É assim que a enxerga?
— Suas perguntas são tão irritantes quanto sua voz, deveria ter morrido com seus pais.
Eva moveu a cabeça na direção dele mirando seus olhos mortos para o rapaz brincando com o fogo sem ter preocupação de se queimar.
— Mas foi exatamente isso que aconteceu.
Vidrac espalmou as chamas extinguindo a luz que ali habitava em uma posição animalesca preparando para atacar.
— Qual seria a forma mais dolorosa de se perder a vida? Ter seu coração congelado bem devagar ou engolir lava fervente?
Eva alcançou o cabo de sua espada montante ao se erguer colocando a lâmina em frente ao corpo antecipando qualquer movimento do outro.
— Quietos.
A voz inigualável de Zero espalhou sua presença por todos os lados como um rio transbordando capaz de cobrir qualquer superfície sólida. Chronos se ajoelhou de imediato, Eva e Vidrac se curvaram logo em seguida quando a figura de uma mulher encapuzada saiu da escuridão, ela sempre estava na escuridão.
— Perdão, minha deusa — disse Vidrac com a mão sobre o peito. — Alguns ratos estavam fazendo barulho.
Zero parou no espaço entre eles dois de frente para a saída da caverna, ela pousou uma das mãos sobre a cabeça do jovem rapaz e a outra em Eva. Era possível sentir os ossos frios e pesados mesmo através do tecido grosso do manto.
— Observei este mundo por muito tempo, mas estou ficando cansada de caminhar, crianças. — A estranha misteriosa suspirou. — Meu último desejo será realizar o maior feito de qualquer indivíduo: a ascenção de um império. Criaremos uma fortaleza em pouquíssimo tempo usando a força, cada um de vocês irá explorar uma região para a composição do império.
— Como desejar, minha deusa. — Vidrac sussurrou.
— Deixem nossa marca na história, mudem o mundo de alguma forma, alterem as regras estabelecidas, criem uma nova era. — Zero retornou para a escuridão com uma voz desgastada como se até mesmo o ato de falar fosse doloroso. — Ouçam, em minha ausência um de vocês carregará meu legado.
Eva viu, mesmo no escuro, Vidrac sorrir em êxtase como se ela estivesse falando dele mesmo que seu nome não tenho sido citado.
A região sob sua responsabilidade fora o Norte onde o verde se intensificava com florestas e o tempo era quente na maior parte do ano com suas terras férteis e belos campos floridos. Eva estava polindo a lâmina de sua espada próxima a um desfiladeiro visualizando minuciosamente cada passo que tomaria para completar a missão. Naquele momento, uma caravana passava pelo caminho estreito, os mercadores pularam para fora assim que viram a figura encapuzada e uma espada gigante.
— Acredito que aprecie coisas bonitas — disse o mercador barbudo erguendo um colar de pérolas ao lado de seu sorriso amarelo. Seus companheiros se juntaram a ele para observa-la.
— Caravanas não tem como principal rota lugares tão complexos — sussurrou ela escolhendo uma base ao empunhar sua lâmina.
— Essa coisinha é muito esperta — o barbudo gargalhou atirando o colar para longe e tirando um punhal de dentro das calças. — Sua cabeça está valendo moedas de ouro e prata, sabia?
— Estou ciente.
Os homens com as lâminas erguidas sobre suas cabeças avançaram simultaneamente aos gritos forçando Eva a girar a cintura e os calcanhares para aplicar um corte desajeitado na horizontal que por acidente atingiu o chão causando o rompimento do solo. Tanto ela quanto os inimigos despencaram em direção a floresta tão distante. Devido a sua inexperiência, Eva falhou em se proteger sozinha se colidindo com os galhos da árvore mais alta, sentiu uma terrível dor na perna e logo em seguida bateu a cabeça em uma pedra ao fim da queda.
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Atualizado até capítulo 20
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