No domingo, a casa parecia cenário de filme mudo. Hana saiu cedo. Minjae ficou na sala, girando uma caneca nas mãos como se fosse um oráculo. Nem o celular ele queria encarar. Tinha uma mensagem de Yerin ali. E o gosto amargo da expressão da Hana ao vê-la.
Quando ela voltou, estava com compras na mão e fones no ouvido.
— Quer ajuda? — ele arriscou.
— Não.
Beleza.
— Você ainda tá brava?
— Não tô brava, tô lúcida.
— Então pode me explicar por que você me trata como um invasor desde ontem?
Ela largou as sacolas com força no balcão.
— Você quer mesmo conversar ou só quer ter razão?
— Quero entender! Caramba, Hana, eu não sabia que ver uma ex por dez minutos ia causar uma guerra fria.
— Minjae, o problema não é a ex. É você não saber colocar limites. Você acha que ela veio só devolver livro? Ela veio medir território. E você deixou.
Ele ficou quieto. Porque, no fundo, sabia que ela tava certa.
— Se você não liga pra isso, beleza. Mas eu não vou ficar assistindo esse teatrinho, fingindo que não incomoda. Porque incomoda.
Silêncio.
— E se eu disser que não quero mais ver a Yerin? — ele perguntou.
— Aí eu digo que você devia ter dito isso antes dela sentar no meu sofá com aquele perfume de vilã da novela das nove.
Ele mordeu a boca, prendendo a risada.
— Você tá fazendo piada agora?
— Eu sou assim. Irritada e engraçada. Vai se acostumando.
Eles ficaram se encarando por um segundo a mais. E esse segundo foi importante.
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Na semana seguinte, eles voltaram à rotina. Meio torta, mas funcionando.
Hana começou a fazer yoga na sala. Minjae ria escondido.
— Você parece uma minhoca quebrada nesse alongamento, ele disse, certa manhã.
— E você parece um elogio que veio errado do céu e caiu no chão.
— Isso nem faz sentido.
— Igual sua cara de pau.
Os dois riram. Um riso pequeno, mas que quebrou o gelo.
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Jiwon apareceu de novo no sábado, trazendo cerveja e o caos habitual.
— Já brigaram hoje ou posso provocar?
— A gente evoluiu, Hana respondeu.
— Agora a briga vem com trilha sonora de K-drama, Minjae completou.
— Ain, casal fofo. Vocês dois tão num romance lento de dorama clássico. Daqui a pouco vai ter um beijo sob a chuva e vocês vão negar por três episódios.
— A diferença é que aqui não tem episódio, tem aluguel, Hana resmungou.
Mas o clima já era outro. Tinha riso. Tinha implicância. Tinha um jogo acontecendo ali — e os dois sabiam.
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Na quarta-feira, tudo mudou de novo.
Hana chegou do trabalho, exausta. Quando entrou em casa, ouviu Minjae no telefone:
— …não, Yerin. Eu falei que não dá. A gente não tem mais nada pra conversar…
O estômago dela virou.
Ela passou direto pro quarto, largando os sapatos no caminho. Minjae desligou logo depois e veio atrás.
— Hana?
— Não precisa explicar. Eu escutei.
— Eu tava encerrando. De verdade.
Ela virou, encarando ele.
— Se ela aparecer de novo aqui, Minjae… juro que eu viro a vilã da história. E você vai ser o idiota que não soube escolher o lado certo.
Ele engoliu seco.
— Não vai acontecer. Ela é passado. Você é presente.
Silêncio.
— E o futuro? — ela perguntou, num sussurro.
Ele hesitou.
— Ainda tô aprendendo a lidar com isso.
Ela assentiu, como se entendesse. Mas no fundo, o coração dela estava fazendo o dobro do barulho que ela deixou transparecer.
Continua.
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Sōsuke Aizen
A história está incrível, atualize logo para eu continuar lendo!!
2025-05-05
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