Eduardo Alencar
Por um breve momento, o velho hesitou. Seu peito subia e descia com força, o rosto enrubescido pela fúria. E então, com um sorriso amargo, ele deixou escapar as palavras que mudariam para sempre a vida de Esmeralda.
___ Eu entendi tudo... Não vai ser nenhum sacrifício para você se deitar com esse cigano sujo... Está se comportando exatamente como a sua mãe.
O silêncio caiu como uma bomba.
Esmeralda empalideceu. Seu corpo inteiro ficou rígido, como se tivesse levado um golpe físico.
___O que o senhor disse? - sussurrou ela, sem acreditar no que ouvia.
Ele cruzou os braços, impassível.
___ Você ouviu muito bem. Sua mãe não morreu sozinha naquele acidente . Ela estava tendo um caso com um cigano imundo como esse aí - ele apontou para Darius com desprezo.
___Eu ia fugir com ele quando o carro capotou na estrada e quer saber eu queria ter pessoalmente matado os dois mais o destino se encarregou disso.
Esmeralda levou as mãos à boca, os olhos arregalados de surpresa e agora entendia porque seu pai odiava tanto Darius. ao lado dela,Darius também ficou atônito, as peças do quebra-cabeça finalmente se encaixando em sua mente. Agora entendia o ódio irracional que o homem sentia por ele.
— Sinto muito, papai... — murmurou Esmeralda, a voz embargada pela culpa. — Deve ter sofrido muito com essa traição...
— Sim... — respondeu Eduardo, a expressão endurecida pela dor antiga.
— E também com a morte da Helena, mesmo sabendo que ela não valia nada... — Seus olhos se estreitaram, sombrios.
— Agora entende por que eu prefiro a morte do que ver você ao lado desse sujeito?
— Mas se eu não fizer o que ele quer... — a voz dela tremia.
— O senhor sabe que ficaremos sem um teto, e o senhor irá, certamente, preso...
— Pois eu não me importo! — exclamou ele, com um orgulho amargo.
— Volte para sua casa, para o seu marido, e deixe que eu pague pelos meus pecados, filha.
Foi então que Darius se aproximou, seu olhar faiscando uma mistura perigosa de desejo e decisão.
— Nem pense em mudar de ideia quanto a isso — sua voz soou baixa, rouca e ameaçadora.
— Já que você me deu sua palavra, Esmeralda... você vai cumprir. Querendo ou não, nem que eu tenha que levá-la à força daqui.
— Se tocar com suas mãos imundas na minha filha, eu... — rosnou Eduardo, avançando instintivamente.
Darius perdeu a paciência. Com um movimento rápido, sacou uma pistola do coldre oculto sob o paletó e apontou friamente para o peito do velho.
— Tente me impedir... — disse, a voz calma como a morte. — E será um homem morto. Não me force a fazer algo que, sinceramente, me dará o maior prazer em fazer.
— Não! — gritou Esmeralda, num apelo desesperado.
— Por favor, nos deixe em paz! — Ela então abaixou a cabeça, a vergonha queimando suas entranhas. — Tudo bem... Se quiser que eu seja sua amante... serei. Mas...
— sua voz falhou por um instante
— ...não preciso morar com você para isso...
O sorriso de Darius foi sombrio, cruel.
— Eu já disse que será minha — murmurou, guardando a arma com calma.
— E é na minha casa, na minha cama, que você vai dormir. E eu vou levá-la... querendo ou não.
__Você não seria louco... - desafiou ela, com o coração disparado.
Mas ele foi.
Sem qualquer cerimônia, Darius a tomou nos braços como se ela fosse leve como uma pena. Jogou-a sobre seu ombro, ignorando seus protestos e socos fracos contra suas costas. Para ele, ela era como um saco precioso de batatas, impossível de largar.
___Darius! Solte-me! - ela gritava, enquanto ele caminhava decidido até o carro.
Com brutalidade e uma intensidade animalesca, ele a colocou no banco do passageiro, prendeu o cinto com força, como se a amarrasse, e deu partida no carro com um rugido do motor. A poeira levantou-se atrás deles enquanto ele saía em disparada daquele inferno.
Dentro do carro, o ar era denso, eletrizado.
Ela o olhava com raiva e medo, mas também com uma chama nascente de algo proibido que ela mal compreendia. Darius dirigia com os dentes cerrados, o maxilar tenso, os olhos negros como a noite, desviando para ela de tempos em tempos.
___Você é minha agora, Esmeralda - disse ele, sua voz carregada de promessa e ameaça.
___ Nem que eu tenha que amarrá-la em minha cama até que aceite isso.
Um arrepio percorreu a espinha dela, misturando medo e excitação. Algo dentro de si, que ela não sabia que existia, despertava - algo tão primitivo quanto o cigano que agora a raptava para um destino inevitável.
E, pela primeira vez, Esmeralda se perguntou se sua luta era mesmo contra Darius... ou contra a si mesma,contra o que estava sentindo por aquele novo Darius muito diferente do homem terno e carinhoso que conheceu ,mas mesmo estando tão cheio de ódio ele continuava mais lindo do que nunca e isso só aumentava a atração que sempre sentiu por ele.
O silêncio dentro do carro era insuportável, cortante como uma lâmina.
Esmeralda cravava os olhos em Darius, o peito arfando de indignação.
____Assim que eu conseguir fugir, vou direto para a delegacia - disparou ela, a voz trêmula, mas firme.
___Vou acusá-lo de sequestro. Porque é isso que você está fazendo, Darius! Um crime!
Ele soltou uma risada seca, sem tirar os olhos da estrada.
- Fugir de mim? - sua voz soou sarcástica, carregada de uma arrogância selvagem.
___Isso seria interessante de ver. Mas posso garantir uma coisa, Esmeralda... ninguém é louco o bastante para tentar me prender. Não mais.
Ela estremeceu, sentindo a gravidade de suas palavras. O homem ao seu lado não era mais o rapaz doce que a fazia sorrir anos atrás. Era um predador, e ela era sua presa.
- Você está completamente fora de si! - ela gritou, batendo com as mãos no painel.
Num movimento brusco, Darius puxou o volante para a direita e o carro derrapou, parando em uma estrada deserta cercada por árvores e escuridão. Antes que Esmeralda pudesse reagir, ele já havia desligado o motor e se virado para ela, seus olhos incendiados.
- Chega. - Sua voz era um rugido grave, cheio de fúria e desejo contidos.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Jeneci Nunes
nossa essa fúria do Darius é só desejo e amor contido ❤️🔥
2025-04-29
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Anna Lucia Da Silva Pereira
, nossa amor e ódio andam lado a lado
2025-05-15
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Irene Saez Lage
Meu Deus socorro esse homem é perigoso
2025-04-29
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