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Desafio Iniciado: Enfrentar a Raiz do Medo

[ ALERTA: DESAFIO INICIAL EM PROGRESSO ]

[ TESTE DE IDENTIDADE: "ENFRENTAR A RAIZ DO MEDO" ]

[ OBJETIVO: REJEITE A FALSIDADE. ACEITE SUA ESSÊNCIA. ]

Neko — N-Não... lutar com eles...? — balbuciou Neko, a voz se desfazendo em pânico. — Eu... não consigo...

Seus músculos estavam travados, o coração batia tão alto que abafava o som ao redor. As figuras diante dele — versões disformes e grotescas de seus irmãos — o encaravam com sorrisos abertos demais, olhos vazios demais.

Lysa, com um movimento fluido, estendeu o braço. A água ao redor se reuniu, girando no ar até formar uma estaca maciça e afiada como uma lança.

Lysa — Vamos brincar, maninho. — disse ela, com a voz melódica e aterrorizante.

Ela lançou.

A estaca voou como um raio — e passou de raspão pela bochecha de Neko, deixando um corte fino que começou a sangrar lentamente.

Lysa — Ops. — disse Lysa, sorrindo com o rosto rachado. — A próxima vai no coração.

O instinto gritou mais alto que o medo.

Neko virou-se e correu, tropeçando nos próprios pés enquanto atravessava o salão em ruínas e subia aos trancos e barrancos as escadas em espiral do restaurante. Os degraus se contorciam sob seus pés, como se odiassem sua fuga.

Ele entrou no quarto dos pais. Tudo ali estava parado no tempo: as fotos queimadas nas molduras, o cheiro de fumaça misturado a lavanda, os espelhos rachados refletindo rostos que não estavam lá.

Sem pensar, ele se jogou dentro do velho armário de madeira, forçando a porta a fechar-se atrás dele. No escuro, abraçou os próprios joelhos, o corpo inteiro tremendo, os olhos arregalados. O som do próprio choro se misturava aos ruídos distorcidos que ecoavam de fora.

Neko — Por quê? Por que comigo...? — sussurrava, os dentes batendo. — Eu só queria... pertencer...

Então, o som do portal se abriu. Um estalo seco, seguido de um rugido abafado como se o mundo estivesse sendo sugado.

Pela fresta do armário, ele viu as luzes do quarto oscilarem. Um redemoinho negro brotava no meio do quarto, distorcendo o ar, rasgando o chão em linhas flamejantes.

De dentro, emergiu a figura de Jorin, envolto em sombras vivas.

Jorin — Neko... — disse ele, com uma voz que parecia vir de vários lugares ao mesmo tempo. — Abra a porta, irmãozinho... estamos com saudade.

Lysa e Nayel surgiram dos cantos, dobrando o corpo de maneiras impossíveis, como bonecos quebrados. Todos riam. Riam como se compartilhassem um segredo antigo e doentio.

Nayel — Não se esconda de quem te ama... — sussurrou Nayel, com a cabeça virada ao contrário.

Dentro do armário, Neko sentia o próprio mundo desmoronar.

A escuridão ali dentro não era apenas ausência de luz — era um vazio que sugava sua esperança. As vozes dos "irmãos" o chamavam, riam, provocavam, como ecos da vergonha que ele carregava desde criança.

“Você nunca teve poder.”

“Você é um erro.”

“Nem deveria ter nascido.”

Ele tapava os ouvidos com as mãos, os olhos apertados. As memórias de sempre estar atrás... de ver os irmãos brilharem enquanto ele servia comida... de fingir não se importar com os cochichos pelas ruas...

Seu peito queimava.

Um calor sufocante, algo estranho — como se um sol estivesse sendo forjado dentro dele.

A voz de Jorin sussurrou novamente, como uma lâmina deslizando no escuro:

Jorin— Aceite, Neko. Você é só um fragmento quebrado...

Foi então que algo quebrou.

Mas não o armário.

Nem a porta.

Foi dentro de Neko.

Um estalo seco. Uma rachadura invisível.

E então...

A explosão.

Um clarão emergiu de dentro do armário. Um grito silencioso se espalhou como uma onda de choque. O ar se distorceu, o quarto tremeu. As sombras gritaram. O portal negro oscilou como se tivesse sido atingido por um trovão.

O poder que explodiu não tinha forma, nem direção definida. Era pura emoção condensada. Medo, raiva, dor, vergonha... tudo misturado em uma energia que o mundo jamais havia sentido antes.

Os falsos irmãos cambalearam para trás.

As formas monstruosas deles começaram a se fragmentar.

Os rostos rachavam como porcelana, revelando o vazio por dentro.

Nayel — O que... é isso?! — gritou Nayel, os olhos derretendo em luz.

Lysa — Isso... não deveria existir... — balbuciou Lysa, sendo puxada para trás por ventos invisíveis.

As paredes do quarto se desfizeram como papel queimando. O mundo invertido começou a colapsar ao redor de Neko, como se aquela emoção pura fosse tóxica para aquele lugar construído por ilusões.

No centro da explosão, Neko pairava. Seu corpo levitava levemente, envolto em uma aura azul-prateada pulsante, como se o próprio tempo hesitasse diante dele.

Uma voz suave — diferente das anteriores — ecoou em sua mente:

[ SISTEMA DETECTA DESPERTAR INCOMUM ]

[ PARÂMETRO DE EMOÇÃO ULTRAPASSADO: "LIMITE HUMANO" ]

[ NOVO TÍTULO: AQUELE QUE QUEBROU O ESPELHO ]

[ HABILIDADE DESBLOQUEADA: RESILIÊNCIA ANÔMALA ]

Você enfrentou a dor e sobreviveu. Sua alma não será mais moldada pelo medo.

As formas dos irmãos viraram pó. A névoa se dissipou.

E então... silêncio.

Tudo ao redor era branco novamente. O chão era água calma. Nenhum som. Nenhum monstro. Apenas Neko, de joelhos, ofegante, com lágrimas nos olhos e sangue seco no rosto.

— E-eu... não sou como eles... mas... ainda sou eu. — sussurrou.

O Sistema respondeu:

[ Primeira Etapa Concluída. ]

Um novo portal se abriu.

Desta vez, dourado.

A luz dourada o envolveu como um abraço silencioso.

Neko não sentiu seu corpo mover — não havia peso, não havia som. Apenas uma transição suave, como se sua consciência estivesse sendo carregada pela correnteza do próprio destino.

Quando abriu os olhos novamente...

lá estava ele.

O Nada.

Branco. Infinito.

Mas agora, diferente da primeira vez, o chão líquido refletia algo novo — uma silhueta brilhando no fundo das águas, como se ele estivesse flutuando sobre o próprio reflexo em evolução.

Seus pés tocaram a superfície sem afundar. O silêncio era absoluto, mas não mais sufocante.

Agora... era sereno.

E então, ele apareceu novamente.

O mesmo ser disforme, metade luz, metade sombra. Mas desta vez... ele não parecia ameaçador. Seu corpo já não se contorcia de forma irregular — seus traços estavam mais definidos, os olhos, agora visíveis, brilhavam como estrelas antigas.

??? — Então... você não quebrou — disse a entidade, com uma voz que parecia ser de Neko mais velho.

Neko olhou ao redor, o peito ainda arfando.

Neko — O que... é tudo isso? Onde eu estou de verdade?

A entidade deu um passo, e a água brilhou sob seus pés. Ele ergueu a mão, e símbolos flutuaram no ar — runas vivas, escritas numa língua que Neko compreendia sem saber como.

??? — Você está dentro de si. Esse lugar... é a essência da sua alma.

O Espaço Ancestral. O Véu Branco. O seu verdadeiro centro.

Neko piscou, confuso.

Neko — Mas... eu não tenho poderes. Nunca tive...

??? — Porque seu corpo... — interrompeu o ser, calmamente — não foi feito para os poderes comuns.

O ser tocou o próprio peito e projetou uma imagem: um cadeado dourado cercado de correntes negras.

??? — Você nasceu com uma trava ancestral. Uma proteção. Não por fraqueza... mas porque seu interior não era compatível com a Energia Primária, que todos usam neste mundo.

Neko — Então... eu sou um defeito?

??? — Não. — disse o ser, sério. — Você é uma exceção.

O cadeado se abriu na imagem, e uma engrenagem etérea girou em espiral.

??? — Seu corpo é compatível com algo muito mais raro. Mais antigo. E infinitamente mais perigoso:

O Sistema de Crescimento Infinito.

As palavras ecoaram por todo o espaço branco como trovões.

Neko — Crescimento... infinito?

??? — Sim. Você não precisa nascer forte. Você se torna. E se continuar avançando... não haverá limites para o que pode alcançar.

Mas isso tem um preço, Neko.

O ser estendeu a mão, e uma janela holográfica se formou diante dele:

[ HABILIDADE DESBLOQUEADA: RESILIÊNCIA ANÔMALA ]

Descrição: Sua mente não colapsa em situações de extremo terror, perda ou pressão. Você se fortalece emocionalmente ao sobreviver a traumas intensos.

Passiva Ativada: Cada superação emocional concede +1 a todos os atributos do sistema.

Nota: Você não evolui por treinamento comum. Seu poder nasce da superação dos próprios limites.

Neko deu um passo atrás, os olhos arregalados.

Neko — Espera... então... o que me torna mais forte... é a dor?

??? — A dor, a rejeição, o medo... tudo aquilo que deveria te destruir.

Mas você sobrevive.

E ao sobreviver... você cresce.

O silêncio caiu por um momento.

O ser então se aproximou e colocou a mão no ombro de Neko.

??? — Você é o primeiro desse tipo em séculos. O sistema agora está ligado à sua alma. E este lugar será sua base. Toda vez que vencer uma grande barreira... você voltará aqui.

Neko — Isso é um presente?

??? — É um fardo. Mas também... a chave para mudar tudo.

A paisagem começou a tremer, como se estivesse sendo puxada para longe.

??? — Está na hora de acordar, Neko. O verdadeiro mundo espera. E agora... ele vai tentar te derrubar de novo. Mais forte do que nunca.

Neko assentiu devagar.

Neko — Que venha o mundo então.

A luz o engoliu mais uma vez.

De volta ao mundo real

A luz dourada se apagou devagar.

Os pés de Neko tocaram o chão de pedra coberta de musgo. Ele abriu os olhos com dificuldade, a cabeça ainda latejando pelas revelações que ecoavam em sua mente.

Era o mesmo beco.

O mesmo canto escondido atrás do mercado central.

O mesmo lugar onde ele havia achado... aquela chave.

Mas agora, tudo parecia diferente.

Não no lugar em si.

Mas nele.

Neko — Isso... foi real? — ele sussurrou, passando a mão sobre o peito, onde o cadeado estivera preso.

Nada visível. Nenhum brilho, nenhum símbolo. Apenas o calor persistente e a sensação de que algo dentro dele estava... acordado.

Respirou fundo. Olhou para o céu. Já era noite. O mundo lá fora não fazia ideia do que tinha acontecido.

Ele havia sobrevivido ao inferno. Despertado um poder ancestral.

E agora... precisava voltar para casa.

Porque... bem, amanhã era dia de trabalho no restaurante.

Suspirando, Neko caminhou pelas ruas silenciosas de volta para o bairro dos artesãos. As casas humildes com lanternas mágicas acesas nas janelas, o cheiro de pão fresco, o som de risadas distantes... tudo parecia igual.

Mas ele não era mais o mesmo.

Quando empurrou a porta da frente de casa, o cheiro de alho e molho espesso ainda pairava no ar. Uma panela havia sido deixada no fogão. As luzes da sala estavam apagadas.

Neko — Cheguei... — murmurou, mesmo sabendo que todos já dormiam.

O restaurante era no térreo, e a moradia da família no andar de cima. Ele subiu devagar, sentindo cada degrau como se fosse a transição entre mundos. Abriu a porta do quarto. Ainda o mesmo — bagunçado, com os pôsteres antigos dos Breaks colados na parede, e roupas largadas no chão.

Sentou na cama, tirou os sapatos.

Passou a mão no rosto.

A cicatriz leve no rosto ainda estava ali. A lembrança do ataque da falsa Lysa.

“Não foi um sonho.”

“Mas ninguém entenderia, nem acreditaria.”

Se deitou, olhando o teto por alguns minutos.

E então, quando finalmente fechou os olhos...

[ SISTEMA EM ESTADO DE REPOUSO ]

Você retornou ao mundo físico.

Progresso emocional estabilizado.

[ PRÓXIMO DESAFIO: Vida Real. ]

Neko riu. Baixo. Cansado.

Neko — Vida real, né...? Que ironia.

E dormiu.

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