Laços Proibidos
A chuva fina caía sobre o para-brisa do carro enquanto SN encarava o céu cinzento da nova cidade. Era um clima meio melancólico, perfeito para o que ela estava sentindo por dentro. O motor desligou, e sua mãe deu um sorriso meio nervoso enquanto tirava as chaves da ignição.
— “Sn, vá para o colégio primeiro. Depois nós vamos para a casa nova, e você vai conhecer seu padrasto e seu novo irmão,” disse, tentando parecer animada.
SN bufou, jogando a mochila no ombro com um certo drama. A última coisa que queria naquele momento era entrar em uma escola nova, com pessoas novas, e ainda por cima lidar com uma nova família. Mas não adiantava reclamar. Revirando os olhos, ela soltou um:
— “Tá... tanto faz...”
E saiu do carro, batendo a porta levemente, mas o suficiente pra demonstrar sua irritação.
A escola era enorme, moderna por fora, mas com aquele clima tenso de filme adolescente por dentro. Os corredores estavam cheios de estudantes animados com o começo das aulas, e SN se sentia uma figurante num filme onde todo mundo já sabia o roteiro — menos ela.
Com passos hesitantes, caminhava tentando encontrar a sala 204. As pessoas a olhavam, cochichavam, algumas riam. Ela tentou ignorar, mas a ansiedade fazia seu peito apertar. Logo, foi abordada por um grupinho de garotas que pareciam ter saído direto de uma revista de moda colegial.
— “Ei, você é nova aqui, né?” perguntou uma delas, com um sorrisinho venenoso nos lábios.
SN apenas assentiu com a cabeça.
— “Você é meio sem graça, mas talvez consiga chamar atenção se tentar não parecer tão… desesperada,” disse Minji, cruzando os braços.
Do lado dela, Soyeon sorria como uma cobra prestes a dar o bote.
— “Bem-vinda ao inferno,” disse, e num piscar de olhos, jogou um copo de leite gelado bem no meio do peito de SN, sujando completamente sua blusa.
A gargalhada que ecoou pelos corredores fez SN congelar. Seu rosto queimava de vergonha, as lágrimas subiam aos olhos antes mesmo que ela pudesse impedir. Ela mal tinha forças pra reagir, só queria sumir dali.
Mas então, a multidão se calou.
Os passos firmes de alguém se aproximando ecoaram pelo corredor como um aviso silencioso de que o jogo tinha mudado. E ele apareceu.
Taehyung.
Alto, com uma expressão séria, olhos intensos e uma aura que misturava perigo com charme. Era o típico bad boy que todos temiam e admiravam ao mesmo tempo. O colégio era o território dele, e todo mundo sabia disso.
Ele olhou para Minji e Soyeon com desdém e disse em voz firme:
— “Vocês perderam completamente a noção. Saiam da minha frente antes que eu perca a paciência.”
As duas congelaram. Minji tentou manter a pose, mas a presença dele era intimidadora demais. Sem falar nada, elas recuaram.
Taehyung então se virou para SN, que chorava em silêncio, com o leite escorrendo pela blusa. Sem hesitar, tirou o blazer do uniforme que usava e colocou sobre os ombros dela, protegendo-a do olhar curioso das outras pessoas.
— “Ei... você tá bem?” perguntou, com uma voz muito mais suave do que alguém esperaria vindo dele.
SN tentou responder, mas as lágrimas não paravam. Ele enxugou seu rosto com as mãos geladas, mas incrivelmente delicadas, e disse:
— “Vem comigo. Aqui não é lugar pra você agora.”
Ele então olhou pros outros garotos que estavam ao fundo: Seokjin, Yoongi, Hoseok, Jimin e Jungkook — os mais populares e influentes do colégio, tão respeitados quanto Taehyung.
— “Garotos, limpem o caminho. Não quero ninguém enchendo o saco.”
Eles se entreolharam e, sem dizer nada, começaram a afastar a galera curiosa que ainda se aglomerava ao redor. Taehyung segurou o pulso de SN com cuidado e a guiou até o banheiro feminino.
Lá dentro, algumas garotas tentaram protestar, mas ele só lançou um olhar e disse:
— “Vocês já sabem. Saiam.”
As meninas saíram sem hesitar, deixando os dois a sós. Taehyung se encostou na pia e a observou, enquanto SN tentava respirar fundo e entender o que estava acontecendo.
— “Qual o seu nome?” ele perguntou, agora com mais calma.
— “Kim... SN,” respondeu, com a voz ainda trêmula.
Taehyung repetiu o nome baixinho, como se estivesse guardando na memória.
— “Kim SN... bonito. Olha, eu não sei quem te provocou assim logo no primeiro dia, mas comigo aqui, ninguém mais vai encostar um dedo em você. Eu prometo.”
SN olhou nos olhos dele. Era como se enxergasse algo a mais por trás daquela imagem de garoto problema — como se houvesse um lado protetor, quase carinhoso, escondido ali.
Pouco depois, os outros garotos entraram no banheiro.
— “Ela tá bem?” perguntou Seokjin, preocupado.
— “Vai ficar,” respondeu Taehyung.
Jungkook se aproximou com um sorriso gentil:
— “SN, qual é o número da sua sala? Vamos te levar até lá.”
— “Sala 204... acho que é no segundo andar,” disse, ainda um pouco confusa.
Yoongi deu um sorriso de canto:
— “Sério? A gente também estuda nessa sala. Parece que você deu sorte.”
SN se sentiu estranha. Uma mistura de vergonha, gratidão e um calor esquisito no peito. Como assim, os garotos mais populares da escola estavam do lado dela?
Eles a ajudaram a se recompor. Jimin emprestou um moletom extra, Hoseok limpou os respingos do leite com papel toalha, e Seokjin a fez rir com uma piadinha boba.
Quando saíram do banheiro juntos, o colégio todo ficou em choque.
A novata que foi humilhada na entrada... agora andava lado a lado com os garotos mais intocáveis da escola.
E naquele instante, enquanto subia as escadas com o coração acelerado e os olhos secos pela primeira vez desde que chegou, SN percebeu algo importante:
Seu mundo tinha acabado de virar de cabeça pra baixo.
E talvez... só talvez... aquele novo começo não fosse um desastre. Talvez fosse o início de algo muito maior.
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Atualizado até capítulo 100
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