Ela não conseguia esquecer o que aconteceu ali naquele momento, precisava recuperar o fôlego antes de ir embora.
O celular vibrou. Uma mensagem.
"Não fuja de mim. Não hoje."
Número privado.
Ela sentiu o estômago gelar.
— Como ele consegue sempre saber? — murmurou.
Minutos depois, já do lado de fora do colégio, Melissa caminhava sob a chuva fina em direção ao estacionamento. Mas antes que pudesse chegar ao portão, uma moto preta parou bruscamente ao seu lado.
Capacete espelhado. Jaqueta de couro. Ombros largos.
Gabriel.
Ele tirou o capacete e olhou direto nos olhos dela.
— Sobe — disse, seco.
— Nem morta.
— Pior é viver se escondendo de si mesma — retrucou. — Sobe, Melissa.
Ela hesitou. Mas algo nele — ou nela mesma — a empurrava pra frente. Montou na moto, os braços em volta da cintura dele, o corpo colado. O cheiro dele era como o pecado mais doce.
A moto disparou pelas ruas molhadas, e por um instante, ela sentiu-se livre.
Cena seguinte: A casa dele
O lugar era isolado, uma mansão antiga nos arredores da cidade. Estilo gótico, janelas altas, jardim tomado pelo mato. Um retrato do próprio Dorian: beleza sombria.
Ele abriu a porta para ela.
— Vai entrar, ou vai continuar fingindo que não quer saber quem eu realmente sou?
Ela entrou. A casa cheirava a livros velhos, madeira e café.
No salão principal, uma lareira acesa. Gabriel jogou o capacete no sofá e tirou a jaqueta com um suspiro.
— Senta. Tem muito que você precisa ouvir. E ninguém vai te contar... além de mim.
— Por que eu? — ela perguntou, encarando-o. — Por que você me escolheu pra esse jogo doentio?
Gabriel se aproximou, devagar, até que o rosto dele estivesse a poucos centímetros do dela.
— Porque você é a única que enxerga além das máscaras. A única que olha nos meus olhos e não vê só o que eu deixo o mundo ver. Você me vê inteiro. E isso me assusta. E me atrai. Tudo ao mesmo tempo.
Melissa engoliu seco. A garganta ardia. Ela queria dizer algo, qualquer coisa… mas ele já a puxava pela cintura.
O beijo foi como um incêndio.
Não havia mais silêncio. Não havia mais dúvida.
Mas havia perigo. E ele estava apenas começando.
O calor da lareira ainda queimava no fundo da sala quando Melissa se afastou do beijo, ofegante, os olhos arregalados como se tivesse cometido um crime.
— Isso é loucura... — sussurrou, tocando os próprios lábios como se tentasse apagar o que acabara de acontecer.
Gabriel a observava em silêncio, os olhos intensos, carregados de algo que ela não conseguia decifrar: dor, desejo, raiva?
— Loucura é continuar fingindo que nada disso importa — ele disse, com a voz baixa e firme. — Que você não sente a mesma maldita coisa que eu sinto toda vez que te olho.
Ela deu um passo pra trás.
— Você quer me enganar ou se enganar? Porque não faz sentido... Nós somos de mundos diferentes. Você é o cara perigoso que todos evitam. Eu sou só... a garota invisível da biblioteca.
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Atualizado até capítulo 50
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