O Passado e o Futuro de Arthur Castellazzo Ferrari

A casa dos Castellazzo estava em um silêncio inquieto, contrastando com a agitação do mundo exterior. A notícia sobre a ascensão de Arthur ao posto de líder da LME tinha se espalhado rapidamente, e a reação dentro da família não poderia ser mais diversa. No entanto, uma coisa era certa: todos estavam cientes de que Arthur, agora, carregava uma responsabilidade imensa, não apenas como filho, mas como o novo chefe da maior organização mafiosa do mundo.

Luciana, sua mãe, estava na sala de estar, acompanhada de Mateus, o pai de Arthur, e sua irmã mais nova, Chiara. O rosto de Luciana exibia um sorriso orgulhoso, mas os olhos refletiam um leve temor, como se o peso da situação estivesse começando a ser compreendido. Ela sabia que o filho estava pronto para liderar, mas as memórias de tudo o que haviam passado, especialmente o sequestro de Chiara e dela mesma, ainda assombravam seu coração.

— Ele chegou lá, Mateus. — Luciana disse suavemente, os olhos brilhando de orgulho, mas também de preocupação. — Arthur... ele fez isso.

Mateus, sentado ao seu lado, olhou para o filho com o semblante sério que sempre carregou, mas algo em seus olhos denunciava o quanto ele estava orgulhoso. Ele sabia que o filho havia superado muitos desafios para chegar onde estava, mas também sabia que a responsabilidade que ele agora carregava não era fácil.

Arthur, que ouvira a conversa em silêncio até aquele momento, entrou na sala com um passo firme, mas sem o entusiasmo de quem acabou de conquistar um grande feito. Ele sabia que o que o esperava dali em diante seria muito mais complexo do que qualquer conquista anterior.

— Eu sei que não deveria ter ido, pai. Eu devia ter ficado, protegido a família. — Arthur falou, a culpa de anos atrás ainda o consumindo. Ele sabia que, ao desobedecer a ordem de Mateus e ir para a Coreia, colocou a segurança de sua mãe e de Chiara em risco. — Eu falhei com vocês, e sei que as consequências disso foram gravíssimas.

Luciana levantou-se, caminhando até Arthur e colocando a mão em seu ombro. Seu toque era suave, mas firme, como se quisesse aliviar a dor do filho. Ela sabia que Arthur carregava a culpa, mas também sabia que ele já havia aprendido com os erros do passado.

— Arthur, o que aconteceu, aconteceu. Você aprendeu a lição da maneira mais difícil. Não é o passado que define quem você é agora, e sim o que você faz daqui para frente. Você não pode continuar vivendo com esse peso, meu filho. Você é o líder da LME agora, o homem que se tornou forte, capaz e decidido. É isso que importa.

Mateus, ao ouvir as palavras de Luciana, se aproximou de Arthur. Colocou a mão no ombro do filho e, com uma voz firme, mas cheia de compreensão, disse:

— Arthur, ninguém mais do que eu sabe o quanto você sofreu com tudo isso. Mas agora você precisa olhar para frente. Não se torture com o que aconteceu. O que importa é quem você é hoje e o que você pode fazer pelo nosso legado, pela nossa família. Você é o novo líder da LME. E isso é algo que seu tio confiou a você porque sabe que você está pronto. Esqueça o passado e foque no futuro. Você tem agora a chance de guiar a família como nunca antes.

Arthur olhou para os pais, o peso das palavras deles começando a fazer sentido. Ele sabia que o que passara não poderia ser apagado, mas poderia ser superado. A responsabilidade de ser o líder da LME era algo grandioso, mas também era uma chance de recomeçar, de corrigir os erros do passado.

Foi nesse momento que Arthur contou algo que ainda pesava em sua mente, algo que não esperava revelar tão cedo.

— Eu... preciso encontrar uma noiva. — Ele disse, hesitante, como se as palavras saíssem contra a sua vontade.

Luciana, ao ouvir a notícia, imediatamente se iluminou. As palmas de suas mãos se encontraram em um aplauso alegre e espontâneo.

— Ah, que maravilha! Meu filho vai se casar! — Ela exclamou com entusiasmo, os olhos brilhando com felicidade. — Eu já estava esperando por isso! Vou começar a pensar nas opções. Vai ser uma festa maravilhosa!

Arthur olhou surpreso para a mãe, não esperando uma reação tão animada. Ele não estava preparado para isso, e não sabia nem por onde começar. O casamento era uma exigência para assumir o comando da LME, mas ele não imaginava que seria algo tão concreto e imediato. Não era uma decisão que ele havia ponderado com calma.

— Mãe... calma. — Arthur tentou desviar a empolgação dela. — Não é algo que eu esteja buscando com pressa. Eu preciso encontrar alguém que eu confie, que eu realmente queira ao meu lado, não apenas por obrigação.

Mas Luciana, completamente entusiasmada, não deu ouvidos. Ela já estava vislumbrando os preparativos, os vestidos, a festa que ela planejava fazer.

— Isso é ótimo, Arthur! Que bom que, finalmente, você vai pensar no seu futuro. Vou ficar muito feliz em ver você casado, meu filho!

Mateus, por sua vez, parecia mais ponderado. Ele olhou para Arthur com um olhar sério, mas compreensivo.

— Arthur, não se apresse. — Mateus falou, suavemente, como se fosse um aviso. — Encontre alguém que você realmente queira, alguém que vá estar ao seu lado para o que der e vier. Não se case por obrigação, ou por pressão. O casamento é uma parceria, é algo que você vai construir com amor, confiança e respeito. Não faça disso apenas uma formalidade.

Arthur assentiu com a cabeça, sentindo-se mais tranquilo por ouvir as palavras do pai. Ele sabia que Mateus estava certo. Não queria se casar por imposição, mas por escolha.

Após a conversa, Arthur se despediu dos pais e subiu para o seu quarto. A casa parecia mais silenciosa agora, e ele sentia o peso da responsabilidade começar a se instalar completamente sobre seus ombros. Ele entrou no seu closet e olhou para o relógio que Luigi, seu irmão mais velho, lhe entregara dois anos antes. Era um presente simples, mas muito simbólico. Um relógio de bolso, com uma inscrição que dizia: "Tempo é tudo, mas o que realmente importa é o que fazemos com ele."

Luigi, ainda recluso, estava distante da família, consumido pela culpa e pelo treinamento incessante. Arthur sabia que o irmão estava afastado para encontrar paz com seus próprios fantasmas, mas sentia falta dele. Sentia falta do companheiro que sempre esteve ao seu lado, que o ajudava a enfrentar as dificuldades.

— Luigi... onde você está agora? — Arthur murmurou, com a sensação de que seu irmão estava em algum lugar, tentando entender a mesma dor que ele.

A saudade apertou o coração de Arthur, mas ele sabia que, agora, era hora de seguir em frente. O tempo passava, e ele precisava encontrar seu próprio caminho. O legado da LME agora era seu, e ele sabia que o futuro estava em suas mãos.

Continua...

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