Uma confusão de pensamentos invadiu a mente de Clara. Diante dela estava a oportunidade de salvar a igreja que tanto amava, mas também a certeza de que Miguel tinha seus próprios interesses — ele queria usá-la para alcançar seus objetivos.
— Sinceramente, eu não sei o que dizer — murmurou, com a voz hesitante — Sua resposta o desconcertou por um instante, mas ele ainda acreditava que havia uma chance de convencê-la.
— Eu sei que é muita informação para digerir, Clara. Mas me permita fazer uma outra proposta: passe o fim de semana comigo. Me dê a chance de me mostrar quem eu sou de verdade, de provar que talvez valha a pena. Você não tem nada a perder.
Ela o olhou, dividida entre a razão e o coração.
— Não posso simplesmente chegar para os meus pais e dizer: “Estou namorando, ou pior, casada com o Miguel. Mas não se preocupem, a igreja está a salvo.” Isso não é um relacionamento, é um acordo. Não tem como aceitar isso do nada — Miguel se aproximou um passo, com um olhar firme.
— Eu vou pedir você em namoro diante deles, com declaração, flores, tudo que tiver direito. E você só precisa aceitar. Para eles, serei apenas o genro que se importa com a igreja e com a filha deles. Mas entre nós, Clara… será um contrato.
Clara suspirou fundo, sentindo o peso daquela proposta pairar sobre seus ombros. A angústia apertava seu peito.
— Tá bom. Eu passo o fim de semana com você e vejo no que dá. Mas deixa uma coisa bem clara: não somos namorados. Não me toque, não tente nada e, por favor, não tente me comprar. — A voz de Clara era firme, embora seus olhos ainda demonstrassem hesitação.
— Combinado — respondeu Miguel, aliviado, com um leve sorriso. — Chame suas amigas e diga aos seus pais que vai passar o fim de semana em um rancho com um parente delas. Sei que você odeia mentir, mas, nesse caso, parece ser a melhor saída.
— Vou falar com elas — disse, desviando o olhar.
Clara não espero por Miguel, quando terminou seu pedido se levantou rapidamente. Precisava se afastar dele, daquele ambiente carregado e da confusão que sentia. Saiu quase às pressas, como se a distância pudesse ajudá-la a recuperar o controle.
Do lado de fora, finalmente conseguiu respirar com mais calma. Parou por um momento, sentindo o vento bater em seu rosto, como se o ar fresco pudesse levá-la de volta à realidade. Fechou os olhos por alguns segundos, tentando organizar os pensamentos, mas a breve paz foi interrompida quando, ao abrir os olhos, viu suas amigas do outro lado da rua. Estavam ali, observando tudo, cochichando entre si e visivelmente curiosas.
— Eu não acredito que vocês estão aqui! — exclamou Clara, surpresa.
— Desculpa — disse Ana, dando um sorriso cúmplice — mas a gente ficamos curiosas. O que ele queria? — perguntou direto ao ponto, sem rodeios.
— Vamos sair no fim de semana?
— Não muda de assunto! — Isa cruzou os braços, claramente irritada, Clara respirou fundo, então soltou:
— Querem passar o fim de semana em um rancho comigo e com o Miguel? — As duas amigas arregalaram os olhos, sem entender nada do que estava acontecendo.
— Vamos, vou explicar tudo no caminho — disse Clara, já começando a andar.
Enquanto caminhavam juntas, Clara contou em detalhes a conversa que acabara de ter com Miguel. À medida que ela falava, Ana e Isa ficaram cada vez mais animadas com a ideia, e logo começaram a tentar convencer Clara a aceitar o contrato — mesmo que ela ainda estivesse cheia de dúvidas.
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Miguel respirou fundo ao ver Clara se levantar sem dizer uma palavra. Ainda que ela não tivesse respondido, suas expressões diziam muito — ela estava claramente considerando aceitar a proposta. Agora, ele sabia que precisava usar o fim de semana a seu favor agradar Clara, mas principalmente conquistar a simpatia das amigas dela, que poderiam ser a chave para influenciá-la positivamente.
Depois de pagar a conta, deixou o local e imediatamente ligou para seu motorista. Não demorou até que o carro chegasse e ele fosse levado de volta para casa.
Assim que entrou em sua casa, Miguel pegou o celular e discou para seu advogado — que também era seu amigo de longa data.
— Alô? — atendeu a voz do outro lado da linha.
— Conseguiu fazer o que te pedi? — Miguel foi direto, sem rodeios.
— Está tudo pronto. Ela já aceitou?
— Ainda não… mas acredito que está quase. Falta pouco para convencê-la.
— Alguém como você, que sabe lidar tão bem com as pessoas, vai tirar isso de letra. Vou te mandar por e-mail o contrato já com a minha assinatura digital como testemunha. Se puder, inclua mais duas.
— Perfeito. Obrigado.
— De nada. Até logo.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
Anonymous
A gente ficou
2025-05-31
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