— Até que estamos vendendo bastante para o nosso primeiro dia — comenta Isa, feliz ao ver que as trufas estão acabando.
— Logo vamos ter dinheiro suficiente para pagar a igreja, vocês vão ver, meninas! — diz Clara, animada, tentando motivar as amigas.
— Será que a gente vai conseguir o suficiente?
— Deixa de ser pessimista, Ana. Estamos indo muito bem para o primeiro dia.
— A Clara tem razão — Isa concorda. — Mas acho que precisamos escolher um horário com mais movimento na rua.
— Verdade — Clara começa a refletir. — Com esse sol, a gente devia estar vendendo sorvete... Mas dá medo de derreter tudo antes de conseguir vender.
— Quanto a gente fez até agora?
— Uns oitenta reais. Para o primeiro dia, tá ótimo — responde Isa.
— Beleza, vamos guardar o dinheiro e ir embora então.
— Com licença, meninas — disse um homem se aproximando, enquanto Clara organizava suas coisas.
— Gostaria de comprar uma trufa, senhor? — perguntou Ana com um sorriso.
— Na verdade...
— Senhor Miguel? — Clara o interrompeu, surpresa ao reconhecê-lo.
— Era exatamente você que eu estava procurando — respondeu ele, com um sorriso um pouco forçado no rosto.
— Como me encontrou?
— Clara, não fala assim com ele — advertiu Ana, em tom reprovador.
— Está tudo bem — disse Miguel, mantendo a calma. — Havia informações no cadastro que você preencheu para participar da entrevista. Me desculpe se a assustei.
— Entendi... O que um homem importante não consegue, não é mesmo? — respondeu Clara, visivelmente desconfortável. Percebendo a frustração e a má impressão que causara, Miguel tentou reverter a situação.
— Está muito ocupada? — perguntou, observando as trufas na mesa.
— Ainda estamos vendendo — mentiu Clara, tentando mantê-lo afastado.
— Entendi... Que tal fazermos um acordo? Eu compro todas as suas trufas e, em troca, você vai tomar um café comigo. Pode ser? — A proposta pegou Clara de surpresa. Era estranho ele aparecer assim, de repente, e fazer um pedido tão direto.
— Com certeza ela topa, não é, Clara? — disseram Isa e Ana quase em uníssono, sem lhe dar chance de recusar.
— Tá bom, então... Onde vamos tomar esse café?
— Você recomenda algum lugar?
— Tem um bem pertinho — respondeu Clara, ainda incerta.
— Ótimo — disse Miguel. Ele chamou seu motorista, deu-lhe instruções para cuidar da compra das trufas e, em seguida, saiu caminhando ao lado de Clara em direção à cafeteria.
...****************...
Pode pedir o que quiser — diz Miguel, enquanto os dois se sentam.
— Desculpa, mas por que me chamou aqui? Seja sincero — pergunta Clara, de forma direta.
— Tudo bem, vou ser sincero. Você é diferente... me chamou atenção. Cresceu na igreja, certo? Se me permite perguntar.
— Sim. Nasci e cresci seguindo os costumes cristãos.
— Não entendo por que seguir algo que ninguém sabe se é real — suas palavras soam como um ataque.
— E eu não entendo por que passar a vida correndo atrás de um pedaço de papel que você não vai levar pra cova — rebate Clara. Miguel sorri.
— Boa tarde, já decidiram o que vão querer? — pergunta a garçonete, interrompendo a tensão do momento.
— Um café tradicional, por favor — responde Clara.
— Um cappuccino — escolhe Miguel.
— Claro, só um instante — diz a garçonete, antes de se afastar.
— Se você me chamou aqui à toa, acho melhor eu pegar meu café e ir embora.
— Não, espera. Me perdoa, isso não vai se repetir.
— Então fala logo o que você quer.
— Você — responde Miguel, com um sorriso que faz o coração dela acelerar.
— E por que o "Capitão Pátria" ia querer alguém como eu?
— Aquela venda de trufas... está precisando de ajuda, não está?
— Vai me comprar? — Clara cruzou os braços, encarando-o com uma expressão de desconfiança.
— Não exatamente. Quero te fazer uma proposta.
— Uma proposta? — ela arqueou a sobrancelha, desconfiada.
— Na verdade, uma troca — ele deu um leve sorriso, como quem guarda um trunfo. — Você me ajuda, e eu ajudo você.
— Entendi... E o que, exatamente, você quer dizer com isso?
— Eu admito — ele suspirou, jogando o olhar para o chão por um instante — sou arrogante, orgulhoso, e tenho consciência de que minha imagem não é das melhores. A verdade é que estou tentando mudar isso.
— E o que eu tenho a ver com isso? — Clara estreitou os olhos, ainda cautelosa.
— Se eu ajudar você com essa ação, ou colaborar com a igreja, por menor que seja o gesto, as pessoas vão começar a me ver de outra forma. Pode ser o começo de uma mudança. Para mim... e talvez para você também.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
Tania Cassia
o que você tem haver com isso é ganhar ele pra Deus
2025-05-31
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Hosana Gessica Hernandes
eita 😳 que proposta é essa 😳.
2025-05-30
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