Entre o Medo e o Sonho

Lúcia, ainda em pé, cruzou os braços, dando-lhe um olhar compreensivo. Ela sabia o quanto Nina tinha o coração aberto, mas também sabia das inseguranças dela. Como amiga, ela queria ver Nina se livrar dessas barreiras.

— Você já é mais do que boa o suficiente. Você tem um coração enorme. Você tem... como posso dizer? A essência de quem deve ser, sabe? Não precisa de truques, Nina. E esse Joo-hyun vai perceber isso, eu aposto.

Nina sorriu, mas a dúvida continuava lá, enraizada em sua mente. Não bastava que ela estivesse ansiosa para conhecer Joo-hyun; ela também estava temerosa de ser julgada, de não se encaixar no mundo dele. E, além disso, ainda havia o fator segredo. Eles precisariam esconder o relacionamento. E isso só aumentava a pressão.

Lúcia se aproximou, como se tivesse adivinhado seus pensamentos.

— E aí? Você vai mesmo? Não vai me deixar de fora, né? Eu sou a sua melhor amiga, Nina! — Ela fez um rosto de súplica, exagerado, e Nina não conseguiu conter o riso.

— Não, Lú. Você não pode vir. Isso é algo muito... privado. E eu... eu preciso fazer isso sozinha.

Lúcia deu uma última risada, revirando os olhos. Ela sabia que, no fundo, Nina estava se sentindo perdida, mas entendia que, de alguma forma, isso também era parte do processo. Talvez Nina estivesse começando a enxergar a vida de uma maneira diferente. Depois de tanto tempo admirando Joo-hyun de longe, agora, ela teria que lidar com ele cara a cara.

— Ok, ok. Vou deixar você se perder sozinha. Mas me avise se precisar de um par de ombros para chorar, tá? Vou estar aqui.

Nina sorriu mais uma vez, mas o sorriso logo se desfez quando a realidade se impôs novamente. Ela tinha um mês para se preparar para o que estava por vir. Um mês para decidir se essa experiência seria a melhor coisa da sua vida, ou um grande desastre.

A viagem para a Coreia do Sul chegou rapidamente. Nina não sabia se estava animada ou petrificada, mas tudo parecia acontecer tão rápido que ela não teve tempo para pensar. O voo foi uma mistura de excitação e nervosismo. Durante o percurso, ela ficou pensando nos detalhes logísticos – quem ela encontraria? Onde ficariam? Como iria interagir com Joo-hyun sem parecer uma completa fã histérica? Ela mal podia esperar para ver como ele era na vida real, além dos vídeos polidos e das fotos de fã.

Chegando ao aeroporto de Seul, uma equipe de recepção estava lá para encontrá-la. Havia câmeras, assistentes e segurança, tudo um pouco demais para alguém que estava acostumada com sua vida tranquila de estudante e assistente de marketing. Mas tudo estava acontecendo de verdade, e ela não podia mais escapar.

— Olá, Nina. Sou Min-seo, gerente do Daebak Boys. Estamos felizes que você esteja aqui. Vou acompanhá-la até o nosso local de hospedagem. — Min-seo, uma mulher de feições sérias, que exalava uma confiança tranquila, parecia ser uma peça chave no jogo de bastidores.

Nina tentou sorrir, mas não sabia bem o que dizer.

— É um prazer. Eu… eu não sei como agradecer. Isso ainda parece um sonho.

Min-seo apenas assentiu com um sorriso discreto, mas não disse mais nada. A mulher parecia calma demais, quase distante. Nina ficou com a sensação de que Min-seo tinha o controle de tudo e que ela deveria, de alguma forma, se adaptar a esse novo mundo de maneira mais natural, sem ser um estorvo.

Mas, quando finalmente chegou ao hotel, o que realmente a fez sentir a diferença entre os mundos foi quando ela viu os primeiros membros do grupo. Eles estavam lá, em um num reservado do hotel, e a sensação de ter Joo-hyun, e os outros meninos, tão próximos fez o seu estômago dar voltas. É isso, pensou Nina. Aqui, começa a minha nova realidade. E não tem volta.

A noite caiu, e ela se encontrou no quarto do hotel, olhando pela janela para a cidade iluminada de Seul. O que se passaria naquele mês? Como ela lidaria com o próprio coração, que batia mais rápido a cada momento? O que ela faria, de fato, quando tivesse Joo-hyun ali, na sua frente, e ela precisasse ser apenas... Nina?

Ela não sabia ainda, mas estava prestes a descobrir.

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