Como um peso que a atraía para o abismo das escolhas que ela teria de fazer no futuro.
Mas ainda havia algo dentro de Isabela que a impelia a lutar contra o destino imposto. Ela não queria ser um reflexo das trevas. Queria viver, respirar e manter a chama de sua humanidade acesa, mesmo que o preço fosse alto. Seu coração, embora tocado pela escuridão, ainda batia com a esperança de que a luz poderia um dia prevalecer.
O primeiro teste de sua nova condição veio de maneira inesperada. Uma tempestade, forte e implacável, se aproximava da aldeia. Os ventos cortavam como lâminas afiadas, e a terra tremia sob a força da natureza selvagem. As pessoas, temerosas do que estava por vir, buscavam refúgio, mas algo mais sombrio parecia tomar conta da tempestade. Era como se o próprio céu estivesse sendo rasgado pela fúria de um poder além de sua compreensão.
Isabela, agora mais conectada com a energia da escuridão que residia em seu ser, sentiu a tempestade não apenas como uma força da natureza, mas como uma manifestação de algo muito mais profundo e maligno. Ela soubera, instintivamente, que a tempestade não era um mero fenômeno climático. Era um chamado. Algo ou alguém estava tentando invocar as trevas de uma forma que nem mesmo a Dama Sombria poderia controlar.
"Está vindo", murmurou a voz da Dama em seu espírito, sua presença agora mais forte. "O véu da tempestade está prestes a se levantar. Você terá que decidir: deixar que a escuridão te guie ou lutar contra ela."
Isabela olhou para o horizonte, onde as nuvens se acumulavam como uma parede de sombras impenetráveis. Ela sabia que a tempestade não seria apenas uma catástrofe natural. Algo mais profundo, mais antigo, estava por trás disso. E, como a guardiã de um coração partido entre a luz e a escuridão, era sua responsabilidade enfrentar o que quer que estivesse vindo.
Enquanto a tempestade se aproximava com força, a aldeia entrou em pânico. Muitos procuraram refúgio nas cavernas e cavernas subterrâneas da região, lugares conhecidos por sua proteção natural contra os desastres. Mas Isabela não podia se esconder. Ela sentia que era seu destino enfrentar o que quer que estivesse vindo, mesmo que fosse algo além do que ela poderia controlar.
Ao caminhar pela floresta em direção ao epicentro da tempestade, a Dama Sombria sussurrou novamente em sua mente.
"Eu sempre soube que você se levantaria contra o destino, Isabela. Mas agora, o momento chegou. Não se esqueça de que, por mais que busque resistir, a escuridão sempre encontrará um caminho."
As palavras da Dama ecoaram como um lembrete amargo de que, por mais que Isabela tentasse lutar contra o que se tornava inevitável, ela estava ainda mais entrelaçada com as sombras do que imaginava. Mas, ao mesmo tempo, algo despertava dentro dela. A vontade de lutar, de resistir ao que estava por vir.
Ao chegar ao centro da floresta, onde o céu estava agora totalmente coberto por nuvens negras, Isabela viu o que causava a tempestade. No chão, uma fenda escura se abria, como uma ferida no próprio tecido do mundo. Das profundezas, uma figura emergia lentamente: um ser de sombras e fogo, com olhos vermelhos como o sangue, e uma aura de destruição imensurável.
"O Senhor das Sombras", sussurrou a voz da Dama Sombria, agora mais distante, mas ainda presente. "Ele foi o primeiro a ser banido. Agora, ele retorna para reclamar o que perdeu."
Isabela encarou a criatura, seu coração batendo mais forte, o frio das trevas envolvendo-a. Ela sabia que sua decisão seria crucial. Se ela cedesse, o mundo seria consumido por aquele ser maligno, mas se lutasse, talvez tivesse que pagar um preço maior do que qualquer um poderia imaginar.
"Eu não vou deixar você destruir este mundo", disse Isabela, suas palavras firmes, mas sua voz trêmula.
O Senhor das Sombras riu, sua voz como um trovão que ecoava por toda a floresta.
"Você realmente acha que pode me derrotar, mortal? Eu sou a escuridão que existe dentro de todos. Eu sou o vazio que você teme, o vazio que habita seu coração."
Com uma determinação renovada, Isabela estendeu as mãos, sentindo a energia da Dama Sombria pulsando dentro de si. Ela não poderia vencer o Senhor das Sombras com apenas força física. Mas, talvez, ela pudesse usar o que a Dama Sombria lhe ensinara: o poder da escuridão controlada.
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Atualizado até capítulo 27
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