Capítulo 4 : O Retorno de Denvic Fiorrent

Denvinc Fiorrent estava sentado em sua cadeira de couro, olhando pela grande janela de seu escritório com vista para as ruas movimentadas de Madri. O sol já começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e vermelho, mas sua mente estava longe dali. As palavras que ele lera em seu celular minutos antes continuavam martelando em sua cabeça. Um informante havia revelado algo que ele já desconfiava, mas que nunca imaginara ser verdade.

Katherine Markov estava viva e, mais importante ainda, ela estava em algum lugar em Madri. Sua filha, ou melhor, a filha de Dmitri Markov. A jovem que ele vinha buscando há anos, acreditando que sua existência fosse um simples detalhe do passado que poderia ser apagado. Porém, agora, diante dele, uma nova realidade se apresentava: Katherine era muito mais do que um simples alvo de vingança. Ela era uma chave, uma peça vital em um jogo que ele mal começava a entender.

Por anos, Denvinc havia reconstruído sua vida após a traição de Dmitri. A morte de seu aliado, a fuga dele com sua família, tudo isso havia alimentado o fogo da vingança em seu peito. Ele construiu um império de ferro, conquistou respeito e medo, e eliminou todos aqueles que ousaram cruzar seu caminho. Mas agora, diante dessa nova revelação, seu império parecia frágil, como uma casa de cartas prestes a desmoronar.

Ele sabia o que seu pai sempre dissera: “Traição não é apenas uma falha, é um sinal de fraqueza.” Dmitri Markov não só o traiu, mas o fez de maneira cruel, fugindo e deixando sua filha para trás. Era como se ele tivesse desistido de tudo, se escondendo da fúria que Denvinc carregava. E agora, essa garota — que nunca teve nada a ver com os crimes de seu pai — estava, de algum modo, envolvida no próprio destino de Denvinc.

A mente de Denvinc trabalhou rápido. Ele não poderia deixar que isso ficasse fora de controle. Katherine era uma ameaça, e ele precisava encontrá-la antes que qualquer um de seus inimigos soubesse de sua existência. Ela era um elo fraco, um ponto vulnerável que ele podia usar para se vingar de Dmitri e mostrar a todos que a lealdade de Denvinc Fiorrent não era algo para ser desafiado.

Ele se levantou de sua cadeira e caminhou até o bar de sua sala, servindo-se de um copo de uísque envelhecido. O sabor amargo queimava sua garganta enquanto ele pensava no próximo passo. Seus homens já haviam sido enviados para procurá-la, mas ele sabia que o tempo estava contra ele. Ele precisava encontrá-la antes que ela soubesse o quanto seu nome significava para ele — antes que ela fosse arrastada para a escuridão que ele trazia consigo.

Enquanto isso, Katherine estava em um estado de inquietação crescente. Ela sabia que algo estava prestes a acontecer, mas ainda não entendia completamente a magnitude do que estava por vir. As cartas antigas, o mistério do passado de sua família, tudo isso a estava empurrando para um abismo que ela não podia controlar. Ela olhava pela janela do convento, o céu agora coberto por nuvens escuras, e sentia que a sombra do homem que seu pai tanto temia estava mais perto do que nunca.

O convento sempre foi seu refúgio, mas agora ele parecia uma prisão. Cada passo que ela dava pelo jardim a fazia sentir como se estivesse sendo observada. Ela não sabia o que mais poderia fazer para escapar disso. A paz que ela buscou por tanto tempo estava prestes a ser arrancada dela.

Enquanto ela se perdia em pensamentos, uma freira veio até ela, com uma expressão grave no rosto. “Katherine, alguém quer falar com você,” disse a freira, suas palavras pesando no ar. Katherine sentiu um frio percorrer sua espinha. Ela não sabia o que isso significava, mas a sensação de que sua vida estava prestes a mudar de maneira irreversível tomou conta dela.

Quando Katherine seguiu a freira até a porta da capela, seus olhos se encontraram com os de um homem desconhecido. Ele estava de terno escuro, com o semblante sério e frio. Seus olhos eram como aço, penetrantes, e havia algo em sua presença que fazia com que o ar ao redor ficasse mais denso. O homem a observava como se a estudasse, calculando suas reações. O tipo de olhar que ela sempre temia.

Antes que ela pudesse perguntar quem ele era, o homem disse, com uma voz baixa e ameaçadora: “O nome Markov ainda pesa, jovem senhora. E o homem que você está tentando esconder de si mesma está muito mais perto do que você imagina.”

Katherine ficou paralisada, seu coração disparando no peito. Esse homem, com sua presença imponente, parecia saber mais sobre ela do que ela mesma. O nome Markov — seu nome — agora não era mais apenas um mistério. Era uma sentença.

Enquanto ela o encarava, a mente de Denvinc se preparava para o que viria. A caça a Katherine Markov começara, e nada, nem ninguém, poderia impedi-lo de trazer a filha do traidor até ele. A vingança que ele buscara por tantos anos estava ao alcance de sua mão, mas agora ele se perguntava: será que ele estava realmente pronto para lidar com o que isso significava?