Capítulo 2: O Império de Sangue.

Capítulo 2: O Império de Sangue

O relógio na parede da imponente sala de reuniões de Denvinc Fiorrent marca a passagem do tempo de maneira implacável. Cada segundo parece mais pesado do que o anterior, como se o próprio tic-tac fosse um lembrete constante de sua jornada. As paredes do local, decoradas com madeira escura e mármore, exalam um ar de poder inquestionável. Ao redor da grande mesa de mogno, os homens que fazem parte de seu círculo de confiança se reúnem, discutindo questões de negócios. Todos falam com cuidado, conscientes de que uma palavra errada pode significar sua morte. Denvinc observa, com olhos que mais parecem lâminas afiadas, cada um dos homens presentes, avaliando-os.

Os negócios de Denvinc não se limitam a atividades criminosas tradicionais. Ele tem um controle absoluto sobre o tráfico de drogas que circula pela Espanha, mas seu império se estende para muito mais. Ele controla uma rede de prostituição de luxo, onde as mulheres são escolhidas a dedo e mantidas sob uma vigilância rigorosa. Ele também está profundamente envolvido no mercado negro de armas, fornecendo os mais poderosos equipamentos para quem pagar o preço certo. Mas, talvez, o mais assustador de tudo seja seu poder sobre a política local. Com uma série de alianças secretas com políticos corruptos, ele tem acesso direto a informações confidenciais e consegue manipular as decisões que moldam o futuro da Espanha.

A cada reunião, Denvinc garante que sua autoridade seja reafirmada. Ele não permite disputas ou dúvidas sobre quem é o verdadeiro líder. Quando um de seus homens questiona uma decisão sobre um novo movimento no tráfico de drogas, Denvinc o olha por longos segundos, como se estivesse decidindo qual será o preço a ser pago pela insolência. O silêncio se estende, pesado e opressor, até que ele finalmente responde com um tom frio e calculado. “Não me faça repetir, você já sabe como a lealdade deve ser tratada aqui.”

O homem engole em seco, entendendo que qualquer resistência seria inútil. O império de Denvinc é um império de ferro, e qualquer um que duvide de sua autoridade é rapidamente esmagado. Nenhuma emoção transparece de seu rosto, mas dentro dele, há um turbilhão. A traição de seu pai ainda o persegue, e seu desejo de poder é alimentado por essa dor. Ele nunca deixou ninguém se aproximar o suficiente para que pudessem ver além de sua fachada de implacabilidade. Sua própria lealdade àqueles que o servem é uma coisa calculada, uma necessidade pragmática. Ele não acredita em amizade, apenas no respeito e no medo que ele consegue instilar nas pessoas ao seu redor.

Após a reunião, Denvinc retorna ao seu escritório privado. A sala é mais intimista, com uma grande janela de vidro que oferece uma visão panorâmica da cidade de Madri. Aqui, ele se permite um breve momento de vulnerabilidade, mas apenas por um instante. Ele observa a cidade à sua frente, mas seu olhar está distante, perdido em pensamentos que remontam a um passado sombrio. O reflexo do homem no vidro não é mais o de um líder poderoso; é o de um garoto traumatizado, um jovem que jurou vingança e, com isso, destruiu sua própria humanidade.

Ele fecha os olhos por um momento, lembrando-se de como sua vida mudou para sempre quando seu pai foi assassinado. O desejo de vingança não foi apenas uma motivação, mas uma necessidade visceral. Aos 17 anos, ele já era capaz de comandar um pequeno grupo de criminosos, mas a morte de seu pai o fez perceber que a única maneira de sobreviver neste mundo implacável era se tornar o maior de todos. Não haveria mais espaço para sentimentos fracos ou emoções. O império de Denvinc Fiorrent foi forjado no fogo da dor, e sua mão de ferro sobre ele foi consolidada pela necessidade de se proteger do mundo que o destruiu.

Denvinc não era apenas o Don de um império criminoso, ele era um homem marcado por sua solidão. E, em seu coração, a vingança não era apenas um desejo, era a única coisa que o mantinha vivo. O poder que ele conquistou não trouxe paz, mas uma constante sensação de estar sempre à beira do abismo, aguardando o momento em que sua própria humanidade seria finalmente consumida.

Mas havia algo mais, algo que Denvinc nem mesmo percebia ainda. Algo em seu interior que estava prestes a ser desencadeado, algo que o colocaria diante de uma escolha que ele nunca imaginou ter de fazer.