Mais uma dose, por favor.

O garçom assente enquanto eu me afundo em mais um copo de uísque. Estou sentada no bar do restaurante próximo ao meu escritório. Já passa das oito da noite. Eu deveria estar em casa, pedindo desculpas a Helena pelas palavras horríveis que disse a ela. Mas sou covarde demais para encará-la. Então, estou aqui, afogando minhas mágoas sozinha.

Um filme passa pela minha mente: nosso primeiro beijo, seu sorriso tímido, sua incerteza sobre tudo. Foi isso que me encantou desde a primeira conversa. Sempre fui uma mulher determinada, que não deixa oportunidades escaparem. Então, por que estou deixando meu casamento escorrer pelos meus dedos?

Aos 27 anos, acabei de abrir meu escritório de advocacia. O fim do meu breve namoro com Thamires foi inevitável, porque minha carreira sempre veio em primeiro lugar. Mas tudo mudou quando conheci Helena. Fui atrás dela, fiz questão de tê-la ao meu lado e assumi todas as responsabilidades porque ela era – e ainda é – tudo o que eu quero.

Tomo mais uma dose na esperança de criar coragem, mas o que vem é o enjoo. Só de pensar em perder minha esposa, meu estômago revira.

O erro

Ao entrar no carro, percebo que não estou em condições de dirigir. Pego o celular e ligo para Beatriz, minha secretária. Ela tem 28 anos, é linda e extremamente ambiciosa – algo que admiro. Sei que ainda está no escritório, então peço que venha me buscar. Ela aceita sem hesitar.

Enquanto espero, um pensamento atravessa minha mente: seria interessante ter um caso com ela. Mas afasto essa ideia quando escuto batidas no vidro. Beatriz me encara com um sorriso. Desço do carro, dou a volta e me sento no banco do passageiro.

— Obrigada por vir. Vou te pagar um extra por isso.

Ela sorri e toca minha mão.

— Não se preocupe. Existem outras formas de você me recompensar.

Um arrepio percorre meu corpo. Estou bêbada demais para tomar qualquer decisão precipitada, mas ela está sóbria o suficiente para saber exatamente o que está fazendo.

Beatriz estaciona em frente ao seu prédio e vira o rosto em minha direção. Solta o cinto e, antes que eu possa reagir, sinto seus lábios nos meus. Por um segundo, penso em recuar, mas a lembrança de Helena me assombra. Seu pedido de tempo, o frio que se instalou entre nós... Me deixo levar.

A música "Desert Rose" de Lolo Zouaï toca ao fundo enquanto os toques se intensificam. Faz tanto tempo que não me sinto desejada assim. Em algum momento, já estou nua em seu apartamento. Tento me convencer de que isso é errado, mas meu corpo não me obedece. Me entrego ao prazer.

A culpa

Acordo no meio da madrugada, nua, envolvida nos lençóis de Beatriz. O peso da traição me sufoca. Eu amo minha esposa. E agora?

Saio do apartamento sem olhar para trás. Entro no carro e dirijo até minha casa. Helena está deitada no sofá, dormindo. Talvez tenha me esperado até pegar no sono ali.

Vou direto para o banheiro. Ligo o chuveiro e deixo a água fria escorrer pelo meu corpo. Fecho os olhos e choro.

Um choro preso há dias.

De repente, sinto Helena entrando no chuveiro comigo. Nua. Me abraça sem dizer nada. Seu beijo é intenso.

E, naquele instante, tudo se dissolve.

Depois de meses sem nos tocarmos, fazemos amor ali mesmo. O desejo reprimido se transforma em urgência. Meus movimentos são rápidos, intensos, desesperados. O som de seus gemidos ecoa no banheiro. Sinto sua boca em minha intimidade, explorando cada parte de mim até que meu corpo se desfaz no prazer.

Mas, assim que o orgasmo passa, a culpa volta.

Helena me olha. Não diz nada. Mas sei que ela sabe.

Ela sai do banheiro, me deixando sozinha com minha culpa.

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Comments

Maria Andrade

Maria Andrade

eita Telma está e pior sensação o arrependimento

2025-03-21

1

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