04

Sara chegou em casa exausta depois de um dia cheio no escritório. Assim que abriu a porta, foi recebida por Helena, sua prima, com um sorriso contagiante e uma energia que parecia interminável. A cozinha estava tomada por cheiros deliciosos …

— bolinho de chuva, bolo de milho e outras delícias que ela nem conseguiu identificar de imediato.

— Vou ter que pegar firme na academia agora, hein? Você tá querendo me engordar desse jeito, menina!

— brincou Sara, rindo, embora faminta.

— Ué, você não está mais correndo? Eu amei correr! Desde que você me incentivou, nunca mais parei!

— respondeu Helena, entusiasmada, os olhos brilhando.

— Desde que você voltou, eu não consegui. Meu chefe me deixa atolada de serviço, mas vou voltar, prometo. Agora, senta aí que eu tenho uma novidade pra você .

— disse Sara, mudando o tom para algo mais sério, mas com um sorriso animado no rosto.

— Que bênção!

— exclamou Helena, curiosa, ajeitando o cabelo atrás da orelha.

— Consegui um emprego de babá pra você .

— disse Sara, observando a reação da prima.

— Uai, que maravilha, prima! E como vai ser isso?

— perguntou Helena, surpresa, mas feliz.

— Olha, você vai ter que dormir lá, mas o salário é de cinco mil reais, e…

— explicou Sara, sem esconder o orgulho por ter conseguido a vaga.

— Ai, que beleza! Vai dar pra te ajudar e ainda pagar a faculdade. Vou ter muito dinheiro, que alegria, prima!

— comemorou Helena, quase pulando da cadeira de tanta empolgação.

— Amanhã a gente vai no shopping comprar umas roupas, tá? Andar com essas que você está… tá fora de cogitação. Ah, e amanhã vou te levar em uma balada. Mas se eu sair, te deixo em casa antes, tá?

— disse Sara, já planejando tudo.

— Mas se você sair, eu não posso ir também?

— perguntou Helena, com um tom quase infantil, de curiosidade.

— Não, Helena. Se eu for sair, é pra me pegar com um cara bem lindo .

— respondeu Sara, arqueando a sobrancelha, divertida.

— Ah, eu também queria pegar um cara lindo, prima

— murmurou Helena, tímida, mas sonhadora.

— Não, inocente, você ainda não. Aqui não é o interior, tá? Eu já sou mais avançada. Você é muito bonita e, mais importante, muito inocente. Vai encontrar alguém legal, construir uma família. Não se deixe levar só pela aparência, viu?

— aconselhou Sara, num tom mais protetor.

—Entrevista

No dia da entrevista, Helena vestiu um dos vestidos de Sara. Estava deslumbrante. Nervosa, mas com o apoio da prima, respirou fundo antes de sair do carro.

— Chegamos. Boa sorte, viu? Me ligue quando terminar .

— disse Sara, apertando a mão dela como quem passa coragem.

— Tá bom, vou te ligar…

— respondeu Helena, com o coração acelerado.

Com passos hesitantes, ela entrou na casa. A desconfiança e a timidez estavam presentes, mas sua postura demonstrava firmeza.

Assim que entrou, Pedro se aproximou e a cumprimentou.

— Bom dia. Você é…?

— perguntou ele, curioso, mas mantendo o tom profissional.

— Sou a Helena, prima da Sara

— respondeu ela, educada, com a voz suave e nervosa.

— Ah, sim. Pode vir comigo até meu escritório. Chegou cedo, hein …

— disse Pedro, a observando com interesse, enquanto a conduzia.

— Sim…

— respondeu Helena, baixinho, tentando controlar o nervosismo.

Ela o seguiu, sentindo a ansiedade apertar o peito. Estava diante de um homem que seria seu novo patrão. Apesar da insegurança, esforçava-se para manter a confiança.

— Sente-se, por favor.

— pediu Pedro, apontando para a cadeira à sua frente.

Helena se acomodou, ajeitando o vestido discretamente. Estava atenta a cada palavra dele.

— Bom, minha filha vai fazer seis meses e está naquela fase de engatinhar, de descobrir o mundo, sabe? Ela é um amor, não faz birras, e agora está começando a aprender a falar. O problema é que a Maria, que cuida dela, já é mais velha, e além disso cuida de tudo pra mim aqui em casa. Então fica difícil acompanhar o ritmo. Eu ia pedir pra você começar hoje, mas como é sexta-feira, podemos deixar pra segunda. O salário é de cinco mil reais, e tem benefícios…

— explicou Pedro, passando segurança e clareza.

— Senhor, eu faço faculdade à noite. Isso seria um problema?

— perguntou Helena, receosa, mordendo levemente o lábio.

— Não, de jeito nenhum. À noite é mais tranquilo, eu ou a Maria podemos ajudar quando precisar. Aqui estão os papéis com as regras da casa e o contrato. Dá uma lida com calma e você pode continuar na segunda, se estiver tudo certo .

— respondeu Pedro, firme, mas com um olhar atencioso.

— Ok, muito obrigada .

— disse Helena, aliviada, se levantando com um sorriso tímido.

Eles se despediram, e assim que Helena saiu, Pedro a acompanhou com os olhos, pensativo.

Meu Deus, que mulher é essa? Parece que foi esculpida à mão de tão linda…

Ele respirou fundo, tentando se recuperar do impacto que a beleza e a presença de Helena causaram, antes de voltar ao trabalho .

— ainda com a imagem dela gravada na mente.

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