Luiza

— Talvez... — respondi, e fiquei em silêncio durante todo o caminho.

Ao estacionar o carro, olhei para ela e anunciei:

— Chegamos.

Desci rapidamente, pegando uma mochila no porta-malas. Ela saiu logo em seguida e caminhou na direção da cabana dos meus pais.

— Espera... Você é rica? Essa cabana é sua?

Não consegui conter o riso diante das suas perguntas e respondi:

— Sou herdeira. Meus pais me deixaram em uma boa situação financeira. Sou filha única e... não tenho mais nenhum parente vivo.

Ela se aproximou até ficar bem perto de mim e sussurrou no meu ouvido:

— Quem chegar por último faz o almoço!

E, sem me dar tempo de reagir, saiu correndo. Fiquei surpresa com a atitude, mas logo percebi que ela queria quebrar o gelo. Sem pensar duas vezes, comecei a correr atrás dela, gritando:

— Sam, você trapaceou!

— Você não me disse que aqui tinha uma cachoeira! Se soubesse, teria vindo de biquíni.

Rindo da sua expressão frustrada, apenas respondi:

— Que tal voltarmos no próximo fim de semana?

Ela soltou um grito animado:

— Vai ter próxima vez? É claro que eu quero passar o fim de semana no seu paraíso secreto!

Ficamos sentadas em silêncio, observando o fluxo da água. O som da cachoeira preenchia o espaço entre nós, até que ela rompeu o silêncio:

— O que eu mais amava nessa cidade era o amor que recebia da minha avó. Meus pais nunca quiseram saber de mim depois que começaram a desconfiar da minha sexualidade. Mas minha avó sempre foi carinhosa, sempre me acolheu quando eu vinha passar as férias. Quando decidi viajar pelo mundo, prometi a ela que nunca deixaria de voltar. E cumpri essa promessa todos os anos.

Eu apenas a ouvia, sentindo o peso das suas palavras. Então, virei o rosto para encará-la, e ela me olhou de volta, curiosa:

— Como é que eu nunca te conheci antes? Onde você se escondia, mocinha? O que fazia nessa cidade que nunca cruzamos nossos caminhos?

Levantei levemente as sobrancelhas, surpresa com a pergunta, e sorri.

— Nem sei te responder... Acho que não era para a gente se conhecer naquela época. Talvez este seja o momento certo.

Ela assentiu, parecendo concordar, e logo acrescentou:

— Quero saber mais sobre você. Você é tão misteriosa... e eu adoro isso.

— O que você quer saber sobre mim? Não me acho misteriosa.

— Quero saber por que você só quer me encontrar na cafeteria. Quase não acreditei quando me chamou para sair hoje.

Hesitei por um instante antes de responder:

— Porque estou evitando te beijar.

Assim que as palavras saíram da minha boca, encarei-a em silêncio. Ela ficou imóvel por alguns segundos, surpresa. Nossos corpos estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração. Meus lábios ficaram perto demais dos dela, e um arrepio percorreu meu corpo no instante em que nos beijamos. Ou eu a beijei. Ou ela me beijou. Não sei quem começou. Só sei que não queria parar.

Nosso beijo foi lento, delicado. Minhas mãos deslizaram até sua nuca, enquanto as dela permaneceram na minha cintura, apertando-me cada vez mais à medida que nos entregamos ao momento.

Então, ela sussurrou contra meus lábios:

— Não sei quais são seus motivos para me afastar, mas sei que te quis desde o primeiro dia em que te vi.

Ela me abraçava, e eu me sentia dividida. Meu cérebro dizia para correr, mas meu corpo ansiava pelo toque dela mais uma vez.

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Comments

Maria Andrade

Maria Andrade

a vida e assim não pode perder tempo

2025-03-20

1

Nilva Vieira Santos

Nilva Vieira Santos

nossa rápida e certeira

2025-02-07

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