SAMANTHA

Fico relendo várias vezes a mensagem que ela me enviou e me animou ainda mais para começar a ler o livro que me emprestou. Quero devorá-lo o mais rápido possível para poder respondê-la e puxar assunto sobre a história.

Gostei tanto do livro que passei a madrugada inteira lendo. Vai ser difícil trabalhar hoje, já que passei a noite em claro, imersa nessa leitura.

Respondo à mensagem dela com uma frase do próprio livro:

"No entanto, não voltou. Nem em oito minutos, nem em oito horas, nem em oito dias. Simplesmente, distanciou-se sem deixar sinal."

Terminei a leitura e tudo o que eu queria agora era sentar e conversar com ela sobre esse livro.

Mas nenhum retorno veio. Os dias foram se passando até que, na quarta-feira, ela apareceu. Carregava vários livros dentro de uma bolsa e vestia uma camiseta larga, legging preta e tênis preto. Seu cabelo estava preso em um coque, com alguns fios soltos e emoldurando seu rosto.

Assim que me viu, abriu um sorriso, me abraçou e beijou meu rosto. Estava tão animada que ignorei completamente o fato de que não havia me respondido antes.

— Você pode sentar comigo hoje para conversarmos? — perguntou.

Nem pensei duas vezes. Fui direto pegar dois capuccinos de chocolate e um pedaço de bolo de baunilha. Escolhemos uma mesa mais reservada e passamos horas conversando. Falamos sobre livros, sobre meus planos para a cafeteria. Ela me contou um pouco sobre seu trabalho e o quanto gostava de ensinar.

Isso se repetiu todas as quartas-feiras pelos dois meses seguintes. Sempre nos encontrávamos na cafeteria, mesmo insistindo para sairmos em outros momentos, Luíza raramente respondia minhas mensagens no WhatsApp. Eu já havia me conformado: seríamos apenas amigas. Mesmo assim, meu coração teimava em bater mais forte por ela.

Porém, hoje, tudo mudou.

Recebo uma mensagem inesperada:

*"Oi, Sam!

Ainda quer sair comigo?

Se a resposta for sim, vista roupas leves, porque vou te levar para caminhar. Passo em sua casa em 40 minutos.

Se você não me responder, vou entender que é um sim e que já está correndo para se arrumar."*

Meu Deus. Eu nem acredito no que acabei de ler.

Sim, Luíza, eu quero sair com você. Quero beijar você. Quero ter você.

E agora só tenho menos de 40 minutos para ficar apresentável para ela.

...Luíza mexe com tudo em mim....

Luiza

Chegou à casa de Sam, que fica em cima da cafeteria, e começou a buzinar.

Poucos segundos depois, Sam apareceu, vestindo uma calça jeans azul rasgada na perna, uma camiseta branca, coturno e uma jaqueta preta.

Fiquei em choque com o quanto ela estava linda, mas, em vez de elogiá-la, só consegui dizer:

— Eu falei para vestir roupas leves.

Ela não respondeu nada. Apenas passou a mão no cabelo.

Poxa! Ela faz-me suspirar toda a vez que bagunça esse cabelo curto e despretensioso.

— Essas são as minhas roupas leves! — ela diz, sorrindo, enquanto entra no carro.

Balanço a cabeça, rindo, e começo a dirigir. Peço para ela escolher uma playlist — quero conhecer seu gosto musical.

— Pelo seu visual, eu já suspeitava que você curtia rock... e isso é muito bom.

Dou uma pausa e, sem pensar, acrescento:

— Além de linda, tem bom gosto.

Assim que as palavras saem da minha boca, percebo o que disse. Meu rosto esquenta, e prefiro manter os olhos fixos na estrada, sem coragem de encará-la.

Então, sinto um arrepio percorrer meu corpo. Suas mãos tocam as minhas suavemente, e, com a voz tranquila, ela diz:

— Somos lindas e temos bom gosto. A gente combina muito, não acha?

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