Mais um dia no meu luxuoso quarto…
Tudo aqui é luxuoso, tudo contém ouro: as mesas, os talheres as paredes, as camas e até os lençóis são bordados com fios de ouro.
As paredes douradas brilhavam à luz das tochas, mas para mim, elas sempre pareciam sufocantes, como se o luxo fosse uma armadilhada disfarçada de privilégio.
Esse castelo foi construído para impressionar os representantes vindos das pequenas provincias.
Os quatro - Como são chamados os cinco importantes imperios - Sempre tendem a esbanjar tudo o que tem para quem quiser olhar.
Se eu fosse um plebeu, eu ficaria revoltado. Eles tem tudo isso, poderiam muito bem compartilhar com todos, e assim, não existiria pobreza nesse mundo.
Mas, fazer o que… Todos estão satisfeitos com a vidinha que vivem.
Muito prazer, eu sou o Sebastian.
Sou o segundo principe de Bravo.
O que deveria me deixar feliz por não ter nenhuma responsabilidade,mas, não sei.
Sempre me senti incomodado ouvindo que meu irmão era o sucessor, o próximo imperador e blá blá blá.
Eu não entendo, eu deveria estar feliz com a vida que eu tenho, um bastardo que foi criado com a família imperial e pode fazer o que quiser.
E sim, isso que você ouviu: um bastardo.
Minha mãe era de uma família nobre de viscondes, ela se envolveu com o imperador - Eu me recuso a chamá-lo de pai, porque ele nunca foi - quando eles eram jovens.
O imperador já era casado nessa época, enfim…
Não sei bem a história de como vim parar aqui nesse luxo,mas sei que devo ser grato a isso, ser grato a Simone, a Imperatriz, que me aceitou quando podia muito bem ter me jogado fora.
Imagino a dor que é descobrir quando está grávida que seu marido engravidou outra mulher.
Eu retribuo todo o cuidado que a imperatriz Simone teve comigo não sendo um problema.
Eu poderia muito bem sair por ai, festejar, beber até cair, transar com várias moças, e talvez até engravidar uma delas.
Bem… a parte de beber até cair eu realmente faço, mas também estudo, tiro ótimas notas, os professores particulares até me elogiam, dizem que eu sou um prodígio.
Eu só sou um mês mais nove que meu irmão.
— Vossa alteza — Alguém bate na porta — Sua majestade o imperador solicita a sua presença na sala do trono.
Uma serva do palácio informa pela porta.
O que ele quer?
— DIGA A ELE QUE ESTOU INDO — Grito
Abro a porta e la está parada a pessoa que me chamou. Assim que ela me vê, faz uma reverência.
— O imperador pediu para que o príncipe se dirija para lá com urgência — A serva fala de cabeça baixa
Bufo e saio andando até a sala do trono.
O que poderia ser urgente?
Caminho em silêncio com a serva atrás de mim.
Assim que chegamos na porta da sala, os dois guarda que estão ali para proteger a sala abrem a porta.
Lá estão eles…
Victor, meu irmão mais velho, e a Imperatriz e o imperador sentados no trono.
— O que aconteceu?! — Pergunto — Por que me chamaram aqui com tanta urgência?
O imperador me lança um olhar gélido.
Ele estende a mão, e um servo lhe entrega uma correspondência.
Ele começa a ler:
— Com muita alegria, a academia Flame Arche receberá Sebastian e Victor Bravo em nossa estimada academia…— Termina de ler e volta a me olhar com aquele olhar gélido. — Sebastian…?
É, talvez eu tenha feito escondido o exame de admissão para a academia. Meu professor me ajudou, eu não esperava que enviassem só uma carta de aprovação e que eu seria descoberto.
Eu seria descoberto de qualquer jeito,mas eu não queria que fosse agora.
Eu queria mais. Algo além das paredes douradas do castelo. Queria saber como era estar em um lugar onde eu não fosse apenas 'o bastardo' ou 'o segundo príncipe'. Queria me encontrar.
— Bom, como já deve ter deduzido, eu fiz um exame de admissão e fui aceito — Dou de ombros
— Não lembro de ouvir você me pedindo autorização! — Exclama o imperador
— Não achei que precisava — Digo mantendo minha voz indiferente.
— PORÉM PRECISAVA! — O imperador grita — Escuta aqui garoto…
Ele para de falar quando a imperatriz coloca a mão em seu braço.
— Calma, leo. O Sebastian não fez isso por mal — Ela tenta acalmar ele. — Ele é jovem, Leo. E você sabe o quanto os jovens como ele pode ser útil... se foram moldados corretamente
— Sabe o que eu acho… — O imperador diz quase em um sussurro.
— Eu sei mas… — Ela fecha os olhos, respira fundo e diz — Estou muito orgulhosa dos dois. Logo vão entrar em uma academia prestigiada.
Ela lança um sorriso que parece forçado.
Isso é estranho.
— Espero que a academia te ensine a pensar antes de agir, irmãozinho — Victor diz me olhando com desdém. — É bom que a academia ensine a você como ser mais que um acidente de percurso, irmãozinho — Victor provoca com um sorriso frio.
Eu engulo a resposta que queria dar. Victor sempre soube onde precisava para me atingir.
Victor sempre teve a habilidade de fazer minha pele arder com um simples comentário. Ele era tudo o que eu não era: legítimo, perfeito aos olhos do imperador. E Simone... Ela sempre teve um olhar calculista. Às vezes, me perguntas se ela realmente me aceitou ou se apenas viu uma utilidade em mim manter por perto.
Eu não respondi. Não porque ele estava errado, mas porque eu sabia que essa era apenas a primeira batalha. Na Flame Arche, eu não seria o bastardo, o segundo príncipe, ou o erro que todos prefeririam esquecer. Eu seria mais. Eu teria que ser.
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Atualizado até capítulo 31
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