Após apresentar Lisa a Alex, Ben começou a se sentir mais à vontade para trazê-la ao apartamento com mais frequência. Para Alex, era interessante observar como aquela nova dinâmica se desenrolava. Ele havia visto Lisa mais duas vezes em um curto intervalo desde o jantar de apresentação. Na última visita, Alex teve a chance de conhecê-la um pouco melhor e, como sempre, sua mente observadora não deixou passar nada.
Lisa, na opinião de Alex, era uma combinação curiosa de ingenuidade e simpatia. Havia algo encantador em sua presença, como se ela carregasse uma energia positiva que iluminava o ambiente. Ela parecia estar constantemente sorrindo e fazia de tudo para agradar Ben. “Está mimando ele,” Alex pensou em tom de brincadeira certa vez, observando enquanto Lisa preparava algo na cozinha do apartamento. No entanto, ele logo concluiu que talvez fosse apenas o entusiasmo típico de um relacionamento recente. Ela parecia apaixonada e disposta a demonstrar isso de todas as formas possíveis.
Mas, Ben… Ben continuava sendo Ben. Frio, como sempre. Ele não era do tipo que correspondia publicamente a gestos de afeto. Para Alex, essa diferença entre os dois era tão marcante quanto o contraste entre o dia e a noite. Lisa era calorosa, expansiva, quase como um raio de sol. Já Ben, com seu jeito introspectivo e contido, era como a lua, sempre sereno, mas distante. Lisa era o quente; Ben, o frio. Ela era a flor; ele, o espinho. Um dia, Alex decidiu tocar no assunto com o amigo:
— Você sabe que Lisa te adora, não é?
Ben levantou os olhos do livro que estava lendo, intrigado.
— Sei, por quê?
— Porque você não demonstra nada, cara. Tem que ser mais carinhoso. Não sei como ela aguenta sua frieza.
Ben deu um meio sorriso, como se estivesse considerando o comentário.
— Não sou frio. Só não sou como você, que transforma qualquer emoção em espetáculo. Alex riu, mas não se deu por vencido.
— Olha, só estou dizendo que, se continuar desse jeito, ela pode pensar que você não está tão envolvido quanto ela.
— Alex, relaxa. Você não está lá quando estamos sozinhos.
A resposta fez Alex parar por um instante. Ele imaginou que, talvez, Ben fosse diferente quando estava a sós com Lisa. Era uma possibilidade, e fazia sentido. Afinal, Ben sempre fora reservado, até mesmo com ele.
Com o tempo, Alex foi descobrindo mais sobre Lisa, não apenas pelas conversas que tinham, mas também por observação. Ela morava sozinha em uma kitnet próxima da universidade, o que explicava porque Ben às vezes passava as noites fora. Lisa também trabalhava em uma cafeteria perto do campus, e foi nessa descoberta que Alex começou a ligar os pontos. “Será que eles se conheceram lá?”, Alex pensava. Ele podia imaginar Ben entrando na cafeteria, talvez depois de uma aula cansativa, e sendo atendido por Lisa, com seu sorriso acolhedor e voz gentil. Era uma imagem bonita, e Alex não conseguia afastá-la da mente.
Curioso sobre o lugar, Alex começou a frequentar a cafeteria, muitas vezes na companhia de Ben. Ele acabou se apaixonando pelo café do lugar , e pela atmosfera acolhedora que combinava perfeitamente com a personalidade de Lisa. Às vezes, eles iam juntos para esperar Lisa terminar o expediente. Era engraçado ver como a dinâmica do trio estava se estabelecendo. Alex estava começando a se acostumar com a ideia de que, agora, outra pessoa fazia parte da amizade que ele e Ben compartilhavam.
Esses momentos foram suficientes para que Alex percebesse algo que, para ele, era o mais importante: Ben estava feliz. Era um tipo de felicidade sutil, mas perceptível. Não havia sorrisos escancarados ou gestos grandiosos, mas havia um brilho nos olhos do amigo, uma leveza em sua postura que Alex nunca tinha visto antes.
Lisa, por sua vez, parecia admirar Ben profundamente, e Alex podia ver que ela o desafiava de maneiras que ele precisava. Ben, tão acostumado a viver dentro de seu próprio mundo, agora tinha alguém que o fazia sair de sua zona de conforto. Alex achava isso fascinante. Certa tarde, enquanto esperavam Lisa terminar o turno na cafeteria, Alex não resistiu e lançou uma provocação:
— Sabe, você está diferente. Mais leve.
Ben franziu a testa, mas não conseguiu conter um sorriso discreto.
— Estou?
— Está. E não adianta fingir que não percebeu. Lisa está fazendo bem pra você.
Ben não respondeu de imediato, mas Alex percebeu o olhar de contemplação que cruzou o rosto do amigo.
— Talvez você esteja certo. — Admitiu Ben, com a voz baixa, quase como se não quisesse admitir.
Alex sorriu. Para ele, ver o amigo reconhecer isso era como uma pequena vitória. Nos dias que se seguiram, Alex continuou observando como o amor entre Ben e Lisa florescia. Ele ainda achava curioso como duas pessoas tão diferentes poderiam se complementar tão bem. Lisa trazia cor e movimento à vida de Ben, enquanto Ben oferecia a ela um tipo de estabilidade que Alex imaginava ser reconfortante.
Com o tempo, Alex não só aceitou a presença de Lisa, mas também começou a apreciar a nova dinâmica que ela trazia. Ele sabia que algumas coisas estavam mudando, mas, ao invés de temer isso, ele decidiu abraçar a novidade. Afinal, o que importava era que seu melhor amigo estava feliz, e, para Alex, isso era mais do que suficiente.
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Atualizado até capítulo 44
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