sombra do destino

Capítulo 5 – Entre Sombras e Confissões

Ana Clara chegara ao escritório da "AetherTech" mais cedo do que o habitual. Seu coração estava apertado, ansioso pelo que estava por vir. Ela sabia que, com o progresso do livro, sua conexão com Henrique D'Almeida estava se tornando algo mais complexo. Ele era, sem dúvida, uma pessoa difícil de ler, mas algo no olhar dele, na maneira como ele a observava durante suas reuniões, a fazia sentir que havia algo mais entre eles — algo que ele estava se esforçando para esconder.

Na manhã anterior, Henrique a havia convidado para um almoço para discutir os detalhes finais do projeto. Algo nele parecia diferente, mais distante, como se algo o estivesse perturbando. Ela não sabia o que esperar. Seria mais uma conversa impessoal sobre o livro, ou ele finalmente revelaria alguma verdade sobre si mesmo?

Ela aguardava no saguão do escritório quando a porta do elevador se abriu, e Henrique apareceu. Ele estava ainda mais elegante do que o usual, em um terno cinza escuro, seus olhos penetrantes como sempre, mas havia algo de sombrio em sua expressão.

— "Você está pronta?" — ele perguntou, sua voz fria, mas com um toque de suavidade que a fez se sentir desconcertada.

— "Sim, claro." — Ana respondeu, tentando esconder o nervosismo. Ela o seguiu até o restaurante reservado, um local discreto e elegante, longe dos olhos curiosos.

Enquanto caminhavam, ela não pôde deixar de notar a tensão que pairava no ar entre eles. Henrique estava em silêncio, com a cabeça baixa, como se estivesse refletindo sobre algo profundamente pessoal. Era raro vê-lo assim; normalmente, ele mantinha uma fachada impenetrável.

No restaurante, eles se sentaram em uma mesa no canto, longe de qualquer distração. O garçom trouxe o cardápio, mas Henrique não parecia interessado na refeição. Ele estava distante, absorto em seus próprios pensamentos.

— "Henrique, há algo acontecendo? Você parece… diferente." — Ana perguntou, a preocupação transparecendo em sua voz.

Ele a olhou com um sorriso sutil, mas suas palavras foram um tanto evasivas.

— "Nada que você precise se preocupar, Ana." — ele respondeu, mas sua voz estava mais baixa, como se houvesse algo que ele não queria admitir. — "Às vezes, o peso da responsabilidade nos pesa mais do que imaginamos."

Ana percebeu que ele estava falando mais do que parecia. Havia uma vulnerabilidade em suas palavras que ela raramente via em seu comportamento. Ela sabia que ele era um homem de negócios implacável, mas aquele momento parecia quebrar um pouco de sua muralha.

— "Não tem de ser assim, Henrique." — ela disse, com mais sinceridade do que imaginava. — "Você não precisa carregar tudo sozinho."

Henrique olhou para ela, como se estivesse tentando decifrar suas intenções. Havia algo em seus olhos que a deixava sem palavras. Por um instante, ela se esqueceu do motivo pelo qual estavam ali — o livro, o trabalho. Tudo parecia insignificante diante da intensidade daquele momento.

— "Eu sei, mas há coisas que ninguém pode compartilhar." — ele disse, a voz mais grave. — "Existem partes do meu passado que… que não devem ser expostas."

Aquelas palavras ressoaram profundamente em Ana. Ela não sabia o que ele queria dizer com aquilo, mas podia sentir que havia mais escondido ali. O que Henrique estava ocultando? E por que ele parecia tão perdido quando tocava no assunto?

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, até que o garçom chegou com a comida. O ambiente tranquilo parecia contrastar com a tempestade interna que se desenrolava entre eles. Ana, sem saber como reagir, procurou mudar de assunto.

— "Então, sobre o livro..." — ela disse, tentando retomar a normalidade.

Henrique a interrompeu, levantando a mão como quem pedia um momento.

— "Ana, eu preciso te contar algo." — sua voz estava firme, mas a expressão em seu rosto mostrava um esforço para se abrir. — "Há coisas em meu passado que estão mais próximas do que você imagina."

Ana sentiu o coração bater mais rápido. Ele finalmente estava começando a se abrir. Mas, antes que ela pudesse perguntar mais, ele continuou.

— "Minha família… é uma bagunça. Sempre foi." — Henrique disse, com uma expressão amarga. — "O império que construí, tudo o que você vê, não passou de um modo de me afastar de quem eu realmente sou. Eu tentei enterrar meu passado, mas ele está sempre lá, me perseguindo."

Aquelas palavras foram como um choque para Ana. O homem que ela havia considerado quase intocável estava agora revelando uma fraqueza, uma dor profunda. Ela podia ver a luta em seus olhos, o conflito entre seu desejo de se abrir e o medo do que isso poderia significar.

— "Henrique, se você quiser falar sobre isso…" — Ana começou, mas ele levantou a mão novamente, interrompendo-a.

— "Não, Ana." — ele disse, mais suavemente. — "Às vezes, certas verdades são melhor deixadas no passado. Não quero que você se envolva nisso."

Havia algo em seu olhar que a fez hesitar. Ele parecia realmente querer se abrir, mas ao mesmo tempo, havia uma barreira invisível que ele não estava disposto a ultrapassar. Ana, embora desejasse entender melhor sua dor, também sabia que ele precisava de espaço.

O resto do almoço foi silencioso. Ana não sabia o que dizer. As palavras de Henrique a deixaram perturbada. Quem era esse homem por trás da fachada de CEO imbatível? Que tipo de sombras ele carregava em seu coração?

Quando terminaram a refeição, Henrique a acompanhou até a saída do restaurante. Ele estava mais calmo, mas ainda visivelmente tenso.

— "Agradeço por sua compreensão, Ana." — ele disse, suas palavras suaves, mas com um toque de gratidão. — "Às vezes, é mais difícil de lidar com as próprias sombras do que qualquer outra coisa."

Ana o olhou, sentindo uma conexão inesperada com ele. Ela sabia que estava começando a entender um pouco mais sobre Henrique D'Almeida, mas ainda havia muito a ser desvendado. Algo dizia que, apesar de todos os mistérios, ela estava começando a se perder nas sombras que ele tanto temia. E talvez, em algum ponto dessa jornada, ela acabaria se tornando parte dessas sombras também.

Esse é o Capítulo 5, com mais profundidade no relacionamento entre Ana Clara e Henrique D'Almeida, revelando um pouco mais sobre o passado misterioso dele.

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