Capítulo 3 – O Peso das Sombras
O som suave das teclas do computador era a única coisa que preenchia o silêncio do escritório. Ana Clara estava sentada à sua mesa, cercada por pilhas de papéis e anotações, mas sua mente estava distante. O livro de Henrique D'Almeida começava a ganhar forma, mas, a cada palavra que escrevia, ela se sentia mais envolvida não apenas com o projeto, mas com o próprio homem que a contratara.
Henrique D'Almeida, o CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, parecia cada vez mais inatingível, como uma sombra que flutuava ao redor dela sem nunca se revelar completamente. Ele não falava muito sobre sua vida pessoal, mas os pequenos detalhes que ela conseguia captar, entre uma reunião e outra, a faziam sentir que estava começando a entender um pouco mais sobre ele. Mas, ao mesmo tempo, isso só aumentava a inquietação que sentia quando estava perto dele.
— "Como está indo o trabalho no livro?" — a voz de Henrique surgiu repentinamente atrás dela, fazendo com que ela se sobressaltasse.
Ana se virou rapidamente, encontrando os olhos penetrantes de Henrique fixos nela. Ele estava ali, como uma presença poderosa, um enigma disfarçado em um terno caro.
— "Estou quase finalizando o capítulo sobre a fundação da 'AetherTech', mas ainda falta algo... talvez uma conexão mais pessoal entre você e a história." — Ana respondeu, tentando manter a compostura. — "Sinto que o livro precisa refletir não apenas os sucessos, mas também os desafios mais íntimos que você enfrentou."
Henrique não respondeu de imediato. Em vez disso, ele caminhou até a janela, onde ficou observando a cidade que se estendia à sua frente. Ana sentiu um frio súbito, como se o ambiente estivesse se tornando mais denso, mais pesado. Ele sempre fazia isso, parecia afastar-se fisicamente, mas ao mesmo tempo sua presença se tornava ainda mais intensa.
— "Eu não sou uma pessoa fácil de entender, Ana." — ele disse, sua voz suave, mas carregada de um peso que ela não conseguia decifrar.
Ana ficou em silêncio por alguns segundos, indecisa sobre como reagir. Ela sabia que ele estava se referindo a algo mais profundo, algo que ele não estava disposto a compartilhar. E, ainda assim, não conseguia deixar de se sentir atraída por essa complexidade.
— "Eu não quero apenas saber sobre os seus feitos, Henrique... Quero entender o que te fez chegar até aqui." — ela disse, mais por impulso do que por qualquer outra coisa.
Henrique virou-se lentamente para ela, um olhar intenso queimando em seus olhos.
— "A verdade, Ana, é que a jornada até aqui não foi fácil. Eu não sou como os outros líderes que você conhece." — ele fez uma pausa, a tensão no ar aumentando. — "Eu não carrego apenas o peso de uma empresa, eu carrego os erros que cometemos ao longo do caminho. E isso, minha cara, não é algo que eu compartilhe com qualquer um."
O silêncio pairou entre eles por um momento. Ana não sabia o que dizer. Ela podia ver a luta em seu olhar, o conflito interno que ele estava tentando esconder. Mas ela também sabia que, ao escrever a história dele, estava tocando algo que ele provavelmente desejava manter oculto.
— "Eu não estou aqui para julgar você, Henrique." — Ana disse, a sinceridade em sua voz quebrando o gelo entre eles. — "Estou aqui para contar a sua história da forma mais verdadeira possível. Para entender quem você é por trás de tudo isso."
Henrique pareceu hesitar por um instante, como se estivesse considerando suas palavras. Depois, sem dizer mais nada, ele se afastou da janela e caminhou até a porta. Quando estava prestes a sair, ele parou e olhou para ela uma última vez.
— "Eu posso até permitir que você me conheça, Ana... mas lembre-se, nem todos os segredos estão destinados a serem revelados." — ele disse com um tom baixo, quase enigmático, antes de sair pela porta, deixando Ana sozinha, imersa em pensamentos.
O resto do dia foi uma mistura de emoções conflitantes. Ana sentiu que havia algo mais profundo em Henrique, algo que ele escondia, mas também que ela começava a entender. Ela não sabia se isso a atraía ainda mais ou se a afastava. No entanto, uma coisa era certa: ela estava completamente envolvida.
À noite, enquanto revisava as anotações que fizera durante a reunião, Ana não conseguia tirar da cabeça as palavras de Henrique. "Nem todos os segredos estão destinados a serem revelados...". O que ele queria dizer com isso? Que partes de sua história ele estava escondendo? E o que ele temia que ela descobrisse?
Na manhã seguinte, Ana foi até o escritório de Henrique com o objetivo de obter mais informações para o livro. Ela sabia que ele tinha uma vida pessoal complicada, mas algo dentro dela lhe dizia que essa parte da história era crucial. Ela precisava descobrir mais.
Quando entrou no prédio da "AetherTech", o ambiente parecia ainda mais impessoal e frio do que o normal. O saguão vazio, iluminado apenas por lâmpadas fluorescentes, a fez sentir-se desconectada de tudo à sua volta. Ao chegar ao andar de Henrique, ela foi recebida por um de seus assistentes, que a conduziu até o escritório.
Henrique estava lá, mais uma vez de costas para ela, com os olhos fixos em uma tela de computador.
— "Você tem mais perguntas, Ana?" — ele perguntou, sua voz sem emoção.
Ela se aproximou dele, hesitando por um momento antes de falar.
— "Henrique, preciso saber mais sobre o que realmente aconteceu nos primeiros anos da 'AetherTech'. O que você teve que sacrificar para chegar até aqui?" — ela questionou, direta.
Henrique se virou lentamente, seus olhos profundos encontrando os dela com uma intensidade que a fez parar de respirar por um instante.
— "Sacrifícios..." — ele repetiu a palavra como se tivesse um peso especial. — "Às vezes, sacrificamos mais do que imaginamos para alcançar o sucesso, Ana." — ele se aproximou dela, mais perto do que ela esperava, fazendo com que o ar ao redor ficasse carregado.
— "Mas isso é algo que nem todos podem entender." — ele acrescentou com um tom que, mais uma vez, a fez se perguntar quais segredos ele ainda estava tentando esconder.
O olhar que Henrique lançou a Ana fez com que ela sentisse que estava à beira de descobrir algo vital, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de perigo pairava no ar. Ela sabia que sua busca pela verdade poderia revelar algo mais sombrio do que imaginava.
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Atualizado até capítulo 23
Comments
Ivani Baldo
que cinistro isso esses CEO sao todos loucos kkk corajosa a garota vamos aguardar
2024-11-30
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Anne-Cécile
Aí, que curiosidadeeee
2024-11-29
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