Era uma noite fria de sexta-feira quando André convidou Lúcia para se juntar a ele e a alguns amigos em um bar local. Ela hesitou por um momento, pois o cansaço da semana já pesava sobre seus ombros, mas a ideia de passar tempo com ele e conhecer melhor seu círculo de amizades a atraiu. Lúcia se arrumou com o simples objetivo de se sentir confortável, mas ao escolher a roupa e ajeitar os cabelos, sentiu uma leve agitação, algo diferente da tranquilidade habitual.
Quando chegou ao local combinado, a animação no ambiente era palpável. Risos e conversas se mesclavam com o som da música ao fundo. O bar estava cheio, mas ainda assim tinha um charme acolhedor. Lúcia sentiu uma onda de nervosismo, mas logo foi acalmada ao ver André, que a saudou com um sorriso caloroso assim que ela entrou. Ele estava rodeado por um pequeno grupo, alguns conhecidos, outros novos, mas foi fácil para Lúcia sentir que ali, com ele, tudo ficaria bem.
A conversa começou de maneira natural. Lúcia se sentiu à vontade ao lado de André, que a fez rir com suas piadas e histórias engraçadas. Ela se sentava ao lado dele, e entre goles de cerveja e risos descontraídos, o ambiente parecia perfeito. Mas algo se quebrou no momento em que uma nova pessoa chegou.
Beatriz entrou no bar como uma tempestade de energia. Lúcia não sabia o que exatamente a fez perceber a presença de Beatriz tão claramente, mas quando ela entrou, parecia que o ambiente ao redor dela se iluminava. Ela era alta, com longos cabelos escuros que caíam em ondas suaves sobre seus ombros, e seu olhar tinha uma intensidade desconcertante. Usava um vestido vermelho que chamava atenção, o tipo de roupa que parecia desenhada para seduzir, para se destacar.
André a viu imediatamente e sorriu com um brilho nos olhos. Ele se levantou rapidamente e foi até ela, puxando-a para a roda de amigos. Lúcia ficou um pouco para trás, observando a cena sem saber ao certo o que sentia. Não era ciúmes — ao menos não de maneira clara. Era algo mais confuso, algo que se formava dentro dela como uma nuvem de incertezas.
“Oi, pessoal! André, quanto tempo!” Beatriz exclamou com uma energia que imediatamente dominou a conversa. Ela abraçou André de maneira calorosa, mas Lúcia percebeu o toque a mais, o carinho que ultrapassava o simples cumprimento.
Lúcia tentou se manter tranquila, mas algo na postura de Beatriz fez seu estômago se apertar. Ela tentou se concentrar na conversa que estava acontecendo, tentando não observar demais, mas foi impossível não notar como André e Beatriz pareciam ter uma conexão imediata. Beatriz ria das piadas dele com uma facilidade que Lúcia não conseguiu ignorar. E embora ela tentasse não demonstrar, seu peito apertava com cada palavra de Beatriz direcionada a ele.
“Lúcia, você se lembra da Beatriz, não?” André perguntou de repente, tentando incluir Lúcia na conversa.
Ela sorriu, mas a pontada de insegurança em seu peito não desapareceu. “Sim, claro. A gente já se encontrou uma vez.” Sua voz parecia mais baixa do que ela gostaria, mais distante do que queria que soasse.
Beatriz sorriu de maneira encantadora. “Sim, nós nos esbarramos naquela vez. Bom te ver novamente, Lúcia!” A maneira como ela olhou para Lúcia foi educada, mas havia uma tensão sutil, como se ela estivesse tentando se mostrar mais sociável do que realmente se importava.
Lúcia sorriu, tentando não dar importância ao desconforto que começava a tomar conta dela. Mas Beatriz tinha um jeito de ser que tirava a confiança de qualquer um. Quando ela olhou para André, Lúcia percebeu a forma como os olhos dele brilharam ao interagir com Beatriz. Era uma expressão de alguém que estava claramente confortável com a presença da outra pessoa, de alguém que compartilhava uma conexão mais profunda. Talvez fosse só uma amizade antiga, mas, naquele momento, parecia mais do que isso. Lúcia sentiu uma pontada de desconforto.
Durante a conversa, Lúcia percebeu que a maioria dos amigos de André estava se focando em Beatriz, rindo de suas histórias e comentando sobre os mesmos eventos aos quais André parecia se referir com frequência. Havia algo desconcertante na forma como Beatriz falava sobre suas experiências com André, como se elas fossem mais do que simples lembranças.
Quando Beatriz riu de algo que André disse e colocou a mão em seu ombro com uma confiança que Lúcia não conseguia ignorar, ela sentiu uma sensação de desconexão, como se a amizade deles estivesse sendo testada de alguma forma. Ela percebeu, em um estalo de clareza, que algo estava mudando, que aquela amizade com André estava começando a se desviar para algo que ela não sabia controlar.
No fundo, Lúcia sabia que o comportamento de Beatriz estava lhe causando insegurança. O sorriso exagerado, a atenção ininterrupta, os olhares rápidos entre ela e André — tudo isso começou a pesar sobre Lúcia, deixando-a se perguntando se ela estava sendo tola, ou se realmente havia algo mais acontecendo ali. Talvez ela estivesse inventando um drama, mas o que Beatriz parecia oferecer era muito mais do que o que Lúcia sentia que podia oferecer.
No fim da noite, quando o grupo começou a se dispersar, André e Beatriz conversaram animadamente sobre planos futuros. Lúcia ficou ali, observando de longe, tentando entender por que seu coração estava apertado. Quando André voltou até ela, ele parecia alheio a qualquer tensão. Ele sorria, feliz, como se a noite tivesse sido perfeita.
“Você está bem?” André perguntou com uma expressão de preocupação ao ver Lúcia quieta.
Ela assentiu, mas o peso no peito era inegável. “Sim, claro. Só estava pensando em algumas coisas.”
“Ah, entendi. A Beatriz fala muito, né? Mas ela é só assim mesmo, super energética.” Ele sorriu, como se fosse uma explicação suficiente, mas Lúcia não estava tão convencida. Algo dentro dela sabia que as coisas entre eles haviam mudado, talvez não de maneira grande, mas de forma sutil. E Beatriz, com sua presença intensa e envolvente, tinha colocado uma sombra entre eles, uma sombra da qual Lúcia não sabia como se livrar.
Enquanto saíam juntos, André colocou a mão nas costas dela, um gesto de carinho que ela tentava apreciar, mas que agora parecia carregado de uma ansiedade nova, algo que ela não podia mais ignorar.
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Atualizado até capítulo 24
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