Savine não conseguia tirar os olhos da fotografia. A imagem estava parcialmente desbotada, mas os traços eram nítidos o bastante para incomodar. O olhar daquela mulher morena ao fundo — talvez Charlotte? — a fez estremecer. Havia algo quase ameaçador em sua expressão. Não era uma pose casual. Era um registro de alerta, como se estivesse ciente de que a foto seria olhada muito tempo depois.
O mais estranho era o homem ao lado dela. Loiraço, com mandíbula forte, olhos penetrantes e um sorriso... frio. Como se soubesse de algo que ninguém mais sabia. Havia qualquer coisa de perturbador naquele sorriso, e isso fez o estômago de Savine revirar.
Ela tirou o retrato da moldura, esperando encontrar alguma anotação no verso. Mas ali só havia um nome rabiscado com carvão, já quase apagado:
“Cathal.”
Savine franziu o cenho. Era um nome incomum, mas bonito. E estranho. Soava como uma chave perdida de algo maior. De algo enterrado.
Guardou a fotografia dobrada dentro de seu diário e voltou para o quarto. Tentaria reorganizar os pensamentos, mas não teve tempo. Um som surdo vindo de cima — do sótão — a fez parar no meio da escada.
Era como se algo tivesse sido arrastado.
O sangue gelou em suas veias. Fergus havia deixado claro que ela não deveria ir até ali, mas e se tivesse alguém lá dentro? Ou... algo?
Respirou fundo, subiu até o topo da escada e encarou a porta de madeira envelhecida. A fechadura antiga brilhava sob a luz fraca da janela do corredor. Ela tentou girar a maçaneta. Estava trancada.
Atrás da porta, o silêncio voltou, como se tivesse sido apenas um som imaginado. Mas o pressentimento continuava. O tipo de intuição que gritava sem palavras.
Voltando ao quarto, Savine se sentou na beira da cama e retirou o bilhete da mãe mais uma vez. Leu pela décima vez as mesmas palavras:
"Procure Fergus. Ele sabe a verdade."
— Mas você nunca disse qual verdade, mãe… — murmurou, frustrada.
Folheou o diário onde escrevia tudo desde que chegara. Nos cantos das páginas, pequenas anotações pareciam surgir sozinhas. Palavras soltas, fragmentos de sonho. Um deles se repetia:
“Seamus.”
Era o mesmo nome que encontrara na dedicatória de um livro velho na estante. O mesmo que sonhara na noite passada, sussurrado pela mulher na névoa.
Quem era Seamus?
Ela mal sabia, mas nomes como Cathal, Charlotte e Seamus começavam a se conectar num quebra-cabeça antigo — onde o tempo não seguia uma linha reta, mas espiralava sobre si mesmo.
Ao olhar pela janela, viu Fergus retornando, desta vez acompanhado de um carro preto que parou alguns metros adiante. Dele, desceu uma mulher de cabelos loiros e andar elegante — Kristen.
A estranha sensação no peito de Savine ficou mais forte. Ela não sabia o porquê, mas a chegada daquela mulher marcaria o início de uma nova parte da história.
Uma que talvez sua mãe nunca quisesse que ela descobrisse.
Respirou fundo, subiu até o topo da escada e encarou a porta de madeira envelhecida. A fechadura antiga brilhava sob a luz fraca da janela do corredor. Ela tentou girar a maçaneta. Estava trancada.
Atrás da porta, o silêncio voltou, como se tivesse sido apenas um som imaginado. Mas o pressentimento continuava. O tipo de intuição que gritava sem palavras.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 91
Comments
Elaine Bastos
Savine tem as melhores amigas kkkk
2025-01-02
0
Nayara Gomes
lkkkkkkkkkk
2024-11-20
0
Regina mesquita
Deixa Leila mais um pouquinho autora
2024-11-13
0