Capítulo três - Vozes Escuridão

Savine dormiu mal. Os sons da casa eram inquietantes. Estalos de madeira, sussurros que talvez fossem apenas o vento, o tilintar de algo metálico distante. Cada pequeno barulho ganhava vida própria na escuridão, alimentando sua ansiedade. Quando finalmente adormeceu, sonhou com uma mulher caminhando por um campo encoberto por neblina, olhando para trás, como se fugisse de algo.

Acordou antes do amanhecer. A luz pálida da manhã invadia o quarto timidamente. O silêncio era diferente — denso, como o ar antes de uma tempestade. Vestiu um casaco e desceu devagar as escadas, sentindo os degraus rangerem sob seus pés, como se a casa estivesse acordando junto com ela.

Na cozinha, encontrou Fergus sentado com uma xícara de chá entre as mãos, encarando a lareira apagada. Não parecia surpreso ao vê-la tão cedo.

— Não conseguiu dormir? — ele perguntou, sem olhar para ela.

— Essa casa tem... vida demais — respondeu, tentando soar leve.

— As casas antigas sempre têm. Guardam tudo que já ouviram.

Savine se sentou à mesa, observando-o em silêncio. Fergus era um homem de poucas palavras, mas carregava uma presença que dominava o ambiente. Seu silêncio não era vazio — era carregado de histórias não contadas.

— Aquela carta que minha mãe deixou... — ela começou, mas ele a interrompeu com um olhar firme.

— Nem tudo que ela escreveu deve ser lido ao pé da letra.

— Ela confiava em você.

— Ela me conhecia — corrigiu ele, tomando um gole de chá.

Antes que ela pudesse responder, alguém bateu à porta.

Fergus se levantou de imediato, como se esperasse a visita. Abriu a porta apenas uma fresta. Savine ouviu uma voz masculina abafada, mas não conseguiu entender o que dizia. Fergus falava baixo, mas o tom era ríspido, firme. Quando voltou, trazia no rosto uma expressão fechada.

— Preciso sair por algumas horas. Não abra a porta. E lembre-se do que falei sobre as outras salas.

Ela quis protestar, mas algo na forma como ele a olhou fez com que permanecesse em silêncio. Fergus saiu, batendo a porta atrás de si.

Savine ficou sozinha na cozinha, com o coração acelerado. Esperou alguns minutos, depois se levantou e caminhou até o corredor que levava à biblioteca. A maçaneta estava fria. Girou devagar, mas a porta estava trancada.

O porão também. Trancado com uma corrente grossa.

Ao voltar, reparou em um detalhe que não havia visto antes: uma foto emoldurada sobre a estante da sala. Fergus estava nela — mais jovem — ao lado de uma mulher muito parecida com sua mãe. Mas havia também um casal ao fundo: uma mulher morena e um homem loiro com um olhar intenso.

Savine engoliu em seco. Não reconhecia os rostos, mas algo neles parecia... familiar. Como se já os tivesse visto, mesmo que só em sonho.

Savine se sentou à mesa, observando-o em silêncio. Fergus era um homem de poucas palavras, mas carregava uma presença que dominava o ambiente. Seu silêncio não era vazio — era carregado de histórias não contadas.

Antes que ela pudesse responder, alguém tinha batido à porta

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Comments

Elaine Bastos

Elaine Bastos

Leila pode ser meia doida mas é amiga da Savine

2025-01-02

0

Michelle Alvarenga

Michelle Alvarenga

Amei as duas, estou feliz e triste pela Leila, porque conseguiu realizar o seu sonho porém vai ter que deixar a Cidade natal a amiga, e o doutor gostoso dela kkk

2024-11-14

1

Regina mesquita

Regina mesquita

Oh meu Deus

2024-11-13

0

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 1 - chegada a vila
2 Capítulo 2 - Portas Fechadas
3 Capítulo três - Vozes Escuridão
4 Capítulo 4 - O retrato queimado
5 Capítulo cinco - Velhas Feridas
6 Capítulo 6 — O eco do nome
7 Capítulo 7- o nome no escuro
8 Capítulo 8 - O foragido
9 Capítulo 9 - A presença de Charlotte
10 Capítulo dez - Sonhos e Segredos
11 Capítulo Onze - A carta esquecida
12 Capítulo doze - Verdades Sussuradas
13 Capítulo Treze - O lugar esquecido
14 Capítulo Quatorze - Segredos enterrados
15 Capítulo Quinze - sombras que se movem
16 Capítulo Dezesseis - Alianças e traições
17 Capítulo Dezessete - O primeiro confronto
18 Capítulo Dezoito - Cicatrizes e dúvidas
19 Capítulo Dezenove - Laços que curam
20 Capítulo Vinte - Prova de fogo
21 Capítulo vinte e um - Feridas Visíveis e Invisíveis
22 Capítulo Vinte e Dois - Olhos nas Sombras
23 Capítulo Vinte e Três - Estratégias nas Sombras
24 Capítulo Vinte e Quatro - A Aliança Incerta
25 Capítulo Vinte e Cinco - A missão arriscada
26 Capítulo Vinte e Seis - Infiltração no Cofre
27 Capítulo Vinte e Sete - O Preço da Verdade
28 Capítulo Vinte e Oito - Ecos da Verdade
29 Capítulo Vinte e Nove - O Peso da Revelação
30 Capítulo Trinta - O Jogo do Guardião
31 Capítulo Trinta e Um - Confronto nas Sombras
32 Capítulo Trinta e Dois - Segredos nas Sombras
33 Capítulo Trinta e Três - A Tempestade que se Aproxima
34 Capítulo Trinta e Quatro - O Início da Tempestade
35 Capítulo trinta e Cinco - Chamas na Escuridão
36 Capítulo Trinta e Seis - O Último Reduto
37 Capítulo Trinta e Sete - Renascendo das Cinzas
38 Capítulo Trinta e Oito - A Resistência nas Cinzas
39 Capítulo Trinta e Nove - Forjados no Fogo
40 Capítulo Quarenta - Fortaleza em Meio às Cinzas
41 Capítulo Quarenta e Um - Alianças Que Forjam o Amanhã
42 Capítulo Quarenta e Dois - O Inimigo Entre Nós
43 Capítulo Quarenta e Três - Vozes no Escuro
44 Capítulo Quarenta e Quatro - O Cerco Invisível
45 Capítulo Quarenta e Cinco - Fragmentos de Verdades
46 Capítulo Quarentena e Seis - O Primeiro Sussurro
47 Capítulo Quarenta e Sete - O Jogo Começou
48 Capítulo Quarenta e Oito - A Noite em que o Vento Mudou
49 Capítulo Quarenta e Nove - O Sopro das Cinzas Mortas
50 Capítulo Cinquenta - Ecos de Lornach
51 Capítulo Cinquenta e Um - Vozes que Não Morrem
52 Capítulo Cinquenta e Dois - O Sussurro Sob a Pedra
53 Capítulo Cinquenta e Três - Ondas do medo
54 Capítulo Cinquenta e Quatro - A Raiz do Ciclo
55 Capítulo Cinquenta e Cinco - A Entidade do Véu
56 Capítulo Cinquenta e Seis — O Ritual do Véu
57 Capítulo Cinquenta e Sete — O Eco do Véu
58 Capítulo Cinquenta e Oito — Ecos no Escuro
59 Capítulo Cinquenta e Nove — Vozes Quebradas
60 Capítulo Sessenta — A dança dos Antigos
61 Capítulo Sessenta e Um — Um véu de vozes
62 Capítulo Sessenta e Dois — O Peso da Escolha
63 Capítulo Sessenta e Três — Sombras que Andam
64 Capítulo Sessenta e Quatro — Sob o Julgamento das Sombras
65 Capítulo Sessenta e Cinco — A Alvorada do Confronto
66 Capítulo Sessenta e Seis - O Chamado das Sombras
67 Capítulo Sessenta e Sete — Fogo e Cinzas
68 Capítulo Sessenta e Oito — Entre Sombras e Sangue
69 Capítulo Sessenta e Nove — A Fenda do Véu
70 Capítulo Sessenta — O Portal Rasgado
71 Capítulo Sessenta e Um — Estrondos do Passado
72 Capítulo Setenta e Dois — O Véu Despedaçado
73 Capítulo Setenta e Três — No Limite da Escuridão
74 Capítulo Sessenta e Quatro — O Peso da Traição
75 Capítulo Setenta e Cinco — Rede das Mentiras
76 Capítulo Setenta e Seis — As Máscaras Caem
77 Capítulo Setenta e Sete — Revelações e Rupturas
78 Capítulo Setenta e Oito — Alianças Frágeis
79 Capítulo Setenta e Nove — Ecos de Sangue e Promessas Veladas
80 Capítulo Oitenta — A Floresta dos Sussurros
81 Capítulo Oitenta e Um — Vozes da Ancestralidade
82 Capítulo Oitenta e Dois — A Marcha Silenciosa
83 Capítulo Oitenta e Três — O Sangue Antigo
84 Capítulo Oitenta e Quatro — Entre as pedras
85 Capítulo Oitenta e Cinco — O Despertar do Coração
86 Capítulo Oitenta e Seis — A Carne Será Punida
87 Capítulo Oitenta e Sete — O Nome que Nunca Deve Ser Dito
88 Capítulo Oitenta e Oito — O Sopro Que Desperta os Mortos
89 Capítulo Oitenta e Nove — O Grito de Quem Não Esqueceu
90 Capítulo Noventa — Até que a Última Pedra Caia
91 Capítulo Noventa e Um – Onde as Cinzas Florescem
Capítulos

Atualizado até capítulo 91

1
Capítulo 1 - chegada a vila
2
Capítulo 2 - Portas Fechadas
3
Capítulo três - Vozes Escuridão
4
Capítulo 4 - O retrato queimado
5
Capítulo cinco - Velhas Feridas
6
Capítulo 6 — O eco do nome
7
Capítulo 7- o nome no escuro
8
Capítulo 8 - O foragido
9
Capítulo 9 - A presença de Charlotte
10
Capítulo dez - Sonhos e Segredos
11
Capítulo Onze - A carta esquecida
12
Capítulo doze - Verdades Sussuradas
13
Capítulo Treze - O lugar esquecido
14
Capítulo Quatorze - Segredos enterrados
15
Capítulo Quinze - sombras que se movem
16
Capítulo Dezesseis - Alianças e traições
17
Capítulo Dezessete - O primeiro confronto
18
Capítulo Dezoito - Cicatrizes e dúvidas
19
Capítulo Dezenove - Laços que curam
20
Capítulo Vinte - Prova de fogo
21
Capítulo vinte e um - Feridas Visíveis e Invisíveis
22
Capítulo Vinte e Dois - Olhos nas Sombras
23
Capítulo Vinte e Três - Estratégias nas Sombras
24
Capítulo Vinte e Quatro - A Aliança Incerta
25
Capítulo Vinte e Cinco - A missão arriscada
26
Capítulo Vinte e Seis - Infiltração no Cofre
27
Capítulo Vinte e Sete - O Preço da Verdade
28
Capítulo Vinte e Oito - Ecos da Verdade
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Capítulo Vinte e Nove - O Peso da Revelação
30
Capítulo Trinta - O Jogo do Guardião
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Capítulo Trinta e Um - Confronto nas Sombras
32
Capítulo Trinta e Dois - Segredos nas Sombras
33
Capítulo Trinta e Três - A Tempestade que se Aproxima
34
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35
Capítulo trinta e Cinco - Chamas na Escuridão
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Capítulo Cinquenta - Ecos de Lornach
51
Capítulo Cinquenta e Um - Vozes que Não Morrem
52
Capítulo Cinquenta e Dois - O Sussurro Sob a Pedra
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Capítulo Cinquenta e Nove — Vozes Quebradas
60
Capítulo Sessenta — A dança dos Antigos
61
Capítulo Sessenta e Um — Um véu de vozes
62
Capítulo Sessenta e Dois — O Peso da Escolha
63
Capítulo Sessenta e Três — Sombras que Andam
64
Capítulo Sessenta e Quatro — Sob o Julgamento das Sombras
65
Capítulo Sessenta e Cinco — A Alvorada do Confronto
66
Capítulo Sessenta e Seis - O Chamado das Sombras
67
Capítulo Sessenta e Sete — Fogo e Cinzas
68
Capítulo Sessenta e Oito — Entre Sombras e Sangue
69
Capítulo Sessenta e Nove — A Fenda do Véu
70
Capítulo Sessenta — O Portal Rasgado
71
Capítulo Sessenta e Um — Estrondos do Passado
72
Capítulo Setenta e Dois — O Véu Despedaçado
73
Capítulo Setenta e Três — No Limite da Escuridão
74
Capítulo Sessenta e Quatro — O Peso da Traição
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Capítulo Setenta e Cinco — Rede das Mentiras
76
Capítulo Setenta e Seis — As Máscaras Caem
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Capítulo Setenta e Sete — Revelações e Rupturas
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Capítulo Setenta e Oito — Alianças Frágeis
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Capítulo Setenta e Nove — Ecos de Sangue e Promessas Veladas
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Capítulo Oitenta — A Floresta dos Sussurros
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Capítulo Oitenta e Um — Vozes da Ancestralidade
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Capítulo Oitenta e Dois — A Marcha Silenciosa
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Capítulo Oitenta e Três — O Sangue Antigo
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Capítulo Oitenta e Quatro — Entre as pedras
85
Capítulo Oitenta e Cinco — O Despertar do Coração
86
Capítulo Oitenta e Seis — A Carne Será Punida
87
Capítulo Oitenta e Sete — O Nome que Nunca Deve Ser Dito
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Capítulo Oitenta e Oito — O Sopro Que Desperta os Mortos
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Capítulo Oitenta e Nove — O Grito de Quem Não Esqueceu
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Capítulo Noventa — Até que a Última Pedra Caia
91
Capítulo Noventa e Um – Onde as Cinzas Florescem

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