Savine dormiu mal. Os sons da casa eram inquietantes. Estalos de madeira, sussurros que talvez fossem apenas o vento, o tilintar de algo metálico distante. Cada pequeno barulho ganhava vida própria na escuridão, alimentando sua ansiedade. Quando finalmente adormeceu, sonhou com uma mulher caminhando por um campo encoberto por neblina, olhando para trás, como se fugisse de algo.
Acordou antes do amanhecer. A luz pálida da manhã invadia o quarto timidamente. O silêncio era diferente — denso, como o ar antes de uma tempestade. Vestiu um casaco e desceu devagar as escadas, sentindo os degraus rangerem sob seus pés, como se a casa estivesse acordando junto com ela.
Na cozinha, encontrou Fergus sentado com uma xícara de chá entre as mãos, encarando a lareira apagada. Não parecia surpreso ao vê-la tão cedo.
— Não conseguiu dormir? — ele perguntou, sem olhar para ela.
— Essa casa tem... vida demais — respondeu, tentando soar leve.
— As casas antigas sempre têm. Guardam tudo que já ouviram.
Savine se sentou à mesa, observando-o em silêncio. Fergus era um homem de poucas palavras, mas carregava uma presença que dominava o ambiente. Seu silêncio não era vazio — era carregado de histórias não contadas.
— Aquela carta que minha mãe deixou... — ela começou, mas ele a interrompeu com um olhar firme.
— Nem tudo que ela escreveu deve ser lido ao pé da letra.
— Ela confiava em você.
— Ela me conhecia — corrigiu ele, tomando um gole de chá.
Antes que ela pudesse responder, alguém bateu à porta.
Fergus se levantou de imediato, como se esperasse a visita. Abriu a porta apenas uma fresta. Savine ouviu uma voz masculina abafada, mas não conseguiu entender o que dizia. Fergus falava baixo, mas o tom era ríspido, firme. Quando voltou, trazia no rosto uma expressão fechada.
— Preciso sair por algumas horas. Não abra a porta. E lembre-se do que falei sobre as outras salas.
Ela quis protestar, mas algo na forma como ele a olhou fez com que permanecesse em silêncio. Fergus saiu, batendo a porta atrás de si.
Savine ficou sozinha na cozinha, com o coração acelerado. Esperou alguns minutos, depois se levantou e caminhou até o corredor que levava à biblioteca. A maçaneta estava fria. Girou devagar, mas a porta estava trancada.
O porão também. Trancado com uma corrente grossa.
Ao voltar, reparou em um detalhe que não havia visto antes: uma foto emoldurada sobre a estante da sala. Fergus estava nela — mais jovem — ao lado de uma mulher muito parecida com sua mãe. Mas havia também um casal ao fundo: uma mulher morena e um homem loiro com um olhar intenso.
Savine engoliu em seco. Não reconhecia os rostos, mas algo neles parecia... familiar. Como se já os tivesse visto, mesmo que só em sonho.
Savine se sentou à mesa, observando-o em silêncio. Fergus era um homem de poucas palavras, mas carregava uma presença que dominava o ambiente. Seu silêncio não era vazio — era carregado de histórias não contadas.
Antes que ela pudesse responder, alguém tinha batido à porta
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Elaine Bastos
Leila pode ser meia doida mas é amiga da Savine
2025-01-02
0
Michelle Alvarenga
Amei as duas, estou feliz e triste pela Leila, porque conseguiu realizar o seu sonho porém vai ter que deixar a Cidade natal a amiga, e o doutor gostoso dela kkk
2024-11-14
1
Regina mesquita
Oh meu Deus
2024-11-13
0