Elore Krainer estava em um daqueles momentos sombrios da vida, onde o peso do mundo parecia descansar em seus ombros. Seu refúgio habitual nos livros tinha perdido o encanto; passeio com os amigos eram recusados de forma imediata e sua mente havia se tronado sua pior inimiga. Os livros, que antes eram seus amigos íntimos, agora eram meras lembranças de um prazer que parecia inalcançável.
Ela passava os dias envolta em seu cobertor, sem ter animo nem mesmo para comer e as noites ficava andando pelo apartamento que nem um fantasma pois não conseguia dormir. Sua mente não deixava. Ou simplesmente ficava sentada naquele chão frio encostada na parede olhando para o teto, pensando em tudo e pensando em nada ao mesmo tempo.
Depois de muita insistência de Sofi, Elore finalmente decidiu fazer algo para de distrair. Uma noite quando teve coragem de abrir o notebook e se distrair na internet, estava vendo vídeos aleatórios. Muito aleatório mesmo. Mas então a campainha tocou e Elore ficou pensando se atendia ou não. Contra sua vontade se levantou e se arrastou até a porta. Quando abriu, deu de cara com uma pequena senhora.
"Olá minha jovem. Me desculpe incomodar, sou a morada do apartamento ao lado." Elore a comprimentou com um aceno dizendo Olá.
" A Senhora precisa de ajuda?"
"Oh não. Estou bem. Só queria conhecer minha vizinha e entregar meus comprimentos" ela diz estendendo uma cesta com um pano bordado por cima.
"Ah, não precisa senhora."
"eu insisto. É com muito carinho"
Diante disso Elore não podia recusar e fazer essa desfeita. Então aceitou e agradeceu e quando voltou para o sofá, ficou curiosa para saber o que tinha ganhado. Alguns doces, saquinhos com pães caseiros e um livro com um laço branco em cima. Aquilo chamou sua atenção: um título sobre reinos mágicos, príncipes, e claro, um vilão intrigante. Elore Nunca recusou uma boa leitura sobre romance, porem ela pensou que depois de tudo o que aconteceu, o que menos queria agora era um livro sobre isso, mas algo naquele livrou chamava por ela. Mesmo que relutante, algo dentro dela se agitou. Talvez fosse a promessa de um escape, de um mundo onde os problemas eram diferentes dos seus, mas de alguma forma igualmente complexos.
"Por que não?" pensou. Talvez uma fuga para um mundo de fantasia fosse exatamente o que precisava. Ainda com ceticismo sem acreditar que aquilo realmente ajudaria, respirou fundo e começou a ler.
E então algo surpreendente aconteceu.
A história a capturou de imediato, e, para seu próprio espanto, um certo personagem começou a fazer seu coração bater mais rápido. Não era o herói galante ou a mocinha em perigo que despertava sua atenção, mas o vilão. Ele era maravilhoso e sarcasticamente cativante, e cada vez que aparecia, Elore sentia um estranho calor em seu corpo e seu coração acelerava de uma forma que não acontecia há muito, muito tempo.
Elore fechou o livro por um momento, tentando processar o que estava acontecendo. Ela respirou fundo, duvidando de sua sanidade. "Será possível que eu finalmente atingi o limite da sanidade mental?", pensou, com um meio sorriso. Ainda com o rosto quente por pensamentos indecentes com o tal vilão, Elore continua sua leitura. Sempre atenta a cada palavra, vírgula e ponto final. E a cada página virada e a cada palavra lida, seu coração ia se enchendo de algo desconhecido e isso lhe assustava. "ok... já chega." Elore largou o livro em cima do sofá e vai até o banheiro lavar o rosto, olhando no espelho se sentiu ainda mais envergonhada somente em cogitar tal situação.
"Ok Elore. É sério que você vai fazer isso comigo? hunn? não se atreva a fazer isso." Elore volta para o sofá e desiste da leitura por hora. Talvez seja melhor não continuar, ela pensa.
dois dias depois...
Enrolada em seu cobertor favorito, afundada em seu sofá, com uma xícara de chá já morna ao lado estava Elore Krainer. O apartamento estava mergulhado em um silêncio confortável, quebrado apenas pelo som suave das páginas virando enquanto lia seu mais novo livro. O aroma de camomila flutuava no ar, tentando, sem sucesso, acalmar os nervos agitados de Elore.
Depois de semanas (quatro meses) de tormento emocional após o término com Marcus, Elore finalmente encontrara um alívio inesperado. Não era o tipo de leitura habitual dela, mas aquele livro era maravilhoso. Ela precisava de uma distração, e parecia que tinha encontrado a melhor possível.
Enquanto lia, Elore foi lentamente sendo cativada por seu mais novo amigo literário Kael. Ele não era o príncipe encantado. Não, era o "vilão." Um vilão charmoso, sarcástico e perigosamente inteligente. Cada vez que ele surgia nas páginas, Elore sentia um frio na barriga e um calor subir até as bochechas. O que estava acontecendo com ela? era a pergunta mais frequente em sua mente desde que começou aquela leitura.
Página após página, Elore se encontrou imersa no mundo do livro. A cada aparição de Kael, ela sentia um calor estranho no peito e um rubor no rosto. Seu coração acelerava, e ela ria de si mesma por se sentir assim. "Será que estou ficando louca?", pensava. Mas o fato era que, pela primeira vez em muito tempo, Elore sentia algo além da dor.
"Sério, Elore? Isso é ridículo. Você está corando por um vilão de um livro? Um vilão! Nem é um cara real! E mesmo que fosse, vamos ser honestos, você tem um histórico péssimo de escolha de parceiros. Esse aqui provavelmente tem um calabouço ou dois no porão e um plano maligno de dominação mundial em sua lista de afazeres. Se bem que, pelo menos ele parece saber o que quer, o que é mais do que eu posso dizer do Marcus."
Elore fechou o livro por um momento, pressionando-o contra o peito e respirando fundo. O que estava acontecendo com ela? Elore não sabia nem como começar a pensar naquilo.
"Ok, Elore, respira. Isso é só uma fase. Todo mundo tem uma paixão literária, certo? Não há nada de errado em se apaixonar por um vilão fictício... certo?
Quer dizer, talvez seja mais saudável do que voltar para aquele ex que te fez sentir como se estivesse sempre prestes a tropeçar em uma armadilha de urso emocional. Além disso, este vilão aqui... ele... tem aquele sorriso arrogante, humor sarcástico e ... Ok, vou parar por aqui. Já entendi."
Elore riu sozinha, sabendo que sua mente estava se aventurando em territórios perigosos. Ela precisava de uma pausa da realidade e, ironicamente, encontrou exatamente isso na fantasia de um mundo de perigos e decepções. A ironia não lhe escapava.
" ceus... isso é tão estranho. Pode ser até terapêutico, eu acho. Só vou precisar evitar mencionar isso nas futuras sessões de terapia, ou minha psicóloga pode começar a cobrar por minuto."
Elore se ajeitou no sofá, rindo suavemente de si mesma, e decidiu se entregar àquela fantasia por mais algumas horas. Afinal, o que de pior poderia acontecer?
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Saionara Alves de Melo
É uma história muito boa .muitas pessoas que estou lendo se identificaram com a personagem porque quem de nós não tá passando por uma situação triste que está sozinha de solidão e resolve encontrar um pouquinho de alegria no livro eu sou uma dessas kkk
2025-01-17
1
Juguito De Frutifastastico Uwi
Você não vai nos deixar pendurados, certo? Atualiza logo!🙏
2024-11-06
1